Ontem participei pela primeira vez do encontro católico da Renovação Carismática que acontece durante o carnaval. Fui o que eles chamam de "servos", num trabalho, digamos, voluntário-obrigatório, que me vi tendo que fazer. A experiência é interessante, mas acredito que sempre é bom observar bastante antes de tirar conclusões. E foi isso que fiz.
A Renovação carismática é um movimento da Igreja Católica que surgiu no EUA, na década de 80, que exalta Maria e tem momentos de adoração e louvores, a Deus, Jesus- seu Filho- e , principalmente, ao Espírito Santo.
Acho louvável o culto á Maria e á Trindade Santa, bem como toda tentativa de aproximação do Cristão de Deus, mas na verdade a renovação nada mais é que uma tática de manter os fiéis católicos, que estavam migrando para as religiões protestantes pentecostais.
Também não acho errado que a Igreja se preocupe em manter seus fiéis. Cada um tem sua tática, não é?
A forma dos louvores, adorações e orações são muito semelhantes. As pessoas parecem arrebatadas, incluídas numa dimensão á parte, absortas mesmo, nas palavras e canções.
Choram, oram e cantam, como se nada mais houvesse naquele momento.
Muito parecido também com os cultos pentecostais.
Existe mesmo um tratamento diferente entre os católicos "renovados" e os não "renovados".
Não sei bem explicar, mas parece uma espécie de cisão.
Bom, arcaica e tradicional que sou, continuo renovando minha fé na religião que professo, sem me atirar em outros movimentos que fogem do contexto de realidade.
Acredito na fé, mas creio também que obras são necessárias, e nada melhor do que agir, pondo em prática o que se aprende no dia a dia, no trato com as pessoas.
Não preciso dormir e acordar num templo pra ser santa, nem viver em função de uma Igreja pra ser salva.
Não preciso falar "em línguas", tampouco participar de grupos de oração para receber a salvação.
Preciso sim é respeitar o próximo, agir de forma justa e ofercer louvor a Deus de coração aberto e arrependido. È isto que Ele pede.
Porém observando ao longe, percebi ainda, que no momento que a Missa começa- parte tradicional da celebração Católica, que sofreu poucas influências da Renovação- a educação e o respeito desaparecem.
São crianças e jovens andando e correndo para todos os lados, pessoas conversando, como se realmente estivessem num ambiente á parte, totalmente desarticulado com o local onde se celebra. Parecia uma feira livre...
Sem contar que há pessoas que aproveitam o encontro para fins que não estão ligados ao propósito da congregação... Jovens em busca de paqueras, pessoas fazendo uso de bebidas alcoólicas, uso de roupas inadequadas e falta de bons modos.
Sei que em qualquer lugar poderiam surgir pessoas assim, e por ser um encontro religioso não quer dizer que seja exceção. Poderia, mas não é.
Entretanto, me assustei ao perceber condutas tão diferentes em alguns momentos.
A pregação, a adoração e os momentos chamados de unção atraem as pessoas, mas a missa, celebração importante que é responsável pela Eucaristia sendo tratada de forma insignificante.
Continuo professando minha fé católica, ponho-me á disposição na comunidade em que frequento para ser útil na medida do possível, mas sei que a fé cega, que acredita em milagres, que testa o poder de Deus a qualquer hora é vã.
Acho importante o culto á Maria e a propagação dele deve ser mantido.
Só não acredito que haja formas diferentes de fé. Acredita-se ou não.
Não é um movimento, uma religião diferente, um padre novo, um jeito diverso de celebrar, cantar, orar que fará com que a fé seja nova ou que se encontre um Deus novo.
Ele é o mesmo, sempre. Seja qual for a escolha. E merece o respeito, sendo celebrado de forma Renovada ou não.
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