terça-feira, 20 de junho de 2023

Outras histórias

Entre protocolos e fluxogramas, lembrei disso aqui.

Leio os textos e não os reconheço como meus.

Como pode?

Não sei quem fui quando os escrevi. 

Nem sei quem sou agora, depois de tanto tempo.

As histórias eu invento. E  já inventei um monte delas.

Todos os dias.

Nem sei como consigo. 

Mas está lá, na cabeça da criatura que me pede diariamente um monte delas, com temas específicos e desfechos inusitados.

Melhor inventar histórias que protocolos e fluxogramas.

Algoritmos desnecessários para os poucos anos.

Porque crescer leva embora a inocência.

E a vontade de inventar novas histórias.

Como os textos de agora, que não são mais meus.

São de alguém que viveu outras fábulas e se perdeu no caminho.

Ou se encontrou num outro poema, escrito por outro alguém.

João e Maria em busca da casa de doces.

Sou eu procurando as palavras.

Sou eu fazendo meus protocolos para em seguida, seguir outra rota.

Outras histórias. 

Outros textos não mais meus.

O miolo de pão perdido no caminho da floresta.



Tempo

Faz muito tempo, né?

Uma pandemia de intervalo.

Dora chegou, passou um caminhão de novidades em nossas vidas e eu retorno aqui, para exercitar a escrita, um tanto já enferrujada.

Outra barriga gigante já surgiu, outra pessoa chegando em nossas vidas.

Um tanto de vida nova outra vez.

Seguimos nos reinventando.

Ajustando os ponteiros, aparando as arestas, unindo os pontos... os bordados de viver.

Faz muito tempo, né?

Ando com vontade de me reinventar.

Além daquilo que já me transformei.

Daqui a pouco faço nova pausa para um novo momento de vida.

Já nem sei quem serei depois dele.

A gente muda o tempo todo. Já falei isso também, né?

É tudo reinício.

A vida é um constante começar de novo.

O tempo nem faz conta disso. 

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Carta para o Filhote

Ei, filhote!
Espero que esteja tubo bem aí dentro da barriga.
Mamãe está bem aqui do lado de fora e seguimos juntos.
O mundo é que anda meio torto...
Jamais imaginaria que passaríamos por uma pandemia.
Acho que nem nos pensamentos mais remotos essa ideia surgiria.
Mas como mamãe vai ensinar, não temos muito controle das situações e das pessoas.
Algumas pessoas são difíceis de lidar, outras são impossíveis.
Outras situações nos consomem a paciência ou esgotam nossas possibilidades de resolução.
Se mamãe pudesse resolver tudo na base da varinha de condão, certeza de que estaria tudo certo já.
Seguimos administrando o caos.
A última ultrassonografia foi remarcada e faz um tempinho que não vejo você.
Mas para compensar, já sinto você passeando e mexendo no espaço que tem aí dentro e isso é muito bom.
Vamos torcendo e rezando para que a nova normalidade se instale.
Porque a antiga, certamente não existirá mais.
A barriga está crescendo e tenho mandado fotos e vídeos para vovô e vovó, os Tios e o primos.
Por enquanto, você tem aparecido  discretamente na barriga, apenas em redes sociais.
Aparições em público estão cada vez mais raras.
Tenho tentado proteger você de todo jeito: a vacina de gripe já foi e falta só mais uma agora.
Tenho saído de máscara apenas nas consultas e exames, ou quando é realmente necessário, feito alguma atividade física e comendo de forma mais saudável possível.
Papai tem se esforçado bastante também.
Ainda não sabemos seu nome, nem seu sexo.
Estamos mais preocupados com sua saúde e crescimento.
O resto, daremos jeito.
A reforma da casa nova está  meio agarrada e papai fica um pouco nervoso.
Ele queria que já estivéssemos todos lá.
Estamos aguardando as cenas dos próximos capítulos (novela longa, viu?).
Esperamos em breve estar lá para montar seu quartinho.
Por enquanto, fica quietinho aí ganhando peso e saúde. Não temos pressa.
Beijos da Mamãe.

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Alô, alô, Marciano?!

"Aqui, quem fala é da Terra...
Pra variar, estamos em guerra.
Você não imagina a loucura!"

Já ouviu essa antes, né?

Pois, sim.
Estou aqui no sofá escrevendo,
esperando sol se por e o calor dissipar
para começar meus exercícios físicos.
Estamos de quarentena, todos ( ou quase todos)
trancados em casa. 
O mundo todo.
Não tem academia, nem parque aberto, 
nem Shopping, nem loja, nem escola.
Quem pode trabalha de casa, quem não pode passa dificuldade.
O dinheiro anda curto para todos.
"Quem tem mais é chamado a repartir".
Há países inteiros parados, hospitais lotados
e uma lista de números de doentes e óbitos 
que deixa qualquer filme de terror "no chinelo".

Amanheci 2020 sendo casa de outra pessoa

e por isso, ando reclusa e trabalhando de longe.
Não sei se é hormônio, se é intuição materna, 
se é instinto de preservação de espécie.
Só sei que depois que a gente vira casa, 
a pessoa que mora dentro da gente passa a mandar no resto...
Nem faz muita questão da si mesmo, sabe?
Só pensa no outro. Enfim.
Sigo comendo e assistindo noticiários
mais tristes que a tristeza do mundo inteiro.
Tomando susto a cada mexida inesperada
que ainda não me acostumei a sentir...

E pensar que o caos instalado 

foi causado por um bichinho microscópico,
que precisa de uma célula para viver, 
mas que tem seguido de mão em mão, 
de espirro em espirro, 
de abraço em abraço,
de continente em continente,
do Oriente para o Ocidente 
destruindo economias gigantes, 
fazendo vítimas,
fazendo todo o mundo passar perrengue e se questionar: 
Como será ali adiante?

Os políticos seguem se estapeando.

Quem puder tirar vantagem da crise, com certeza, vai se fartar.
Índole e caráter não são para todos... 
Vírus são mais democráticos.
Sigo esperando o foguete da Nasa.
Levando todos para a lua ou Marte.
Seria um rolê bacana no momento.
Teria que poder levar grávidas, para valer o ingresso.
Com volta agendada antes do Armagedon ou do parto.
O que vier primeiro.
Vale repetir que "a crise tá virando zona".
"Cada um por si todo mundo na lona
E lá se foi a mordomia..."

Cada um que limpe sua casa, 
que ensine seus filhos, 
que segure seus velhos em casa,
que prepare sua comida ou peça Delivery
pra ajudar o comerciante 
que segura as portas abertas no muque.
Quem tem religião que a use, 
quem tem fé que se segure.
Quem não tem, se conforte na ciência.
Ou em qualquer outro assunto 
que mude o foco e apazigue o medo.
Só sei que "está cada vez mais down" o " high society".

sábado, 23 de novembro de 2019

Minha visão de Fé

Acho que a FÉ é uma porta gigante.
Dessas portas imensas como as de um palácio mesmo, que assistimos em filmes.
Por essa porta grande passam muitas RELIGIÕES.
Eu acredito que todas as RELIGIÕES passam pela porta da FÉ.
Se não cruzarem por ela, não podem ser consideradas religião.
Acredito ainda que toda RELIGIÃO zela pelo BEM.
Seja o BEM de si mesmo, da própria família, dos amigos e parentes mais próximos, 
pelo bem da nossa casa, da casa dos outros, pelo bem de quem a gente nem mesmo conhece...enfim, pelo bem da humanidade.
Porque eu penso que quem tem FÉ e QUALQUER religião não deseja o mal...de ninguém.
Por esta porta gigante passam muitas, muitas pessoas de uma só vez.
E enquanto esta porta estiver aberta, todos passam.
Acredito ainda que, mesmo sem ter uma religião oficial, mas tendo a FÉ, a entrada no Palácio continua sendo gratuita.
Dentro do palácio há vários aposentos. Todos podem se acomodar sem medo.
Eu penso no Palácio como o coração de DEUS.
Todos que tem FÉ são convidados a entrar no Palácio e escolher o seu cantinho e se aconchegar.
Como PAI bondoso que acolhe os filhos em casa, DEUS nos recebe em seu coração.
Para ele não importa se a nossa roupa é nova ou velha, se o cabelo é liso ou encaracolado, se tem dinheiro no bolso ou  nenhum tostão, se existe cor para a pele, sem tem esposa, marido ou namorada, se tem pecado pendurado ou não. DEUS ACOLHE os que o procuram.
E como todo PAI, está sempre esperando com a PORTA aberta.
Pois todo PAI deseja ter seus filhos por perto.
Se somos irmãos sem CRISTO, por termos DEUS como PAI, devemos assim nos comportar.
E se outras religiões que não reconhecem DEUS e CRISTO fazem parte da vida de outras pessoas, também devemos respeitar, pois passamos todos pela porta da FÉ e zelamos pelo BEM dos outros, não é mesmo?
Acredito que podemos morar no Palácio todos juntos. Há espaço para todos.
A vista é linda. A decoração mais ainda. O anfitrião é perfeito.
Minha visão de FÉ e AMOR é esta.
Qual é a sua?

Dia desses

Dia desses quis muito escrever um livro.
Uma história fictícia que fosse, que enredasse o leitor, 
que aguçasse a curiosidade e provocasse sentimentos, 
fizesse querer ir até a última página para saber como é o fim e, 
depois de descoberto, ficasse aquela solidão desesperada da orfandade do livro.

Acho que um dia ainda escrevo.
Posso começar devagar, com ideias pequenas e ir crescendo aos poucos.
Posso começar como as crianças, que aprendem um muito num tempo escasso, 
mas sem qualquer pretensão de aprender.
Posso usar as histórias que escuto como inspiração e ir mudando o rumo de acordo com meu prazer.
Posso inventar personagens, pessoas que não existem, inventar nomes e viver vidas que não me pertencem.
Posso criar famílias inteiras e gerenciar conflitos e fazer final feliz sempre que me der vontade.

Dia desses, escrevo um livro.
Vou passar pros amigos mais próximos para que eles comecem a leitura e avaliem a história.
Posso fazer uma versão interativa para quem também quiser participar do livro comigo. Por que não?
Dia desses escrevo um... Vai vendo...ou melhor, lendo.
Vou pesquisar fontes e palavras novas, mergulhar em dicionários e costumes, vai ser lindo poder viver isso!

Dia desses, esse livro fica pronto.
Pode ser livro de crônicas ou de contos.
Livro infantil, ficção ou relatos reais.
E tem mais: vou divulgar meu livro pro mundo!
Quem sabe em outros idiomas?
Quero ilustrações do meu irmão na capa e nas paginas que separam os capítulos. 
Como será bonito!
Dia desses faço meu livro nascer, como um filho.
Começo gestando a ideia.


Novembro

Estamos aqui, mês da véspera do mês do fim.
Novembro escapa entre os dedos e já nem sei mais como todo o resto passou tão rápido.
Eu vivi tudo isso ou adormeci em alguma parte do caminho e acordei só agora?
Numa velocidade indecente levamos o ano ao fim.
Mas como foi isso, gente? 
Ainda ontem era janeiro, março estava tão aqui na lembrança e setembro acabou de acabar!
Como foi que aconteceu? Fiquei tonta! Alguém me conta?
Só me dei conta que os enfeites de Natal já andam espalhados pela lojas e fachadas...
Estou aqui contando os dias para o ano que vem e ainda nem entendi o que foi esse furacão que passou...
Graças? Inúmeras.
Bênçãos? Muitas.
Também teve trabalho, treta, correria, mais trabalho e pequenas e doloridas angustias que servem para crescer.
O tempo trapaceia.
O tempo manda lembranças.
Nem alcanço essa lógica da fugacidade.
Mas estou aqui na contagem.
Achando que vai dar tempo de terminar os contratos, acabar a obra, finalizar os projetos e refazer os planos para...o ano que vem (?) que está logo ali na esquina, tomando a saideira no boteco, se preparando para dar o ar da graça... daqui a pouco.