domingo, 16 de dezembro de 2012

Carta para ninguém


Oi! 
Tudo bem?
Desculpe a demora, mas ando desanimada...
Para escrever é necessário inspiração e ela fugiu por esses tempos...
Tem sido difícil encontrá-la por essas bandas.
Continuo comigo. Sempre. Boa companhia, eu sei.
Mas nem sempre me basto. È bom ser importante para o outro também.
E continuar comigo por mais muito tempo pode não ser assim tão legal...
O tempo é muito ligeiro. Pode ser que eu não consiga modificar este aspecto...
Envelhecer sozinha deve ser muito triste...
Continuo atrasada, sem lugar, sem assunto, sem aceitação.
Talvez por isso tenha preferido a mim mesma.
Difícil rir para agradar quando não se vê motivo para isto.
As pessoas vivem de aparências, fazem maquiagem para fingir alegrias, sucesso e dinheiro.
Mentira pura! No fundo dos olhos delas está escondido um rio de lágrimas e estas não são de felicidade...
Desfiz de muitas horas de trabalho. Tem sobrado um tempo livre. Só não tenho para quem dispensar, além de mim. Estranho, porque por muito tempo fui oprimida por uma carga horária excruciante, que me podava e me tirava do convívio, das festas e viagens e, agora, que  consegui me desvencilhar de algumas delas, não tenho mais com o quê me ocupar... Vai entender?
Tenho pensado muito também na fugacidade da vida. Principalmente nos planos e projetos que eu tenho em mente, mas só Deus mesmo é quem sabe se vão se concretizar... Decidi não me preocupar. Por hora.
Continuo amando. Um amor doido e desvalido, sem pretensão de acontecer. È complicado esperar sentimento do outro. Entender o que passa no pensamento de alguém é difícil, imagina então perscrutar o coração? Mas todo amor é lindo. E este, continua assim: lindo e indefinido!
Continuo esperando. A fé é meu combustível. Sem ela não valeria sair da cama todos os dias, nem gastar tempo e conhecimento tentando resolver a vida alheia.
Tentando sempre ser melhor. Muito ainda para aprimorar, mas de pouco a pouco, vou aprendendo.
A família vai bem- com pequenos problemas, desentendimentos leves e muita, muita risada, como toda família deve ser.
Aguardo notícias suas. Mande abraço para os seus!
Espero que a vida lhe seja leve.


Fechando etapas

Fechando etapas: todo final de ano é assim.
A gente fecha as contas, faz balanços, olha para trás com saudade, tristeza ou até alívio mesmo.
O que não muda é o sentimento de momento concluído.
Muitas propostas não consegui terminar. Outros projetos ainda estão em andamento.
Algumas metas, ainda guardadas na cabeça, sendo amadurecidas lentamente, quem sabe para o ano que vem? Outras se perderam no caminho. Mostraram-se confusas, sem muita lógica, ficaram no ar...
Ano pesado de trabalho árduo...
Vi crises que nunca esperei presenciar, partidas que não esperava assistir, reencontros que eu jurava não mais ter chances de acontecer.
Passeei, vi um mundo de beleza fria e não menos encantador que aqui.
Tanta gente, tantas cores, tantas línguas...
O mundo é tão grande e os problemas das pessoas tão maiores que as nossas mazelas mínimas!
Só Deus mesmo pode acudir essa imensidão.
Foi o ano que me enxerguei pequena. Diante dos desafios, da impotência perante aquilo que não pude modificar, do desejo do outro, dos impasses da vida, das escolhas nem sempre bem sucedidas que fiz.
Pequena na solidão infinita, nas lacunas imensas que a gente cria sem perceber...
Saldo sempre positivo, pois estar vivo é mesmo uma dádiva!
Fechando etapas e já listando os afazeres para o mês que vem- que já é também ano novo!
A rapidez de tudo é o que mais me espanta.

domingo, 21 de outubro de 2012

Aprendendo a jogar

Fim de semana professor.
Aprendizado maior em 2 dias que em tantas outras semanas do ano...
Pensei bastante, refleti muito e descobri: de que valem planos, projetos e certezas, se tudo pode mudar de uma hora para outra?
Acredito que seja realmente saudável sonhar, agendar e marcar compromissos, mas pautar a vida em datas e prazos não serve.
A fugacidade faz lembrar: de que adianta tanta fortuna se o dia de amanhã não chega?
De que vale juntar dinheiro, trabalhar feito maluco e se esquecer de quem faz a vida ter sentido e importância?
O que é certo? O que é errado? Certo e errado para quem? As escolhas que fazemos realmente são nossas? Agradamos a quem?
Repeti algumas perguntas para mim mesma e, juro, não sei ao certo ainda as respostas adequadas.
Lembrei quanto emotiva sou, como faz bem deixar o sentimento virar água e como a impotência de assistir a vida seguir o curso sem poder interferir dói.
A gente pensa que pode dar conta de tudo. Ou quase tudo.
Na verdade, de nada. Apenas somos peças minúsculas de um tabuleiro.
A vida é um grande jogo. Ainda aprendendo a jogar.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

"De médico e louco, todo mundo tem um pouco"

"De médico e louco, todo mundo tem um pouco".
Frase antiga, que permeia o cotidiano, mas acredito, que no contexto atual mereça reformulações.
Sim, todo mundo sabe uma "receitinha tiro e queda", um remedinho que resolve todos os problemas,(o moço do balcão da farmácia que o diga!), descobre o diagnóstico antes mesmo da consulta, sabe qual é o melhor exame, qual funciona melhor ...
Sim, médicos natos!
E loucos?
Loucos são os que escolhem ser médicos!
Sim, loucura, que - pelo significado da palavra- foge da razão, está distante da lucidez.
Loucura de trocar dias por noites e mesmo assim ficar feliz quando consegue resolver ou tratar o problema grave de alguém.
Insensatez de estudar, estudar e estudar sem parar, em busca da novidade, da atualização constante que esta ciência-arte nos obriga o tempo todo.
Falta de lucidez em trabalhar em fins de semana e feriados, recebendo a paga desproporcional que os governantes e a saúde do país nos oferece.
A gente participa da vida alheia, faz parte da família de tanta gente, recebe consideração e respeito de quem jamais recebeu consideração e respeito de alguém.
Trabalha, estuda, trata, consola, conforta, brinca e chora e corre de um lugar para outro, falta compromissos por causa dos plantões, perde noites de sono e mesmo assim ama tudo isso do início ao fim.
A gente não consegue se desvencilhar da medicina.
Na padaria, no supermercado, na praia, na festa, em casa, ela está lá, do lado, na espreita, ciumenta, tomando conta da nossa vida.
Como explicar? Não sei. Acho que é loucura mesmo, como diz o dicionário: alienação mental, sandice, doidice...
Mas dizem que só os loucos é que são felizes.
È bem por aí...


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Na loja de brinquedos

Entrei hoje na loja de brinquedos- lotada por sinal- para comprar um presentinho pro meu sobrinho-afilhado. Qual não foi minha surpresa: vários brinquedos e jogos que fizeram parte da minha infância estavam todos lá, de volta ás prateleiras!
Foi um reencontro com a infância!
Vi o pula-pirata, o pula-macaco, o pinote, os jogos da adolescência, os kits de cozinha...
Vi o mini-liquidificador que minha irmã tinha, que - olha só o perigo- cortava os pedaços de fruta de verdade!!!
Encantei-me de novo com as Barbies- que eram mais bonitas e mais bem acabadas na quela época!
Senti aquele cheiro de boneca nova, saindo do plástico, da caixa...
Flagrei-me reparando nos modelitos e escolhendo a de melhor cabelo e de mais acessórios, como era feito antes!
Os kits de maquiagem infantil que saíam com água - e que eu adorava!
Fora os quebra-cabeças que me entretiam por horas...
Achei tudo uma caristia só!
Ainda bem que naquela época a gente nem olhava pro preço... Não fazia parte do brinquedo.
Só contava o sonho e o desejo de brincar: nada mais!
Mas se a gente pudesse voltar no tempo só para experimentar um pouquinho dessa sensação gostosa seria a glória!
Como era bom o tempo de preocupações zero e atividades lúdicas 100%!
Ando meio mexida com este dia das crianças... Não sei o por quê.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Fritando neurônios.

Fritando os neurônios para entender tanta coisa maluca...
Tentando uma explicação lógica para as fases, as frases
e tantas outras aparições e atormentações.
Buscando uma fórmula de fácil compreensão. Mas ela não vem.
Parece que quanto mais a gente cresce, mais difícil é entender.
Era mais fácil na infância!
O tempo corria tão devagar! Era tudo tão mais leve!
Eu entendia nada  e a vida era muito mais clara.
Hoje, continuo entendendo nada, com a sensação que deveria ter sabido muito mais!
Saudade dos dias de folga, das brincadeiras diárias, do banho demorado, da falta de horários...
Agora é tanto trabalho e nenhuma graça perto do que já se foi...
Sinto falta da delicadeza da infância que o tempo levou, que crescer sufocou e que não mais me acompanha...
Tentando entender onde ficou perdida tanta vida que eu carregava comigo e agora não seu mais onde anda.
Queria as resposta prontas - que antes eu mesma inventava- para tudo que não sabia!
Ah, como eu queria!
Fritando os neurônios para obedecer os prazos, para somar os números, para fechar as contas, para arrumar as malas, para acender as velas e deixar algumas interrogações para trás...
Tentando entender qual a lógica ilógica de tudo, onde o sonho é mudo, onde o que é bom se torna ruim, onde qualidade vira defeito e ser bom é mau.
Tentando ficar acordada, mas o cansaço e o sono me vencem facilmente.
Apenas nisso a infância retorna...

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Honestamente

Honestamente?
Não acredito que eu seja assim tão importante a ponto de o mundo todo conspirar contra ou a favor de algo que se relacione comigo...
Tanta coisa mais importante neste mundo, tanta gente morrendo, nascendo, crises financeiras, guerras, movimentos de massa, e eu aqui, pobre mortal, sem eira nem beira, não tenho o poder de atrair as alterações todas para mim.
Também não creio que tenha assim tanta relevância a ponto de modificar o trajeto de vida de alguém, de mudar uma vontade alheia, de interferir no caminho de um qualquer, no desejo de sair ou ficar, entrar ou permanecer em qualquer recinto, seja ele real ou virtual. Não, eu não sou assim tão especial... Não estou com essa bola toda.
Entretanto, gostaria de algumas respostinhas: tantas coisas que o resto da humanidade consegue assim, de forma tão tranquila como respirar, ficam embargadas quando a pessoa em questão sou eu;
o mundo inteiro se resolve, casa, descasa, namora, desnamora, cria filhos, faz e desfaz famílias e eu continuo aqui, na mesma inércia de sempre; os planetas mudam no céu e eu não mudo em nada; o mesmos protocolos emperrados, as viagens que não saem dos planos e dos emails, a casa que nunca fica pronta, a reforma que nunca termina...
Se tem alguma conjunção lunar ou solar que explique a trava, favor desenhar a explicação, por gentileza.
Não tô valendo tanta cerimõnia; as coisas para mim, podem ser mais fáceis, como é para um tantão de gente por aí, que talvez, nem seja assim  tão gente fina que nem eu.
Não é por falta de oração nem de fé. Talvez esteja pedindo errado, a bem da verdade.
Mas também poderia vir um avisinho divino mostrando o erro, em caneta fluorescente, para facilitar ao menos os pedidos de agora em diante.
Quero um acertinho!
Honestamente, muita coisa entravada ao mesmo tempo para uma pessoa só!
Justiça seja feita: vamos dividir a angústia dos entraves com um resto de gente por aí que consegue muito nesta vida sem sequer se despentear...
Não sou assim tão importante para concentrar tanta atenção. Anonimato, por favor!

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A Volta

Afasto-me e retorno. Arrisco uma aproximação e me esquivo.
Considero um recomeço e desisto. Tento a distância e fraquejo.
Volto porque a necessidade grita, a alma implora, a vontade de dividir é enorme e eu preciso desta partilha.
Volto porque o tempo passa ligeiro, as novidades são poucas, os desejos são grandes e a vida, esta grande brincalhona, nem sempre faz com que as charadas sejam facilmente decifráveis...
Retorno porque estou dividida entre guardar ou expôr.
Dúvidas se falo ou calo, se escrevo ou se penso e deixo tudo mesmo só no plano do pensamento.
Volto porque descubro que não sou assim tão decidida como pensava, que inúmeras possibilidades de fuga me seduzem e percebo como posso ser volúvel, volátil.
Humanamente infeliz, cheia de desânimos oscilantes, repleta de alegrias mentirosas, tentando manter a classe e a pose.
Mas eu sei que a volta é a resposta: significa que ainda não posso seguir, que existe um obstáculo a minha frente, que faltam forças para o salto, falta coragem para a fuga e sobra um tanto de saudade, que sim, é capaz de nos trazer de volta de qualquer lugar.
Retorno porque preciso de conforto, mesmo que seja transitório,
mesmo que seja dado por falsas esperanças,
mesmo que seja feito por meia dúzias de palavras que eu permito que saiam de dentro do peito...
Que seja trabalho novamente feito por mim, para mim, sem precedentes.

domingo, 17 de junho de 2012

Foi ontem


Desisti oficialmente de tentar entender este mundo maluco. Foi ontem.
Compreendi que minha astúcia não acompanha a velocidade das mudanças, 
minhas energias não seguem a rapidez dos relacionamentos, 
minha educação não combina com a  falta de bom senso,
nem meus sentimentos são tão descartáveis e superficiais quanto o que se experimenta por aí.
Acho que não faço parte do século. Fui esquecida aqui.
Não é preconceito, nem qualquer coisa do gênero.
È inadequação mesmo.
Estou inadequada a esta cultura de sensações, a este pensamento de se divertir e ser feliz a qualquer custo.
Quero a delicadeza do encontro, a sutileza dos abraços, a certeza de que, sim, existe alguém bom, interessado no algo mais que está dentro de outro alguém.
Muitos enfeites, pouco pano, muito brilho e pouco contexto. 
Esta é a verdade: muita produção para maquiar a falta de valores, de metas, de planos e sonhos.
Muito brilho para disfarçar a falta de frescor na vida.
Desisti de entender as pessoas, de compreender os planos Divinos, por que, honestamente, tudo anda muito confuso... Resignei-me a minha inignificância e vou ficar quietinha, na espreita, só nós duas: eu e ela.
Ontem percebi que estou no lugar errado, na hora errada, no momento errado.Nada certo. 
Isso justifica uma sucessão de fatos desagradáveis que andam se apresentando a mim.
Não tem como dar certo o que sempre segue errado...
E o conserto? Só Deus, só Deus!
Como não dá para me mudar de mundo, vou tentando subsistir, comunicando oficialmente minha desistência  na participação dos lucros disso tudo.


sexta-feira, 20 de abril de 2012

20/04/12

Bom é ver que a gente cresceu.
Como num espelho retrovisor, 
enxergando a paisagem ficando cada vez mais distante, 
mas vislumbrando o caminho e reconhecendo cada parte do trajeto.
Bom perceber que se amadureceu.
Muitas vezes com lágrimas, outras com teimosia.
Mas a gente sempre aprende.
Aprende a deixar partir, a se recolher, a resguardar ou até mesmo aparecer.
Entende que o que ficou errado lá atrás pode ser o certo de agora.
E que por mais que se tente compreender os fatos, 
há um momento em que a razão não existe, porque a emoção nos cega.
E a cegueira priva, mas também protege.
E existe um tempo certo de se aprender a enxergar.
Olhar o mundo com mais calma, perceber as pessoas com mais paciência.
È difícil subir os degraus, mas é satisfatório ver lá de cima a distância percorrida.
Difícil também é esquecer os tombos.
Dói limpar os joelhos ralados e dói lembrar da queda outra vez.
Mas a gente sempre se levanta.
Porque maior que o cansaço é a vontade de cruzar a ponte
e percorrer o caminho, mais uma vez, da escola da vida.
Maior é  a vontade de fazer diferente, 
de experimentar sensações novas ou repetir aquelas de que tanto se gosta.
Maior do que a queda é o que se aprende dela:  pular os obstáculos, deviar dos buracos,
enxergar adiante e se preparar para o salto.

sábado, 31 de março de 2012

Medos

Tem gente que tem medo de escuro. Há pessoas que tem medo de altura.
Outras, de multidão, de animais, de mortos, de assombrações, de almas penadas, de insetos, de palhaços, 
enfim: de uma infinidade de situações e objetos, que racionalmente, não se consegue explicar, nem entender.
Também tenho minhas fobias.
Já passei por muito constrangimento por elas, e ainda convivo com essa fraqueza hoje em dia, 
embora de forma menos agressiva e angustiante como antes.
E por mais que se queira ser livre do medo, a expulsão não depende apenas de nossa vontade.
Vai muito além do nosso querer ou poder.
Mas o que me preocupa ultimamente não são os medos que me acompanham desde criança.
São aqueles que adquiri depois de crescida.
Medos que desenvolvo um pouquinho todo dia, quando vou assistindo e reunindo na memória uma porção de fatos que me apavoram e me tiram  sono.
Ando com medo de gente.
Medo de pessoas que matam irmãos e pais, enforcam companheiros- ditos amores de uma vida inteira!
Medo de gente que mata para roubar um tênis, um celular, que banaliza e torna objeto o outro, como se ele não fosse mais pessoa, como se não fosse mais sujeito. Apenas uma coisa sem valor.
Medo de gente que jura amor eterno e mente, descaradamente, como se fosse natural enganar alguém.
Medo de quem estipula preço para si e para os outros, que se vende, que se transforma em mercadoria.
Medo de quem acredita que o vício salva; medo de quem se acovarda diante das dificuldades e se ampara no crime. 
Medo de quem não mata, mas assiste á morte alheia sem agir.
Medo de quem acha que roubar é esperteza, que levar vantagem é virtude e que ser honesto é perda de tempo.
Medo de quem acha que filho é acidente, carga, peso, fardo...
Medo de quem mente por prazer, de quem destrói sonhos e vidas, apenas por não fazer o que é correto.
Medo de quem bebe e dirige, de quem se acha melhor que o outro por ter mais dinheiro ou que tem mais valor por ter mais estudo...
Tenho medo de gente comum, que se esconde em facetas perfeitas, que juramos ser verdadeiras, e não são.
Tenho medo do engano e de ser vítima dele.
Mas tenho tentado vencer o medo, toda vez que acredito que todos são essencialmente bons e dou uma chance para a bondade se manifestar.
Nem sempre dá certo. Mas preciso do enfrentamento. È necessário.
Aprender a controlar  a apreensão e a desconfiança em relação ao outro é uma lição diária.
E não deixa de ser uma tentativa de vencer o medo.

domingo, 25 de março de 2012

A vida é uma fanfarrona!

A vida é uma fanfarrona!
Gosta de ironia, de brincadeiras.
Faz com que nos questionemos sobre fatos, pessoas e acontecimentos,
que curiosamente, se apresentam como coincidências.
Mas será que, de fato, são?
Será que  o que tentamos evitar a qualquer custo e, que de repente, cai do céu na nossa frente, é acaso?
Será que o destino prega peças?
Será que somos peões de um tabuleiro de um jogo que já se sabe o final?
E o que dizer então das reações inesperadas que temos?
Quando achamos que agiríamos de um jeito e, subitamente, outra resposta aparece, contradizendo todo o pensamento anterior e nos surpreendendo...
Ainda me surpreendo comigo mesma e mais ainda com as outras pessoas!
Deparo-me com encontros e desencontros dignos de roteiros de filmes e novelas.
Parace até gozação!
Mas ainda acredito que , mais adiante, se possa compreender melhor este jogo de idas e vindas, 
coincidências e acasos.
È o que me faz seguir tentando decifrar os mistérios de cada dia...

domingo, 11 de março de 2012

Déjà vu

Descobri que nem tudo adormece, nem tudo se dissipa.
Num simples instante, o que parecia encerrado, mostra de novo sinais de vida.
Discreto, mas presente. Como antes, mas diferente. 
Guardando algo do momento que existiu e que passou.
Mas está vivo. Não sei explicar direito...
Estranha é a sensaçao de déjà vu, o frio na barriga que se repete- como sempre foi.
E então, perco a graça, perco o rebolado, fico sem jeito.
Não há mais espaço pra me acolher, já não caibo em qualquer lugar.
Tudo fica pequeno, sufocante. E eu, já não faço mais parte do contexto...Melhor ir embora.
E um turbilhão de lembranças e sentimentos que dormiam, simplesmente estão acordados novamente.
Na espreita, me vigiando, esperando minhas reações ou a falta delas.
Ainda não sei o motivo do despertar do esquecido, do enterrado, morto e sepultado.
Uma visão? Uma memória torta? Uma situação? Um lugar? Uma história?
Não sei.
Só sei que quando me dou conta estou revivendo mentalmente tudo de novo, 
o bom e o ruim, pensando em  acasos, explicações esdrúxulas e possibilidades vãs, nulas.
E então, me flagro velando o que já foi enterrado, cremado, sofrido, apagado, mesmo que momentaneamente.
Tentendo esquecer o que já foi esquecido, enxugando o que foi derramado, outra vez.
E eu não consigo entender o porquê do retorno...
Só sei que o que morreu está de volta.
Por mais que eu queira deixar para trás.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Vinde e Vede!

Ontem participei pela primeira vez do encontro católico da Renovação Carismática que acontece durante o carnaval. Fui o que eles chamam de "servos", num trabalho, digamos, voluntário-obrigatório, que me vi tendo que fazer. A experiência é interessante, mas acredito que sempre é bom observar bastante antes de tirar conclusões. E foi isso que fiz.
A Renovação carismática é um movimento da Igreja Católica que surgiu no EUA, na década de 80, que exalta Maria e tem momentos de adoração e louvores, a Deus, Jesus- seu Filho- e , principalmente, ao Espírito Santo.
Acho louvável o culto á Maria e á Trindade Santa, bem como toda tentativa de aproximação do Cristão de Deus, mas na verdade a renovação nada mais é que uma tática de manter os fiéis católicos, que estavam migrando para as religiões protestantes pentecostais.
Também não acho errado que a Igreja se preocupe em manter seus fiéis. Cada um tem sua tática, não é?
A forma dos louvores, adorações e orações são muito semelhantes. As pessoas parecem arrebatadas, incluídas numa dimensão á parte, absortas mesmo, nas palavras e canções.
Choram, oram e cantam, como se nada mais houvesse naquele momento.
Muito parecido também com os cultos pentecostais.
Existe mesmo um tratamento diferente entre os católicos "renovados" e os não "renovados".
Não sei bem explicar, mas parece uma espécie de cisão.
Bom, arcaica e tradicional que sou, continuo renovando minha fé na religião que professo, sem me atirar em outros movimentos que fogem do contexto de realidade.
Acredito na fé, mas creio também que obras são necessárias, e nada melhor do que agir, pondo em prática o que se aprende no dia a dia, no trato com as pessoas.
Não preciso dormir e acordar num templo pra ser santa, nem viver em função de uma Igreja pra ser salva.
Não preciso falar "em línguas", tampouco participar de grupos de oração para receber a salvação.
Preciso sim é respeitar o próximo, agir de forma justa e ofercer louvor a Deus de coração aberto e arrependido. È isto que Ele pede.
Porém observando ao longe, percebi ainda, que no momento que a Missa começa- parte tradicional da celebração Católica, que sofreu poucas influências da Renovação-  a educação e o respeito desaparecem.
São crianças e jovens andando e correndo para todos os lados, pessoas conversando, como se realmente estivessem num ambiente á parte, totalmente desarticulado com o local onde se celebra. Parecia uma feira livre...
Sem contar que  há pessoas que aproveitam o encontro para fins que não estão ligados ao propósito da congregação... Jovens em busca de paqueras, pessoas fazendo uso de bebidas alcoólicas, uso de roupas inadequadas e falta de bons modos.
Sei que em qualquer lugar poderiam surgir pessoas assim, e por ser um encontro religioso não quer dizer que seja exceção. Poderia, mas não é.
Entretanto, me assustei ao perceber condutas tão diferentes em alguns momentos.
A pregação, a adoração  e os momentos chamados de unção atraem  as pessoas, mas a missa, celebração importante que é responsável pela Eucaristia sendo tratada de forma insignificante.
Continuo professando minha fé católica, ponho-me á disposição na comunidade em que frequento para ser útil na medida do possível, mas sei que a fé cega, que acredita em milagres, que testa o poder de Deus a qualquer hora é vã.
Acho importante o culto á Maria e a propagação dele deve ser mantido.
Só não acredito que haja formas diferentes de fé. Acredita-se ou não.
Não é um movimento, uma religião diferente, um padre novo, um jeito diverso de celebrar, cantar, orar que fará com que a fé seja nova ou que se encontre um Deus novo.
Ele é o mesmo, sempre. Seja qual for a escolha. E merece o respeito, sendo celebrado de forma Renovada ou não.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Todo ano

Todo início de ano é igual: fazemos planos, listamos mudanças, nos propomos melhorias na aparênica, no trabalho, em casa, enfim, começamos com o intuito de revolucionar a vida.
Janeiro vem meio moroso, como quem começa já cansado do fim do ano passado.
E aí, percebemos que instaurar as mudanças nesta época é um pouco difícil.
Tem férias, horário de verão, calor, programação estendida...
Tudo contra a inauguração da lista de ano novo!
Então, espera-se fevereiro, que chega já em ritmo de festa. 
O carnaval abole uma semana inteira do calendário de um mês com menos de 30 dias!
Mais alteração de horário, programações de verão e festejos.
Melhor esperar por março.
Então, dá-se conta de que 3 meses já transcorreram e nada da tal mudança se concretizar.
Até porque, a manutenção da lerdeza torna difícil a escapadela da condição, mesmo com muito esforço...
E assim vamos seguindo, abril, maio, junho. 
Muita gente não se dá conta que os meses voam, mas a lista continua lá, intocada.
Para que os outros 6 meses passem, basta piscar os olhos! E pronto: fim de outro ano novamente.
Quem não ficar esperto desta vez pode ficar com os planos embrulhados e as mudanças engavetadas.
Correndo contra o relógio e vendo os dias passar como cometas: assim estamos nós neste  2012...

Quem pode entender?

Eu tenho medo deste marasmo imenso que de repente se instala na vida da gente.
Sempre acho que precede a catástrofe.
Pode ser invenção da minha mente novelesca, 
ou pensamento gerado pela minha vontade  avassaladora de ficar só comigo ultimamente...
(é, ando detestando gente...)
Fase antissocial demorada, que se recusa a passar.
Talvez por isso, encimesmada em mim, fique imaginando que essa sensação vazia,
de nada que acontece, de falta de vento e notícias antecipe a desgraça.
Tomara que seja apenas idéia besta, dessas que insiste em vir á tona na cabeça.
Até porque, meu medo existe e me deixa ansiosa, á espreita do que ainda pode surgir...
Acho mesmo que não estou acostumada a não viver grandes problemas.
Por isso, quando a mansidão aparece, fico imaginando coisas, pensando que tem algo de errado no ar...
Se a carga nos ombros é pesada, fica a sensação de carregar cangalha mesmo quando as costas estão vazias.
È assim: assombração de problemas dia e noite.
E sigo eu, atormentada quando tudo está bem e quando não.
Quem pode entender?

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Hipocrisia



O dicionário diz que a palavra hipocrisia significa manifestação de fingidas virtudes, sentimentos bons, devoção. Na verdade, que dizer mesmo fingimento, falsidade.
Acredito que não há nada no mundo que me cause mais desconforto, mesmo convivendo com essa palavrinha diariamente e passando por situações em que frequentemente ela se manifesta das formas mais inusitadas possíveis.
Realmente, ainda não me acostumei. A hipocrisia ainda não é minha amiga.
È minha vizinha, porque cada vez que encontro com um cidadão que mora no mesmo prédio que eu, num apartamento semelhante ao meu, divide comigo o elevador, bem como as áreas de circulação comum e, se nega a responder um simples "bom dia" ou finge que não viu ou ouviu a interpelação, no mínimo está sendo hipócrita. Não comigo; Comigo, ele está sendo mal educado. A apresentação de hipocrisia que eu assisto é dele para com ele mesmo. Tá fingindo pra quem?
A hipocrisia é colega. Sabe como? Outro exemplo comum: aquele amigo que fica meses sem ligar, nem dá sinal de vida, mas que ao reecontrá-lo, na frente de outras pesoas, finge saudade, abre os braços num âgulo obtuso de satisfação e prazer. Sim; ele está sendo hipócrita. Fingiu sentimentos bons! Se a saudade fosse realmente assim enorme, ele teria ligado ou lhe procurado antes, não é mesmo?
Mais um? A hipocrisia masculina: diminui  a figura feminina ao menosprezar relacionamentos sérios, casamento, fidelidade e filhos e depois, já com as escovas de dentes dividindo o mesmo espaço, diz que não saberia viver sem a "Fulana", que não se imagina sozinho na vida e que está muito feliz com a chegada dos filhos. E nem acho que seja mentira essa felicidade. Mas a primeira parte da história é totalmente fake. Por que não aceitar, desde o começo, que queria sim estar casado e que sonhava sempre em ser pai? Pura hipocrisia!
 A hipocrisia trabalha com a gente: naquele colega de serviço que finge satisfação ao ter que levar trabalho pra casa ou ter o fim de semana de folga interrompido por causa do chefe e mesmo assim pintar cara de felicidade.
A hipocrisia existe no elogio falso, nas palavras disfarçadas, nos risinhos amarelos.
A hipocrisia é vilã. Ela colore as máscaras que fazem as realidades se transformarem em mentiras absolutas.
A hipocrisia é cupim: destrói por dentro a mais nobre madeira e a transforma em pó, tronco oco e sem função.
A hipocrisia é um veneno, colocado todo dia, em doses pequenas no café de alguém. Intoxica, impregna, corrompe, vicia sem perceber.
Eu sei que não temos muita intimidade e  não faço questão alguma de aproximação. Não, não!
Mas tenho muito medo da contaminação. Ah, se tenho!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Ai que calor!

Gosto do verão. Ou gostava. Ainda não sei.
Este calor anda me tostando os miolos!
Sei que gosto mais mesmo é da primavera.Nem tão quente, nem tão frio.
O outono é bem vindo, mas o inverno me aborrece um pouco...
Entretanto, tenho me questionado se este calor de hoje é mesmo normal...
E da profundidade do meu entendimento de verão e calor (provenientes do norte do Estado, onde à sombra 35ºC é o habitual  de quase o ano inteiro), percebo que a sensação de calor é absurdamente maior do que aquela que minha lembrança de infância consegue resgatar...
Pode ser que os banhos de mangueira nos fundos do quintal, 
as brincadeiras com água tenham camuflado a verdadeira faceta do verão- que lá é indiscutivelmente muito quente.
Só sei que me recordo de não sofrer tanto com o calor como agora...
Os passeios de bicicleta,  as brincadeiras ao ar livre, mesmo sob o sol, pareciam mais leves, menos suadas... 
Talvez isso explique a simpatia que tinha com esta estação do ano.
Eram dias de brincadeiras frescas, de banhos demorados, de frutas e sucos, 
de picolés e sorvetes, de férias e descanso.
Agora, que as férias entraram em recesso, que as frutas não ficam mais no quintal, 
que o supermercado fica a anos-luz de calor da minha casa, que o sorvete e o picolé já não estão mais no congelador á disposição como antes, o verão tenha se mostrado como ele é: cruel e pegajoso!
Tinha muito mais encanto naquela época...
Ai que calor!


sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Desabafo

Ando chateada.
Mais comigo que com o resto do mundo, 
mas acredito que sobre culpa para todos, neste momento.
Acho que julgo mal. Acredito muito, espero mais ainda e recebo só migalhas.
Pedaços tão pequenos que nem sequer existem de verdade.
Procuro, faço-me presente, mas sempre estou sobrando...
E minha chateação é só minha.
Nem faço questão de dividir. O que conto aqui é apenas desabafo...
Chateada por ser enganada: do encanador que veio ver a privada e não resolveu o defeito até a promessa não cumprida de um governante num dia desses qualquer.
Enganada por quem jura amizade e se escafede como um estranho, 
por quem promete um amor que acaba por telefone, 
por quem promete um emprego de salário de fome,
por quem exige bom atendimento e deixa a educação em casa.
Chateações sem propósito. Nem sei por qual motivo deveriam existir.
Chateada com as falsas conversas, com os comportamentos dissimulados,
com os de caráter montado, com os preços das pessoas... Sim, elas têm um.
Enganada pela previsão do tempo, pela garantia do aparelho,
pelo convite que nunca será feito, pela presença anunciada que não aparece.
Chateada. Sem  vontade até de terminar isto aqui.


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Espero

Eu espero.
Já estive mais ansiosa, outrora, mas acredito que o tempo também ensina a esperar.
Mais conformada agora. Quase resignada. Ando resiliente.
Tenho aprendido que meus desejos não movem a vida. Impulsionam o movimento, é bem verdade.
Mas sozinhos não conseguem mudar os destinos.
Por isso me detive a observar e agir quando for preciso.
Eu espero. 
Aguardo mais atenção, mais disposição, mais vibração, mais alegria.
Espero mais música, mais descontração, mais tolerância a cada dia.
Sei que tenho desanimado frente a certa rotina que me escraviza,
mas espero, confiante, na mudança que se aproxima. 
E virá. Em breve. 
Sento e aguardo as cenas do próximo capitulo. Como expectador que só saberá o desfecho no dia seguinte. Estou assim.
Esperançosa pelo movimento. Ansiosa pela novidade. 
A água parada me incomoda, mas preciso esperar o movimento da maré.
Espero a minha revolução, que vem de forma súbita.
Espero a minha fase de reclusão passar, pois ainda vivo o estágio do desencanto.
Espero, em breve, voltar a ter ilusões. Sim, se vive delas! Fazem a vida mais bela e leve.
Tem que ter apenas o cuidado de não cair das nuvens. E só.
Espero.
Eu aprendi a esperar. 
Com menos sofrimento, com mais argumento, mais inteira, menos perdida.
Espero a preguiça passar, aguardo a falta de metas sumir para  voltar.
Espero pelas desaparecidas companhias, as viagens não concretizadas e os planos expirarem.
Ando a esperar.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A partir de uma conversa

È inútil pensar que pode-se consertar o mundo.
Os cacos estão aí espalhados faz tempo e, de tão miúdos, já não se fazem enxergar...
È ilusão pensar que resolveremos todos os problemas que surgem... Nem os nossos, nem os dos outros!
Ainda mais se eles fazem parte de uma sucessão de acontecimentos que a história de vida de alguém criou...
Não precisa se sentir culpado por não querer, tampouco por não aceitar o que a vida lhe oferta.
Nem sempre amamos o belo, nem escolhemos o mais inteligente ou lucrativo.
Não gostar do fracasso ou do fracassado não torna alguém um algoz.
Não querer o diferente não torna alguém discriminatório...
Não é preciso se sentir mal por não poder oferecer amor e sim amizade. Pior é oferecer nada.
Nem não aceitar o amor do outro quando este se torna insuficiente pra si mesmo.
Piedade não é amor. Comodismo não é segurança. Aceitar nem sempre é gostar. E gostar é, muitas vezes, deixar ir.
Seguir o próprio destino pode ser desfazer laços, soltar amarras.
Não dá pra desfazer nós que não criamos, nem consertar traumas de uma vida inteira que brotaram não se sabe como...
A partir de uma conversa, assim, sem grandes pretensões, percebi que nos encarregamos de funções que não nos cabem, nos outorgamos importâncias que não temos e tememos as reações do outro, que não nos pertence.
È sempre difícil fazer escolhas. Principalmente se elas modificam por completo os caminhos seguintes.

O jogo

Acho que comecei a entender o jogo.
Demorei a perceber a lógica. Natural: ainda sempre espero o melhor dos outros...
Mas a ordem é sempre o próprio umbigo. Sempre.
E as prioridades são sempre as que se relacionem á própria órbita ou ao sistema solar particular.
Não há porque se preocupar com o outro; alguém, em algum momento, vai fazer isso. Ou não.
Não é necessário apreensão. Tem sempre alguém que fará o que alguém se nega a fazer.
E não adianta esperar reciprocidade. Ela não vem.
Nem de carro, nem de trem, nem de jegue ou camelo. A reciprocidade não existe.
As palavras são promessas não cumpridas. São enfeites que o tempo desgasta, desbota.
Depois de algum tempo elas se esfacelam e somem.
Não adiantar esperar pelo outro. Não precisa aguardar por uma pessoa.
Ela não vem. Ela não chega. Ela não virá. Ela nunca chegará.
Porque estará ocupada com seus afazeres, seus projetos e seus planos exclusivos, 
que não suportam mais ninguém.
Faltou espaço na agenda. Faltou lugar no mundo.
È assim a regra do jogo. È assim que banda toca.
Demorei a identificar a música; custei a reconhecer o som.
Aprendi. Sou surda. E agora, estou muda. 
E estou aprendendo também a viver no meu único e egoístico universo.



quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O filho do meio


O filho do meio é uma lacuna.
È o intervalo entre o primogênito e o caçula que nunca será completamente preenchido...
O filho do meio começa como uma gestação cujo mistério já foi desvendado; as surpresas já são conhecidas. E se elas, porventura existirem, não serão assim tão boas...
Ele aparece pela pressa de aumentar a prole ou pelo descuido em se evitá-la, na maioria das vezes, e, talvez isso, justifique a dificuldade que encontra em buscar seu espaço. Sempre muito limitado.
O filho do meio não carrega as expectativas do mais velho, tampouco a doçura da menor idade do mais novo.
Não é grande o suficiente nem pequeno o suficiente. Está sempre alí, no meio do caminho.
Segue na imitação do maior e na fuga do menor, sem conseguir com sucesso nenhuma das façanhas...
Tenta ser mais esperto que um, mais inteligente que o outro, mais belo que os outros dois, 
mais rebelde que a família inteira. De alguma forma ele precisa sobressair! 
Passar a vida inteira espremido entre as possibilidades que não se tem e a pessoa que não se é, é muito cruel...
Para ele são, muitas vezes, sobras: da atenção que não foi usada pelo mais velho e que sobrou do mais novo; a roupa que ficou pequena no irmão maior e ficou grande no irmão menor; o brinquedo que ninguém quis: infantil demais pro mais velho e desenvolto demais pro mais novo; A comida que ninguém gostou; O sapato que coube em ninguém; a festa que ninguém quis.
Ele perde do mais velho no jogo, nas brigas e não pode ganhar do mais novo, porque alguém vai achar ruim...
Sempre acaba dividindo o quarto com alguém: com o irmão maior ou menor. Não tem jeito!
Leva, inadvertidamente, a culpa de várias coisas que não cometeu: vítima da esperteza do mais velho, que escapole  magistralmente e refém  da incapacidade de deixar o irmão caçula respoder por algo que não cometeu ou fez sem querer querendo...
Ele ainda cuida do irmão mais novo, porque o mais velho não está nem um pouco a fim dessa função.
A escola é a que os outros irmãos estudam; sem chance de escolha.
Os amigos acabam sendo os amigos dos irmãos, na maioria das vezes. Cadê o espaço para ter os próprios? Não cabe.
Consegue-se um pouco mais de individualidade fora de casa, na escola, ou qualquer outro lugar onde possa assumir seus gostos e preferências, sem restrições, julgamentos e intervenções. Mas mesmo assim, não se consegue muito êxito nesta dupla jornada: dentro de casa de um jeito, fora de casa, de outro.
Precisa ser tão inteligente e esforçado quanto o mais velho e garantir que o mais novo não o desbancará nesta tarefa. Difícil... Mas o pior mesmo é suportar as comparações...
Precisa desenvolver habilidades de elo de ligação, ponto de equilíbrio, algo morno que acalme os ânimos, sem ocupar a cadeira de chato!
Acaba ainda assumindo afinidade ímpar com os irmãos e o resto da família, acredito que numa forma desvairada de ser aceito. Sumete-se aos desmandos de um, aos ataques do outro, aos pedidos chorosos de mais alguém e assim vai. Seguindo sempre a vivência da vida alheia, participando ativamente e  resolvendo  problemas  que não lhe pertencem. Vivendo a culpa de não ser o que queria ser, tampouco aquilo que gostariam que ele fosse...
Solução? Não sei se existe para o pobre filho do meio... Condenado a viver amassado.Terapia? Livros de auto-ajuda?Talvez se os pais tivessem apenas dois filhos, eximindo de vez o espaço virtual que realmente nunca existiu e que por isso, cabe ninguém.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Novidade


Sabe quando existe um pressentimento, 
sensação estranha de que algo inusitado vai acontecer a qualquer momento?
Estou assim. Não sei o motivo, tampouco sei do acontecimento.
Mas tem alguma coisa surgindo e virá até mim. Certeza!
Não sei se trabalho, não sei se é dinheiro, amizade ou alguém surpreendente.
Não sei se acredito, finjo não ver a luz que pisca-pisca na minha cabeça.
Assim: inesperadamente, como um aviso.
È algo bom, surpreendente. Sensação boa de coisa nova. 
Desafio, novidade, superação.
Ainda descobrindo a própria sensação- que me gera ansiedade- confesso!
Mas gostei da intuição.
Gostei mesmo.
Agurado em breve a minha novidade.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Se rolar, rolou!


Pronto! È assim que acontece: sem data certa, sem determinação astrológica,
sem consentimento, sem conjecturas; suplanta a razão, não obedece regras,
não está submetido a aprovações ou exclusões.
Simplesmente, quando menos se espera, acontece.
È um jeito diferente de um olhar, uma voz que soa incomum, que tráz á tona lembranças de não sei onde, que registra momentos de não sei quem, mas que marcam o instante de forma única e particular.
Alguém solto na multidão ou escondido em algum ponto do mundo; amigos comuns, desconhecidos convictos.
Gente que a vida já apresentou, mas que caprichosamente foi deixada, pelo destino, em alguma curva, em algum atalho, para ressurgir bem lá na frente, em outro ponto da estrada, em outro momento da caminhada.
Gente que nunca se viu, mas que, de repente, parece fazer parte da nossa história desde sempre.
Acasos, desencontros, encontros infelizes, programas não programados: são nas situações mais improváveis que se descobre o coração batendo mais forte, um interesse súbito por quem, até anteontem, não fazia parte da paisagem, ou estava metamorfoseado, camuflado, despercebido na decoração.
Não adianta tentar avançar a largada, precpitar o encontro, encaminhar casais, porque, no fim, o encontro de verdade é casual.
Como é casual a movimentação dos ventos, o entrelaçar de amizades, o caminhar da vida.
Não é necessário forçar sentimentos, ajeitar compromissos, porque a hora é desconhecida.
Quado o momento chegar é assim que acontece.
Por mais que se conheça alguém legal que mereça a companhia de outro alguém legal,  é melhor deixar a cargo do destino, do cupido, das idas e vindas da vida, cheia de encontros e desencontros casuais.
Não há fórmula, nem receita de bolo. È só deixar a escrita certa por linhas tortas tomar conta do livro e tecer o enredo cabido a cada um. E se rolar, òtimo! Rolou!

Quem pode saber?

Acredito piamente na boa intenção das pessoas.
Admito que sou meio desconfiada , mas mesmo na desconfiança, 
ainda creio no poder de recuperação e regeneração que o ser humano possui.
Ninguém é só mau ou apenas bom.
Todos nós somos compostos por porções: algumas quase boas, outras totalmente ruins; ás vezes, porções cheias de altruísmo e caridade; ou então, repletas de maldade e perdição.
O que faz a diferença é onde  e como cada porção se manifesta e age.
Muitas vezes, as condições que vão se apresentando vida afora fazem com que somente o que existe de ruim apareça. Ou então, a oportunidade de ser mau não surja. Por que não?
Uma sucessão de fatos e acontecimentos que resultem num predomínio de porções boas ou más, apenas.
O que não significa determinar se o indivíduo é do bem ou do mal.
Nascemos para o bem, mas nem sempre sabemos identificar o que isto representa.
Acredito que quem já se perdeu pela vida mereça sim uma oportunidade de recuperação.
Ninguém deve ser castigado e condenado com a rotulação de MAU ou BOM pelo resto da vida.
Somos sempre a combinação destas duas partes.
E mesmo quem errou muito pode querer, num belo dia, não mais querer errar.
E quem sempre fez o certo, deseje, lá no fundo, escapulir da retidão e satisfazer sua maldade oculta.
Quem pode saber o que se passa no coração do outro?


terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Àrvore da vida



Ontem assisti a um filme de uma delicadeza ímpar. Chama-se "Àrvore do amor".
A história se passava na China antiga, e tinha como cenário a época da revolução, em que muitos jovens chineses eram enviados aos campos, numa espécie de "reeducação", como era dito por eles.
O tema principal era o amor de um jovem casal, mesmo diante das inúmeras dificuldades pertinentes ao momento político local.
Filme triste, mas com um cenário encantador, enaltecendo as belezas naturais da região e, acima de tudo, levando á reflexão sobre o que seria o amor de verdade.
Não. Não falo do amor vendido nos filmes americanos, nem nas novelas nacionais.
Não falo do sentimento camaleônico que se vê hoje em dia, que troca de companhia, de idéias, de sentimentos a cada adversidade, ou simplesmente por ímpeto de mudança.
Falo do amor, no sentido mais honesto e puro que há.
Aquele sentimento que existe sem querer algo em troca; que está ao lado do outro mesmo que seja para dar conforto; que está sempre pronto a ajudar, a colaborar de alguma forma, seja material ou espiritual; que sempre pensa em agradar, mas de uma forma tão espontânea, que faz o outro se sentir importante, caro.
Falo do amor que cura feridas, que mata a fome, que estende a mão, que oferece o ombro, que espera, aguarda, que entende o tempo do outro; que faz cada momento ser único e, na memória, se tornar eterno. Falo do amor que deseja o bem e a felicidade do outro, que não oprime, não prende, não sufoca, apenas deixa existir.
Falo do amor como uma árvore: que cresce, oferta sua sombra, sua madeira, presenteia com suas flores, alimenta com seus frutos e segue seu trajeto altiva, certa de que fez o melhor, sem querer nada como recompensa.