segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Ei! Olhe pro lado!

Ei! Olhe pro lado!
Deixe esse celular só um pouquinho.
Repare nas pessoas que circulam perto de você.
Dê Bom dia, responda ao Boa tarde, compartilhe um Boa Noite.
Veja se quem trabalha com você realmente está bem e não apenas respondendo compulsoriamente a pergunta que a gente faz por fazer e nem se importa realmente com a resposta ("tudo bem?").
Olhe no olho quando conversar com alguém.
Dispense atenção, por alguns minutos apenas, quando estiver com os seus.
Elogie sinceramente. Dê um sorriso amistoso.
Abrace quando sentir vontade e se policie para que a vontade exista.
Olhe pro seu lado.
Repare em quem está ao seu redor.
Teste sua capacidade de filtrar tristezas, alegrias e tantos sentimentos 
que as pessoas escondem e que só com muita sensibilidade se é capaz de perceber.
Seja humano.  Só um pouquinho, vai? 
Ponha-se no lugar do outro... Pergunte-se sempre: e se fosse comigo?
Deixe o celular de lado, só por uns instantes e observe o mundo.
Tem um tanto de gente precisando e merecendo um olhar que seja.
Visite seu amigo. Pergunte com sinceridade se precisa de alguma ajuda.
Disponibilize um pouco do seu tempo para alguém.
O mundo anda carente de cuidado, de atenção.
Muitas tragédias poderiam ser evitadas se um olhar mais atento tivesse sido dispensado...
Um conselho, um ouvido, um abraço, um afago podem sim mudar o destino de alguém.
Olhe pro lado agora e veja na vida de quem você pode fazer a diferença.
Só por um instante, saia da bolha, enxergue por dentro.
Tem muita gente precisando ser vista e enxergada.
Há milhares de pessoas tramando vinganças, premeditando mortes, se perdendo num surto... Talvez um olhar mais atencioso perceba isso, antes que o pior aconteça.
O tamanho do sofrimento só pode ser calculado por quem o vive. 
Não cabe a ninguém de fora tentar dimensionar. Cada um sabe da sua dor.
Apenas olhe pro lado e enxergue. Sem telas, sem filtros, sem fotos.
Precisamos de uma dose de maior de humanidade para consertar a realidade.
Por um mundo melhor pra você mesmo.

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quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Ao médico, de coração.


Meu irmão, certa vez, me perguntou se eu só tinha amigos médicos.
Respondi que a maioria era sim. Mas existia ainda gente normal ocupando algumas vagas de amizades...
A maior parte das minhas amizades veio da medicina. 
A explicação é simples: num curso integral por 6 anos, residência com 60h semanais por mais 3, cerceada por colegas de profissão, fica até difícil encontrar tempo fora do ambiente de trabalho para outras amizades. Existe, mas com o tempo escasso, se torna mais fácil ter por perto, fora do hospital, quem já vive lá com você.
Tenho, na verdade, muita sorte.
Convivi com gente tão incrível, que antes de medicina ou qualquer profissão que fosse, eram pessoas da melhor qualidade. 
Foi então que eu entendi que não é só estudar, aprender e atualizar que faz o médico ser melhor.
A essência da pessoa que veste o jaleco torna a função especialmente mágica.
Gente de um coração imenso e de uma generosidade infinita, que me faz ter orgulho da amizade.
Pessoas de tão boa índole, de caráter ilibado, de conhecimento inquestionável que me faz ter respeito pela profissão que compartilho.
Pessoas nas quais me espelho e me inspiro, todos os dias.
Amizades que me enchem de alegria e felicidade.
Gente que vou levar no peito como amuleto, como abrigo na vida e como conforto na dificuldade.
Que além da medicina carrega tantos outros valores, tão nobres quanto ela, e a exercem da forma mais pura e genuína possível.
Hoje, desejo Feliz Dia aos meus amigos queridos, que dividem comigo as mesma angústias e tristezas que a profissão concede junto com o alívio e o conforto, alegria e desprendimento.
A medicina tem dessas coisas. Nunca é simples, sempre bela. 
Egoísta como só ela sabe ser, mas aproxima aqueles que a amam. De coração.

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segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Vamos brincar?



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Não faço apologia a ideologia de gênero.
Mas também não acho que existam brinquedos específicos pra meninos ou meninas.
O que há mesmo são brinquedos. 
E as crianças podem brincar com eles da forma como bem entenderem.
Brinquei de bonecas porque as recebi de presente. Mas tenho certeza de que brincaria com qualquer outro brinquedo que me fosse dado... Inclusive com o que não era brinquedo (pregadores, lápis de cor, latas de conserva e mantimentos... enfim, o que a imaginação deixasse).
Brinquei também com bolinha de gude, de futebol e vôlei  com meu irmão, com os bonecos do "Comandos em Ação" que meu irmão tinha, com o Batman e o Jiraya dele também. 
Fingia que dirigia um carro no sofá usando de volante um suporte de panelas e de marcha um pino de boliche.
Fingia que cozinhava com comida de verdade, com frutas que achava no quintal, fazia bolo de barro e enfeitava com plantinhas. 
Brincava com as minhocas das goiabas numa corrida de distância no tanque e com as minhocas do jardim também.
Brincava de queimada, pique-esconde e pique-alto, pique-bandeira, Boca-de-forno, vivo ou morto, o Chefe mandou, karaokê, desfile de moda, balanço no quintal, "adedanha" (a gente falava assim mesmo), Barbie, leggo, Playmobil, quebra-cabeças,  pulava cordas e elástico.
Em  nenhum momento me foi dito que não poderia dirigir meu carro imaginário no sofá ou brincar com os bonequinhos que meu irmão tinha. 
Nunca ganhei esses presentes ditos masculinos, porque há 30 anos, as pessoas pensavam que as meninas deveriam receber apenas alguns tipos de brinquedos e os meninos a outra parte do que sobrava de opções.
Acredito que brincar foi o que realmente definiu minha infância e me fez crescer mentalmente saudável. O tipo de brinquedo foi apenas um detalhe.
Criança não vê diferença entre o azul e o rosa. Quem ensina a diferença é o adulto.
Criança não vê maldade no nu. Quem erotiza a imagem é o adulto.
Criança não vê diferença em cor de pele, nível social, tipo de cabelo ou religião.
Criança apenas brinca.
Quem ensina todas essas diferença e ensina a discriminar são os adultos.
Creio que a função de educar é muito difícil, principalmente num mundo onde as pessoa PRECISAM ditar o que é certo e errado na vida dos outros.
Cada um tem o direito de escolher para si ou para seus filhos o que achar prudente, necessário e saudável. Só acho que querer para a vida do outro o que deseja pra si é no mínimo doentio.
Cada um tem o direito de opinar, como eu faço agora nesse texto. Mas ninguém é obrigado a concordar comigo ou a gostar do que eu escrevo. Mas também não dá para querer que eu pense diferente, né?
Trabalho com criança TODOS os dias. Só vejo pureza.
TODOS os desvios de conduta, caráter e inclusive, algumas doenças, são originalmente provenientes de adultos. Pais e mãe, cuidadores que, por motivos diversos, induzem o comportamento de discriminação, de pecado e julgamento.
Criança é esponja e absorve. O certo e o errado.
Crianças que brincam  de verdade são emocionalmente mais seguras, aprendem a compartilhar e conviver, exercitam a criatividade e se transformam em adultos independentes.
Controle o tablet, os jogos eletrônicos, celulares, TV, e principalmente, o conteúdo veiculado através deles. Não controle os brinquedos nem as brincadeiras.
Meninas serão mulheres que vão dirigir carros, por vezes, vão trocar pneus, serão engenheiras, médicas, jornalistas, empresárias... Por que limitar as brincadeiras? Meninos serão pais, cuidarão dos filhos (espero) nas trocas de fralda, alimentação e banho, serão chefes de culinária, desenhistas... por que limitar as brincadeiras?
Ninguém opta pela escolha sexual apenas pela cor da roupa que usa ou dos brinquedos que brinca.
Isso vai muito além e é tema de outro texto, bem maior que este.
Acho que falta deixar a criança viver a infância como se deve.
Os adultos não estão deixando.