sábado, 31 de março de 2012

Medos

Tem gente que tem medo de escuro. Há pessoas que tem medo de altura.
Outras, de multidão, de animais, de mortos, de assombrações, de almas penadas, de insetos, de palhaços, 
enfim: de uma infinidade de situações e objetos, que racionalmente, não se consegue explicar, nem entender.
Também tenho minhas fobias.
Já passei por muito constrangimento por elas, e ainda convivo com essa fraqueza hoje em dia, 
embora de forma menos agressiva e angustiante como antes.
E por mais que se queira ser livre do medo, a expulsão não depende apenas de nossa vontade.
Vai muito além do nosso querer ou poder.
Mas o que me preocupa ultimamente não são os medos que me acompanham desde criança.
São aqueles que adquiri depois de crescida.
Medos que desenvolvo um pouquinho todo dia, quando vou assistindo e reunindo na memória uma porção de fatos que me apavoram e me tiram  sono.
Ando com medo de gente.
Medo de pessoas que matam irmãos e pais, enforcam companheiros- ditos amores de uma vida inteira!
Medo de gente que mata para roubar um tênis, um celular, que banaliza e torna objeto o outro, como se ele não fosse mais pessoa, como se não fosse mais sujeito. Apenas uma coisa sem valor.
Medo de gente que jura amor eterno e mente, descaradamente, como se fosse natural enganar alguém.
Medo de quem estipula preço para si e para os outros, que se vende, que se transforma em mercadoria.
Medo de quem acredita que o vício salva; medo de quem se acovarda diante das dificuldades e se ampara no crime. 
Medo de quem não mata, mas assiste á morte alheia sem agir.
Medo de quem acha que roubar é esperteza, que levar vantagem é virtude e que ser honesto é perda de tempo.
Medo de quem acha que filho é acidente, carga, peso, fardo...
Medo de quem mente por prazer, de quem destrói sonhos e vidas, apenas por não fazer o que é correto.
Medo de quem bebe e dirige, de quem se acha melhor que o outro por ter mais dinheiro ou que tem mais valor por ter mais estudo...
Tenho medo de gente comum, que se esconde em facetas perfeitas, que juramos ser verdadeiras, e não são.
Tenho medo do engano e de ser vítima dele.
Mas tenho tentado vencer o medo, toda vez que acredito que todos são essencialmente bons e dou uma chance para a bondade se manifestar.
Nem sempre dá certo. Mas preciso do enfrentamento. È necessário.
Aprender a controlar  a apreensão e a desconfiança em relação ao outro é uma lição diária.
E não deixa de ser uma tentativa de vencer o medo.

domingo, 25 de março de 2012

A vida é uma fanfarrona!

A vida é uma fanfarrona!
Gosta de ironia, de brincadeiras.
Faz com que nos questionemos sobre fatos, pessoas e acontecimentos,
que curiosamente, se apresentam como coincidências.
Mas será que, de fato, são?
Será que  o que tentamos evitar a qualquer custo e, que de repente, cai do céu na nossa frente, é acaso?
Será que o destino prega peças?
Será que somos peões de um tabuleiro de um jogo que já se sabe o final?
E o que dizer então das reações inesperadas que temos?
Quando achamos que agiríamos de um jeito e, subitamente, outra resposta aparece, contradizendo todo o pensamento anterior e nos surpreendendo...
Ainda me surpreendo comigo mesma e mais ainda com as outras pessoas!
Deparo-me com encontros e desencontros dignos de roteiros de filmes e novelas.
Parace até gozação!
Mas ainda acredito que , mais adiante, se possa compreender melhor este jogo de idas e vindas, 
coincidências e acasos.
È o que me faz seguir tentando decifrar os mistérios de cada dia...

domingo, 11 de março de 2012

Déjà vu

Descobri que nem tudo adormece, nem tudo se dissipa.
Num simples instante, o que parecia encerrado, mostra de novo sinais de vida.
Discreto, mas presente. Como antes, mas diferente. 
Guardando algo do momento que existiu e que passou.
Mas está vivo. Não sei explicar direito...
Estranha é a sensaçao de déjà vu, o frio na barriga que se repete- como sempre foi.
E então, perco a graça, perco o rebolado, fico sem jeito.
Não há mais espaço pra me acolher, já não caibo em qualquer lugar.
Tudo fica pequeno, sufocante. E eu, já não faço mais parte do contexto...Melhor ir embora.
E um turbilhão de lembranças e sentimentos que dormiam, simplesmente estão acordados novamente.
Na espreita, me vigiando, esperando minhas reações ou a falta delas.
Ainda não sei o motivo do despertar do esquecido, do enterrado, morto e sepultado.
Uma visão? Uma memória torta? Uma situação? Um lugar? Uma história?
Não sei.
Só sei que quando me dou conta estou revivendo mentalmente tudo de novo, 
o bom e o ruim, pensando em  acasos, explicações esdrúxulas e possibilidades vãs, nulas.
E então, me flagro velando o que já foi enterrado, cremado, sofrido, apagado, mesmo que momentaneamente.
Tentendo esquecer o que já foi esquecido, enxugando o que foi derramado, outra vez.
E eu não consigo entender o porquê do retorno...
Só sei que o que morreu está de volta.
Por mais que eu queira deixar para trás.