quarta-feira, 23 de julho de 2014

Arrastão

E nos últimos dias o mundo ficou mais triste, menos poético e mais ignorante...
Não sei o motivo das perdas. 
Se o céu precisava de mais lirismo, de mais espontaneidade, de mais brilho...
Realmente, não sei.
Só sei que o povo aqui na terra ficou mais apagado.
Um breu só, sobrando ignorância e despreparo, 
excedendo em indelicadezas com a língua portuguesa.
Daí me questiono: com tanta maldade merecendo castigo, 
tanta gente má precisando de cartão vermelho, 
por que pessoas boas levadas assim, de arrastão?
Então, percebo que todos que se foram gozavam da serenidade da senilidade.
Tiveram o tempo necessário para espalhar muita mudança boa
pelos caminhos percorridos em tantos anos vividos.
Se somarmos as idades, mais de século de literatura e conhecimento.
Tiveram tempo para fazer valer todo o empenho de um vida inteira.
Resta então, para quem por aqui fica, a lembrança e o exemplo de tão nobres figuras:
João, Rubem e Suassuna.
O consolo de obras belas que poderão ser lidas e relidas.



domingo, 6 de julho de 2014

Despreocupações

Não estou preocupada se o piso foge ou se o chão se abre.
Nem ensaio rugas se a seleção ganha ou perde, 
se o craque joga ou escorrega, 
se fratura a vértebra ou meus ouvidos com tanta notícia má...
Não me interessa se é folga ou dia normal. 
Afinal, dias são dias.
Não são essas preocupações que me afligem.
Ainda obedeço alguns prazos, porque não posso me desvencilhar deles.
Mas não mais me castigo em cumprí-los honrosamente, com tanto afinco como antes.
Descobri que tudo continua igual, independente dos resultados conseguidos.
As contas continuam chegando, as cobranças, da mesma forma.
E a gente continua precisando do trabalho e do pão diário, faça chuva ou sol.
Não me intriga se hoje fico em casa tecendo fios ou se ponho a cara na janela para ver o mundo, porque, no fundo, ele continua girando para o mesmo lado e sentido, 
e ás vezes, não faz sentido algum correr atrás do vento...
Não sei se a obra começa, se permanece estagnada, se a hora adiantada me faz morrer de sono. 
Estou absorvendo, sem pressa, a onda do momento, que é deixar o curso da vida seguir,
Que os passarinhos cantem, que as manhãs recomecem, que os dias prossigam.
Que os planos sejam necessários, mas sejam só planos.
Que haja mais afeto e pronto.
Não me interessa se a cor não está boa, 
se a roupa destoa, 
se cabelo despenteia, 
se ando bonita ou feia, 
se sorrio mais ou menos, 
se penso em demasia 
ou se chego a conclusões vazias sobre estórias que eu inventei.
Não me importa a nota que me deram, se foi dez ou zero, se agradei ou não.
Estou vivendo e é o que conta.
Quero acertar o tom que a voz conseguir chegar. E só!
A preocupação de achar, de encontrar, de buscar respostas, hoje já não me incomoda.
Não se encontra o que não se perdeu.
E não se perde o que não se tem.