domingo, 28 de junho de 2015

Sobre espertezas, espertalhões e expertises

E o mal do esperto continua sendo achar que todo mundo é otário.
Mas fica a dica: na era do celular que fotografa e filma, 
dos registros em redes sociais 
e da maior e melhor rede de comunicação que sempre existiu- o boca-a-boca- 
torna-se impossível fazer algo em segredo.
O sigilo já morreu, falo logo.
Tem sempre alguém que conhece outro alguém, que viu, que sabe, que ouviu dizer.
Não é nem por fofoca. Mas por compartilhamento de mundo, socialização.
Logo, pensar que ninguém fica sabendo, 
que vai passar despercebido, que ninguém vai prestar atenção é ilusão.
Contar mentira e inventar história que não se sustenta por si só também não funciona.
As pessoas pensam, embora nem todas de forma realista, 
e podem concluir, por elas mesmas que os fatos não fazem sentido...
Não divulgar algo também não é confirmação de discrição.
Mas achar que o mundo é preenchido somente por gente beócia é muita pretensão. 
E ingenuidade.
Falta de caráter é epidemia, infelizmente.
Torcendo pra que haja gente imune.
Torcendo e muito para que muita gente que se acha esperta escorregue na própria mentira,
caia sozinho na armadilha que fez pra si.
Não por desejo de maldade, mas por anseio de justiça.
Para que sirva, ao menos, de experiência.


quinta-feira, 18 de junho de 2015

Coletivo

Poderia ser qualquer pessoa? 
Não sei explicar.
Poderia ter ficado em pé, 
sem sentar.
Ou ter sentado lá no fundo, 
encostada num cano de apoio qualquer.
Poderia ter esperado um outro ônibus, 
uma outra linha, 
feito um outro trajeto.
Poderia ter perdido a hora, 
se atrasado e ter perdido o coletivo.
Poderia ter acordado indisposta, 
não ter saído de casa.
Poderia ter encontrado um conhecido, um amigo, 
ter prolongado conversa e ter chegado em casa tarde, bem mais tarde.
Poderia não ter ido trabalhar.
Poderia ter deixado o assento preferencial vazio.
Poderia não ter caído, 
não ter desequilibrado.
Poderia a curva ter sido mais suave, 
a velocidade mais branda.
Poderia a porta estar travada, 
não ter aberto pelo impacto ou não estar com defeito.
Poderia ter sido jogada para longe pelo efeito centrífugo.
Poderia ter escapado da queda, 
do impacto,da porta e da morte.
E de uma forma torpe a vida se esvai:
atropelada por um ônibus, 
numa queda besta e improvável, 
impossível de se imaginar.
E então, os sonhos agora estão destruídos no chão, 
esmagados, sem fôlego,
tingindo de vermelho o asfalto,
falando alto para todo mundo ouvir:
poderia ser eu ou você.
Poderia ser qualquer um?
E a vida é assim, de repente nada importa mais.
E o pensamento coletivo vigora: o amanhã é hoje.


domingo, 7 de junho de 2015

Que canseira!

Ai, que canseira!
Sem disposição para discutir, nem explicar.
Impaciente pela burrice alheia.
Intolerante com a falta de bom senso do mundo.
Gente que reclama das mesmas coisas,
repetindo os mesmos atos,
fazendo as mesmas escolhas,
e mantendo as reclamações, por conseguinte.
Que canseira me dá!
Falta de coragem para novos planos, novos vôos.
Gente que só dá ordens, sem nem pensar.
Ai, pode dormir sem acordar?
Que me cansa essa segunda infinda,
a rotina sem graça da semana que passa,
dessa maternidade moderna que acha que os filhos não podem sofrer.
Como cansa!
A falta de perspectiva.
a falta de oportunidades.
a falta de viagens, de grana, de amores.
Como cansa tudo isso!
Como desanima, desestimula!
O domingo á noite é uma grande depressão.