sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Tentando entender

E eu continuo sem entender.
Agora, com menos angústia e sofrimento.
Mas não entendo ainda um tantão de pessoas e acontecimentos.
E ando descobrindo que não compreender sai mais barato.
Já que a conta não fecha mesmo, o menor prejuízo é o que vale.
Nem as escolhas alheias,
nem a falta de informação e de visualização de futuro.
Nem a falta de critério de governo,
nem a falta de vergonha,
nem a covardia das escolhas ou a falta delas.
Quero que a folga de entendimento permaneça ainda um bom tempo.
Não vejo futuro em decifrar tantas complicações...
Sem entender por que o errado é o certo,
por que o certo está sempre no erro,
por que a beleza espanta,
por que a inteligência atrapalha,
por que o caminho tortuoso é o escolhido,
por que a simplicidade é complicada,
por que a saudade dói,
por que minha lógica é ilógica.
Dormir para acordar, trabalhar para não viver.
E nas brechas disso tudo, vai se tentando entender.
Que o tempo, pouco amigo, tampouco ajuda.
Cria rugas, esconde a memória
e já não lembra e não se entende mais nada.


sábado, 13 de setembro de 2014

Fome

E saíram do carro separados.
Ele na frente, já procurando um lugar.
Ela, logo a seguir, arrumando um pouco a roupa amassada durante o trajeto.
Sentaram lado a lado, mas sem qualquer contato.
Não me recordo de sorrisos, conversas ou cumplicidade.
Era um casal de meia idade, aliança entregando a situação civil, que acredito ser de muito tempo.
Fizeram o pedido e comeram.
Sem assunto.
Só o matar da fome.
O resto da coca-cola foi levado embora depois da conta ser paga.
E eu, fiquei ali me questionando se toda convivência deve acabar assim em desgaste, sem um olhar em direção ao outro.
E concluí que tenho muitas outras fomes nesta vida.
Encher a barriga não me basta.
Preciso ter os olhos, ouvidos e todos os sentidos, plenos e

saciados.






Na boa




Na boa: nem tô fazendo questão.
Nem de companhia, nem de notícias, nem de novidades, se a vida vai bem, se simplesmente não vai.
Não quero saber se os negócios prosperam, se os projetos deram certo, se deram com os burros n'água, se faltou água, coragem ou grana... faço questão alguma.
De coração: não é por vingança, mágoa ou chateação.
É por desinteresse mesmo.
A ignorância , ás vezes, faz bem.
Não saber protege do pior.
E assim mesmo, sem ressentimentos, não quero ouvir conversas, tampouco aceitar convites ou fazê-los.
Não me preocupo se há saúde, tédio ou saudade.
Se ganhou peso, se fez dieta, se a pessoa está mais ou menos esbelta.
Faço questão nenhuma.
Na boa: tem gente que faz parte de um passado.
Longínquo, distante, pisado.
Não faz sentido permanecer no presente.
Tampouco embotar o futuro.
Se há no mundo algo que faça sentido é o tempo:
afasta, apaga, leva para o esquecimento.
Tudo aquilo que não sobrevive ao tempo, não merece sobreviver.
De boa, ando tranquila com todas essas distâncias.
Descobri que quando não faz falta, não tem importância.
E não se exige de alguém aquilo que não se pode oferecer.
Cada um dá o que tem de sobra.
E tem gente nessa vida que só tem as sobras para viver.