quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Relações na rede

Creio que deveria funcionar assim: a pessoa escreve algo ou posta foto em rede social 
e se alguém, que faça parte da relação de contatos, não gostasse do conteúdo, 
não concordasse com o contexto ou simplesmente não simpatizasse com o post, 
passaria adiante, como se não tivesse visto aquilo em momento algum da vida.
Se não existe o botão pra "não curtir" significa que quem não curte fica mesmo no silêncio. 
Ou, ao menos, deveria ficar.
Nenhum comentário impertinente deveria ser feito.
Nenhum comentário negativo deveria ser escrito.
Não gostou, ignore, passe adiante, olhe através.
Não curte o que a pessoa escreve? Exclua dos contatos.
Acha que o conteúdo escrito por você não deveria ser lido por alguém específico? Bloqueie.
Não entendo o motivo da contestação gratuita.
Não sei o motivo do descontentamento alheio pelo o que o outro escreve.
Não está feliz com a publicação das redes? Retire seu cadastro.
Não quer mais ler o que "fulano" posta? Retire dos seus contatos.
Acredito que seja mais honesto e menos indelicado agir assim.
Não sei por que tanta dor e comoção com a vida do outro.
Se o elogio  não é sincero, melhor não fazê-lo.
Não precisar criticar se não for do seu gosto.
Nunca vi tanta agressividade grátis nem tanto dedo em ferida.
Privacidade em rede social não existe mesmo.
Mas respeito, obrigatoriamente, deve existir em quaisquer relações.
Mesmo que elas sejam virtuais.


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Não era pra ser assim

Chorei sim, mas foi de raiva.
Raiva de mim mesma, antes de qualquer outra pessoa.
Ódio imenso da retidão!
Raiva por fazer o certo, por chegar na hora, não inventar desculpas, 
por cumprir meu trabalho, ser educada e tratar a todos de forma educada e lisonjeira.
Raiva por não empurrar minhas funções pra outros, por cumprir horário e por, principalmente, não conseguir fazer aquilo que é errado.
Num mundo de espertalhões, onde levar vantagem é lei, ser correto é mico.
É ser usado e manipulado por quem deseja ter benefícios ás custas de outros, com o mínimo de trabalho ou empenho.
Há quem tenha raiva e esmurre a porta, dê socos na parede, desça mão em quem aparecer na frente, grite, urre e esperneie. 
Cada qual na sua forma de extravasar.
Eu chorei. 
Como uma criança que roubaram o brinquedo, como uma surra que não foi merecida, como um castigo com destinatário errado.
Não me envergonhei de chorar.
Mas tive vergonha de fazer o certo.
Porque recebo punição por agir corretamente.
Porque pago a conta da mesa ao lado.
Porque fico triste em perceber que o valor pelo certo não existe.
Mundo torto, de gente louca.
Mas assim caminha humanidade, infelizmente.
Não vou ganhar nenhum brinde, prêmio ou mérito por fazer a minha parte.
Nem acho que a obrigação deva ser premiada.
Mas ontem me odiei por fazer o certo e me senti extremamente infeliz.
Consciência tranquila? Sempre tive. Ás custas do peito amarrotado de mágoas.
Não era pra ser assim.


terça-feira, 8 de outubro de 2013

Eu tenho orgulho!

Eu tenho orgulho!
De cada bronca que levei por responder de forma agressiva aos mais velhos que me cercavam.
De cada troco errado que minha mãe me fazia devolver a diferença.
De cada palavra feia que fui obrigada a engolir e devolver um pedido de desculpas.
De cada aula que compareci, mesmo não me sentindo muito bem, porque não queria faltar.
De cada compromisso que me fizeram honrar, para que hoje eu tivesse seriedade e responsabilidade para com meu trabalho.
De cada puxão de orelha por não tratar bem um coleguinha diferente de mim.
De cada abraço obrigado que dei em meus irmãos depois de uma briga para fazer as pazes.
Tenho muito orgulho!
De sempre respeitar quem era mais velho que eu, mesmo percebendo que a lucidez ás vezes faltava.
De não revidar a agressão, de não usar de violência, mas de responder á altura, quando fosse necessário.
Orgulho de cada amizade que fiz na infância.
De cada bom momento e crise da adolescência.
Dos finais de semana e feriados escondida em casa estudando pro vestibular.
De mais e mais finais de semana e feriados que a faculdade me consumiu.
Orgulho de cada prova e perrengue que a Universidade me fez passar pra me tornar gente.
De cada nota de prova, de não saber "colar", de conseguir o resultado por mérito próprio.
Orgulho dos pacientes que atendi e que me disseram um "obrigado" sincero e um "fica com Deus" mais sincero ainda.
Tenho orgulho de cumprir minha carga horária, não fazer esquemas, detestar mentiras e não agradar por agradar.
Eu tenho orgulho de rezar de noite e dormir com a consciência tranquila de que fiz o melhor que podia.
De ter dúvidas e inseguranças, chorar sozinha no quarto e querer sair sem rumo, quando não consigo achar as respostas...
Orgulho da minha fé e da minha religião, que embora feita de homens pecadores, busca a luz, que é Jesus.
Orgulho de ser recebida de volta onde já trabalhei com abraços e sorrisos sinceros.
Orgulho de não aceitar o que não posso fazer, sem ter vergonha por isso.
Orgulho da minha história, da minha família e de tantas outras pessoas que contribuíram de forma direta ou não para que ela se transformasse pouco a pouco.
Orgulho é um pecado que encabeça tantos outros...
Mas ás vezes penso que pode ser uma forma de ver a vida com mais brio e galhardia.