domingo, 25 de janeiro de 2015

Decisões

Qual é o passo?
Qual é o espaço?
Se falo, calo, olho, peço, não sei.
Aguardo a resposta da vida, um aceno Divino.
Escolhi: cordial e racionalmente.
Mesmo assim, não sei se faço boa escolha.
Qual é a resposta?
Qual será o resultado?
Tentando driblar o calor,
a falta d'água no fim da tarde de hoje,
terminando projetos,
distraindo a mente com as mãos,
o pensamento com leitura,
a visão com raciocínio.
Ainda não sei o desfecho.
Faz contas, calcula gastos,
transfere e muda,
planeja e anota...
Quanta angústia enlatada!
Como é difícil decidir!


domingo, 11 de janeiro de 2015

Desistência

Eu desisti.
De tentar, 
de querer, 
de acreditar,
de esperar,
de achar bom,
de achar ruim, 
de achar mesmo,
ou de perder, 
de buscar,
de sentir, 
de reaver,
de anunciar,
de explicar,
de lutar,
de agir,
de brincar,
de zangar.
Agora, tanto faz, tanto fez.
Se der certo, beleza,
Se não der, paciência.
Não troco de time,
Não mudo de escolha,
Apenas sento e aguardo.
Cochilo no meio tempo,
olho o celular, me engano.
Sem choro nem vela,
Sem mágoa ou magia.
Não discuto, não reajo.
Não apoio, não esbravejo.
Não faço questão.
Respeito minha desistência.
Um tipo de resiliência? Talvez.
Desisti de entender 
esta orgia, a sangria, 
a mania insana
dos dias atuais.


domingo, 4 de janeiro de 2015

Pensamento de um domingo

Feliz é aquele que já encontrou a outra metade da laranja, a tampa da panela, o chinelo velho pro pé cansado!
Fortuitamente ou não, por obra do acaso ou do destino, por muito empenho e esforço ou por nada disso, após este encontro vai viver com a (falsa) certeza de ter achado sua alma gêmea.
Feliz é aquele que não precisa de mais nada: nem da procura, nem do encontro.
Já se encontra saciado da presença do outro, sendo ele a parte que lhe completa (ou não).
Digo isso, pois, com tanta gente espalhada pelo mundo, nascendo e morrendo, mudando de opção sexual, desistindo, separando e reatando, como saber mesmo se a metade da laranja não é um pedaço de kiwi?
Como saber se o amor de infância, cultivado toda a vida não foi apenas a falta de oportunidade de ter cruzado a rua, mudado de escola ou de bairro e ter conhecido gente nova e mais interessante?
E se a alma gêmea ainda não tiver nascido? Virá ao mundo ano que vem, século que vem?
E se a tampa da panela já foi para outro plano astral?
Já pensou se a metade da laranja está casado, com a prole completa, feliz da vida por acreditar que a metade da sua laranja (a que casou com ele) lhe transforma em fruta inteira?
Ou então, trocou de time, desistiu do amor, ou simplesmente nem acredita nessa história romântica de par perfeito?
Por isso digo: feliz é aquele que acha que encontrou e vive a certeza (incerta) de ter pra si o amor completo.
Ah, porque diante de amores que viram tragédias, de juras eternas que dissipam ao vento, de sorrisos que se transformam em lágrimas, de traições, de separações conflituosas, da falta de bom senso e de limites, do ciúmes desregrado, me questiono se há mesmo.
Feliz é aquele que acredita no amor perfeito, no par ideal, pois nem imagina a possibilidade dele não o ser.
Sem a capacidade de vislumbrar outra possibilidade na cidade ao lado, num país distante ou mesmo do outro lado da rua.
Pois não sei se há mesmo completude.
Há gente peça única, sem encaixe, nem padrão.
Ou tem várias possibilidades: uma alma gêmea  para este mês, a metade da laranja pro mês que vem. Há um mundo de opções e opiniões.
Como saber?
Feliz é aquele que se contenta com seu par ideal, mesmo não sendo o idealizado e ignora o fato de não cumprir os pré-requisitos, não ser o descanso pro pé cansado, não ser nem mesmo laranja.
A ignorância protege e livra de muitos males.
Feliz mesmo é o ignorante.