quarta-feira, 27 de julho de 2011

Metades partidas


Algo se quebrou.
Espatifado, com cacos espalhados.
Não sei como, nem quem foi.
Só sei que está quebrado.

Não tem cola que restaure.
Nem fita adesiva que conserte.
Não consigo fazer com que volte
ao formato original da espécie.

Estragado pela distância?
Oxidado pelo tempo?
Faltou zelo, cuidado, água?
Sobrou confiança, pretensão, bom senso?

Agora não tem jeito!
Fico com os pedaços?
Guardo as sobras na gaveta?
Escondo debaixo do tapete?
Esqueço que houve o acidente, provocado por não sei quem?

Não sei o que fazer...
Foi queda? Esbarrão?
Foi empurrado por alguém descuidado?
Ou foi queda natural como fruta amadurecida?
Ainda não descobri o conserto de metades partidas.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Meio do ano


Todo meio do ano é assim: encolhido, apertado, espremido entre os meses do início do ano- que voam - e entre os meses do fim - que mais parecem cometas. Apesar de encolhidos, paradoxalmente esticados: sem feriados, sem datas festivas ou comemorativas. Junho, julho e agosto, ao meu gosto, ficam longe do ideal de mês. Nada pessoal contra os aniversariantes desses meses, que são muitos, nem contra os casamentos e comemorações realizadas nessas épocas. A verdade é que não me sinto á vontade nessa meiuca. Engolida pelos trabalhos já começados, ansiosa pelo término de outros já planejados e com a sensação de que o tempo parou, expirou. Sem uma folguinha extra para sumir com uma quinta aqui ou um estrangulamento nada cruel de outra sexta ali... De setembro em diante a primavera traz novos ares, outros cheiros... O tempo passa ligeiro, bem sei. Mas a sensação de que estamos cumprindo mais uma etapa é bem boa.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Bigorna


Desfruto de um momento mais calmo, mas nem por isso mais leve.
Acredito que o peso anda mais no peito que sobre os ombros...
O ponto de apoio muda para quem não tem assim tanta resistência física...
Carregar malas, caixas e móveis é até facil, quando comparados aos pesos de sentimentos que não se podem estimar...
Não possuo domínio sobre o tempo, tampouco sobre o pensamento alheio
e me incomoda saber que a vida acontece diante do nariz, á sombra do seu corpo e ninguém vê, ninguém sabe, nem se importa.
Cada um que cuide do seu próprio problema. Se puder.
Por isso o peso aumenta; dividir tornaria a carga mais amena...
Trabalhar menos, ter um ritmo mais brando, ter tempo de descanso e distração ajudam, mas a operação responsável pelo alívio ainda é a velha divisão.
A matemática nunca me abandonou, apesar dos pedidos de afastamento constantes...
Ainda continuo somando responsabilidades, reduzindo preocupações algumas vezes, multiplicando trabalhos, mas sei que poderia dividir mais.
Trazer tudo pra si é a forma mais egoísta - e cansativa- de tentar salvar o mundo.
E no fim, o mundo continua girando, girando, sem dar muita idéia para o plano de salvação...
E eu, permaneço com essa sensação esquisita de cansaço que não passa, ruminando o que nunca consigo engolir, nem digerir e trazendo na cabeça as dores e o peso da bigorna dos desenhos animados.

Mudanças que me perturbam...

Ainda me surpreendo com as pessoas.
Às vezes fico impressionada com as mudanças.
Será que meus olhos é que se recusaram a ver o que sempre existiu
ou realmente aconteceu uma alteração taõ grande, capaz de tornar alguém irreconhecível?
Já descobri que nem toda mudança é para melhor. Infelizmente.
Mas a sensação de se deparar com o desconhecido em moldes antes decifrados é meio aterrorizante.
È como ver e não enxergar; ou falar e não conseguir ouvir o interlocutor; ou até mesmo dissociar os sentidos: ver sem escutar, falar sem enxergar, ouvir sem falar.
Então me pergunto: em que fase do tempo a mudança ocorreu?
Onde foi que perdi a virada de páginas?
Em qual momento a máscara caiu? O que fez trocar de time, de gosto, de jeito, de vida?
Como alguém simples se torna inatingível? Como alguém doce pode ser tão amargo? Como alguém tranquilo se irrita, vira transgressor? Quando a honestidade vai pro lixo? Como valor passa a ser "desvalor"?
Mesmo sabendo que o mundo dá voltas, juro que não consigo compreender tanta coisa virada de ponta a cabeça...
Pode ser que eu esteja fincada ainda em algum solo profundo e que minhas raízes não permitam que eu seja levada pelo vento e plantada em outra terra, com outro nome, outra cor, outro cheiro...

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Sobre o Presente


Presente: Pela definição do dicionário, adjetivo masculino ou feminino.

Significados:

1 Que existe ou sucede no momento de que se fala; atual.

Atualmente, penso que ao dia de hoje, cabe as preocupações de hoje. Ao dia de amanhã, as preocupações do outro dia. Não adianta sofrer por antecipação. Está registrado em literaturas muito antigas...Não inventei para falar.

2 Diz-se da pessoa ou coisa que está num dado momento diante dos olhos.

O que pode haver de melhor do que estar diante de alguém por quem existe apreço, afeto, bem perto dos nossos olhos? È realmente um presente! ( Significado contemplado logo abaixo)

3 Que assiste em pessoa: Presente ao ato.

Estar presente ao ato significa assistir, contemplar, ver, admirar. Só dá para fazer hoje, agora. Não serve deixar para amanhã...

4 Que está a ponto de se realizar; iminente.

Implica ação, atitude, impulso, vivificação. Presente também significar estar vivo e atuante!

5 Antônimo: ausente.

Ausência dói. Presente completa. Nem precisa de mais comparações.

6 Brinde, dádiva, mimo, oferenda, oferta.

Por isso, brinde a dádiva do mimo que a vida lhe oferta hoje! Seu presente é oferenda divina!

Não permita que o passado- que já não mais existe além da lembrança- ofusque o brilho do seu presente. E nem permita que o vislumbrar do futuro apague o momento de agora.

Para que o amanhã aconteça é necessário que o hoje termine. E para que seu fim seja o desfecho de um futuro glorioso é preciso de muito empenho. È necessário ser presente na confecção do presente.

Capriche! Enfeite! Assista! Participe! Seja presente!

Seu futuro agradece.

domingo, 17 de julho de 2011

Bom domingo!

Sensação boa saber que o dia lindo lá fora está pronto para lhe receber.
E que pessoas queridas estão perto de você para compartilhar o momento, aparentemente simples, mas infinitamente precioso.
Bom é se dar conta de que a semana recomeça, mas não a rotina.
È chegada a hora de fazer diferente tudo o que poderia ser igual.
Cada novo dia é uma chance de mudança. E que toda ela seja sempre para melhor.
Há dias e dias. Alguns não tão recheados de boas surpresas...
Mas acredito que estar vivo para receber cada novidade, seja agradável ou não, já é um prêmio.
Muito querem e não podem; outros desejam, mas não realizam.
Há impedimentos maiores que aniquilam sonhos, podam vontades, emperram desejos.
Poder contornar obstáculos já é vitória.
E saber que o dia bonito que lhe espera ao levantar oferece uma grande possibilidade de realizações acende a certeza de que viver é uma graça.
Bom domingo de sol a todos!

sábado, 2 de julho de 2011

Minhas convicções

Eu admito: faço parte daquelas pessoas que acham que "o copo está meio vazio".
Mas explico: não é pessimismo. È desejo de saciedade. Vontade imensa de preenchimento!

Acredito nas pessoas, mas começo a desconfiar no primeiro instante que a conversa não me parece coerente.
Explico: a verdade é fluente; salta aos olhos do expectador, porque é espontânea. Não precisa gaguejar.

Uma boa noite de sono acalma as aflições, traz saúde, mas não resolve os problemas.
Motivo: soluções necessitam de ações, atitudes.

O tempo é aliado, mas pode ser inimigo.
Ajuda no esquecimento, mas pode embotar a memória; funciona como fator de expectativa, mas também pode tornar a oportunidade perdida. Cada evento tem seu momento. Perceber o tempo certo é o grande desafio a ser vencido.

Acredito na justiça; seja humana ou divina. Mas ainda penso que a vontade de ser justo é que torna a justiça admirável. Cada história tem uma versão, de acordo com o narrador que a conta. Cada ponto de vista transmite sua razão. Tentar ser justo para cada questão é que faz toda a diferença.

Emoção de mais embaça a vida. Às vezes uma pitada de razão torna o tempero mais agradável.
Razão em demasia torna a vida robótica. Um pouco de emoção dá sentido á existência.
O equilíbrio é a essência.

Silêncio é contemplação. Mas nem todo momento comtemplativo precisa ser absolutamente mudo. Nem surdo.

A música transforma. Faces, momentos, vidas, almas. Pena que ainda tem gente amusical no mundo...

Não sou teimosa. Sou uma pessoa convicta. Penso a respeito do mundo e encontro minha posição. Sempre. Pode até ser que mude de lado, vez ou outra. Descobri que a mudança é a único fator imutável, e faz parte das mnhas convicções entender que flexibilidade nos dias atuais é sinal de inteligência.