terça-feira, 28 de outubro de 2014

Por favor, um favor?

Por favor, um favor?
Me empresta? Me entrega?
Me leva? Me busca?
Me salva? Me ajuda?
Uma dica? Um favorzinho?
Tô sozinho, me faz companhia?
Vem comigo? Me adianta um?
Dá uma olhadinha? Faz uma receitinha?
Posso levar aí? Tá tarde pra vir?
Me ensina? Faz pra mim?
Dá um desconto? Resume pra gente?
Passa no meu lugar? Escreve aí?
Deposita? Inscreve? Me indica? Me apresenta?
Me arruma? Me assuma?
Os interesses escondidos atrás dos pedidos.
Nada é por nada.
Nunca é por nada.
Não é favor. É barganha.
É a pobreza da troca, o escambo.
Tem sempre um desejo
que se transforma em fumaça.
Passa, assim que é atendido.
Morre depois do interesse perdido.
Pois eu, já não me engano.
Tudo é interesse, faz parte de um plano.
Não acredito mais em ingenuidades.
Depois, vem o esquecimento.
Apenas lamento meu lampejo de bondade.
Porque neste mundo já não creio,
não me convenço, não me despenteio
por simples favores por nada.



domingo, 26 de outubro de 2014

Listas de presentes

Sempre ouvi da minha mãe, desde criança, que era feio pedir presente.
Depois de crescidinha, troquei a palavra "feio" por indelicado, deselegante.
Aprendi que realmente, não se pode exigir qualquer brinde de um convidado,
porque não se sabe de verdade as reais condições financeiras de cada um,
ou até mesmo, se existe, genuinamente, a vontade de presentear alguém.
Então me pergunto: o que seriam estas listas de presentes de casamento virtuais?
Seriam sugestões de presentes?
Preciso seguir as sugestões, independente dos preços, que muitas vezes, estão acima dos valores encontrados em outras lojas, que não estão indicadas nas listas?
Questiono: se não quiser presentear com produtos listados, tenho o direito? Quebro o protocolo?
Quem inventou a moda de "cobrar" presente?
Posso dar o presente que eu quiser?
Quem achou que dar dinheiro é a mesma coisa de dar presente?
Estou aqui queimando os miolos para entender quem inventou essas sandices!
De verdade: quando se convida alguém para uma comemoração deste nível, onde o amor, deveria ser o brilho maior da festa, os presentes ficam (ou deveriam ficar) em segundo plano.
Sou até contra as listas.
Sou pela liberdade de escolhas!
Que cada um presenteie se quiser, com o que desejar.
E se não quiser presentear, será bem vindo à comemoração da mesma forma.
Porque o que vale é o motivo da reunião e não o que se angaria com ela.



FIM





Hoje eu votei.
Obrigatoriamente.
Não escolhi o que deduzi ser o melhor.
Escolhi, entre as opções que me deram, o que eu pensei ser o menos nocivo, o menos pior.
Não tenho esperança de solução milagrosa para o país.
Tampouco, levanto bandeira de partido ou qualquer candidato.
Não me associo a nenhum deles, pois não me representam.
Não creio que o desejo de governar pelo povo seja legítimo.
O que todos querem no fim das contas é o benefício próprio,
o enriquecimento ás custas do povo, o poder.
E quando vejo os eleitores rivalizando entre si por este motivo, de forma irracional,
me entristeço.
E concluo que o problema maior do país é sua população.
Intolerância, ignorância e falta de maturidade para entender as divergências de opinião, incapacidade de compreender a escolha alheia, sem levar para o lado pessoal, sem se ofender, sem agredir o outro.
Quando percebo que a guerra eleitoreira se assemelha á briga entre torcedores fanáticos de futebol (bem conhecidos, diga-se de passagem), que se espancam e se matam só por serem torcedores de lados opostos, percebo que não posso exigir dos governantes, porque o povo que o elege ainda é a tribo de índio que recebeu Cabral.
Não elegi o atual presidente, nem por isso concordei com as vaias que recebeu.
Fui ás ruas, pela minha classe e pelo que achei justo e digno.
Mas nem por isso cobrei dos outros o que acredito que precise partir de mim: educação e respeito.
Nessas eleições, descobri o que anda em falta na vida do brasileiro.
Mesmo que se mude o governo, se a mentalidade da população continuar igual, não vislumbro crescimento nem desenvolvimento para o país.
Infelizmente.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Proibido estacionar

Ontem tive meu carro guinchado.
Estacionei em lugar indevido e em poucos minutos- 5 minutos, na verdade- após o estacionamento o carro foi levado embora.
Não vou discutir aqui o óbvio: estacionar em local indevido é infração que recebe a punição devida, embora tenha sido displicência minha não ter reparado a placa de carga e descarga e não ter sido ação proposital parar em área proibida.
Enfim, descobri que existe sim um máquina de multas e um sistema que ri (gargalha) da cara da gente.
Sistema este feito para absorver do usuário o máximo de dinheiro que puder, em curto espaço de tempo. E não, não tem mesmo função educativa, para que o indivíduo não repita o erro.
Fica sim, um guarda de trânsito a postos, esperando que alguém ocupe a vaga proibida.
O tempo entre o estacionamento e a chamada do reboque é muito curto.
O guarda não tem a menor educação para informar o local do depósito para que o carro seja retirado e nem como isso pode ser feito de forma rápida. O que ele escreveu no papel da infração era ilegível, inteligível e as boas maneiras, se as tem, deixou em casa com certeza.
Começa então a saga para resgatar o automóvel.
Internet: informações falhas a respeito de como ter de volta seu veículo, endereços desatualizados.
Telefone: impossível ser atendido... Inúmeras ligações e nenhum sucesso. O povo é surdo e não escuta telefone ou está no modo mudo e não toca mesmo...
Ciretran: funciona, mas mesmo depois do carro ter sido levado e não estar cadastrado no sistema como veículo apreendido, eles não conseguem fazer a guia de liberação.
O dono do carro precisa ligar, isso mesmo, telefonar para o depósito de veículos (que funciona de 8h ás 20h- o que ninguém também sabe informar) e pedir- isso mesmo- que ele faça a gentileza de cadastrar o veículo no sistema para que o moço do Ciretran emita a liberação.
Quanto mais tempo o carro ficar no depósito, maior o valor da diária. Logo, se a demora em cadastrar o veículo como apreendido for grande, maior o tempo gasto em tentar recuperá-lo e maior o custo.
Depois de cadastrado no sistema, é necessário pagar um boleto com o valor da diária, do reboque (por km percorrido) e do guincho. Não é barato, tem que ser no banco do Estado para que o registro de pagamento seja efetuado na hora. Se for em outro banco, leva 1 hora...
Após pagamento, voltar ao Ciretran com 3 cópias da carteira de habilitação, dos documento do veículo.
A simpatia no atendimento merece comentários á parte... Não quer trabalhar no setor? Pede as contas e vai ser feliz! Distribuir amargura pro mundo não é bacana...
Vi muita gente voltando pra casa sem conseguir resolver seu problema porque faltava uma cópia, um papel, uma assinatura, enfim... burocracia desmedida.
E a forma como tratam as pessoas que tem menos esclarecimento é aviltante...
Senti mistura de vergonha pelo atendente e piedade pelo (mal) atendido.
O depósito fica num reino tão, tão distante, no rancho fundo, bem pra lá do fim do mundo.
Mais um lugar de atendimento ruim (pra variar), depois de longa viagem.
A intenção não é para que o usuário nunca mais cometa a infração.
É para que ele tenha vergonha de morar na cidade, Estado e País onde vive: sistema de informação e trânsito mal estruturado, ultrapassado, que condena quem dele se utiliza.
Se com informação a seu favor já é difícil, imagina então quando não se sabe onde obter as respostas para o passo a passo acima descrito.
Por isso o depósito é um verdadeiro cemitério de carros.
É fácil desistir do resgate, se o carro não valer muito a pena.


sábado, 11 de outubro de 2014

O Médico



O médico é um ser estranho: sempre correndo, dorme pouco, se alimenta quando consegue tempo, está sempre cansado (a maioria), emendando plantões e trabalhos.
Tem família, mas não consegue ficar muito tempo com ela e nem participar ativamente dos eventos que ela (a família) organiza e frequenta.
Mas a escolha foi dele, alguns dirão. Ninguém escolhe ficar longe dos seus, nè? Vamos combinar!
O médico tem amigos. Normalmente, trabalham com ele. Não sobra muito tempo para amizades fora do circuito hospitalar...
Tem sempre mais de um emprego e não é por ganância ou vontade absurda de enriquecer.
Geralmente, os empregos são para pagar as contas - várias- que todos têm e precisam ser quitadas.
A propósito, o médico paga contas. Logo, precisa de salário. Aluguel, condomínio, plano de saúde (sim, ele paga!), água, luz, telefone, prestações, escola de filhos, etc e etc. Contas e contas.
Não, a medicina não é sacerdócio ou doação ilimitada.
Para quem não sabe, o sacerdote (padre ou pastor) também recebe seus honorários.
Ninguém trabalha de graça. Professores, fisioterapeutas, manicures: todos trabalham pelo salário, por mais realização pessoal que a profissão desperte.
E por falar em sacerdócio, alguns pastores e algumas Igrejas detém verdadeiras fortunas. (Embora a Bíblia pregue a modéstia e a simplicidade... Mistério.) Todos recebem: bem ou mal.
O médico dorme. Tem sono como a maioria das pessoas, mas sempre dorme menos do que precisa.
O médico precisa das refeições diárias como o resto das pessoas que compõe a humanidade.
Porém, fazer todas as refeições nos horários determinados é quase loteria.
Algumas pessoas acham absurdo que o médico faça intervalo de almoço, lanche ou jantar durante o expediente. Rola até "barraco".
Mas o advogado, o gari, a faxineira e o porteiro também fazem os horários de intervalos do trabalho para a alimentação. Não compreendo o preconceito...
O médico vai ao banheiro. Números 1 e 2,  como qualquer ser mortal que recebe o chamado da natureza. Embora muita gente se irrite quando isso acontece. Não sei o porquê.
O médico passa a maior parte do tempo resolvendo os problemas de outras pessoas.
Os problemas próprios, não sei quem soluciona.
Até porque, não dá pra fazer as 2 coisas ao mesmo tempo...
O médico dá notícias boas e ruins. Algumas são tão más que estragam o dia de todo mundo - dele e dos pacientes... Dizer que ele foi treinado pra fazer isso só pode ser brincadeira!
Ninguém é treinado para achar a doença e a morte normal, quando se preza e se trata da vida.
O médico adoece. E muitas vezes vai trabalhar doente, porque não consegue alguém para substituí-lo a tempo.
Ás vezes, ele está de atestado. Algumas doenças precisam mesmo de afastamento, até para poupar quem com ele convive no momento da enfermidade...
O médico precisa descansar.
O descanso possibilita melhor concentração e melhor raciocínio.
O piloto de avião também precisa de descanso. E eu teria medo de voar, sabendo que o piloto tivesse passado a noite acordado, por qualquer motivo que fosse. Por analogia, o pensamento deveria ser o mesmo.
O médico sofre as pressões do sistema de saúde (falido), seja ele público e particular, da falta de vagas, de medicamentos e das condições precárias de trabalho. Ar condicionado, poltrona confortável e secretária levando cafezinho é uma realidade de novela.
Se o atendimento demora, se o plano está em carência, se não tem como agendar consulta, marcar o exame ou conseguir a autorização- juro- não é culpa dele.
Falando em novelas, o médico não pode falsificar prontuários, trocar bebês, receber suborno para emitir laudo falso de DNA ou exame de gravidez, nem assediar enfermeiros.
Além de um juramento, existe um Conselho que regulamenta a profissão e investiga e pune o que estiver fora dos propósitos éticos.
Mas como o médico é gente, tipo ser humano mesmo, ele erra.
Às vezes, erra tentando acertar. Outras vezes, erra de propósito.
Até porque, diz o ditado que é humano errar... E se médico é gente, logo...
Há médicos ótimos, de boa índole e caráter ilibado, profissionalmente gabaritado, competente e resolutivo e infelizmente, médicos que não são assim tão bons de caráter, limitados e de difícil trato. Mas até onde sei, há gente de má índole e não tão bem capacitados ocupando cargo na polícia, no senado, nas escolas, na quitanda da esquina, etc e tal. Normal também. Infelizmente não há só santos no mundo... Uma pena!
O médico chora, fica triste, perde a esperança, quer sair correndo e voltar pra casa quando o dia parece não dar muito certo. Ri, conta piada, ouve música, cantarola. Creio que qualquer um tenha assim uns rompantes de agonia, e alegria né?
O médico não deve atender por telefone, meios de comunicação em geral ou através de terceiros. É proibido pelo Conselho.
Sabe aquela "olhadinha"? Chama: atendimento, consulta. Demanda tempo, raciocínio, trabalho.
Do mesmo jeito que não dá pra degustar o cardápio do restaurante sem pagar o prato e não dá pra pedir carona pro taxista e sair do carro sem pagar o trajeto. Funciona da mesma forma.
O motivo do texto é simples, óbvio, ululante: chamar a atenção de muita gente que nunca pensou como a vida do outro funciona.
Com o dia do Médico se aproximando, cheguei á conclusão (triste) que não se tem grandes motivos para comemoração. O respeito para com a profissão e com o profissional andam escassos, falar mal de médico virou rotina e parece mesmo que o médico é o vilão da história.
Amo o que faço, mas confesso que ando descrente de melhora diante do cenário atual: intolerância e desrespeito fazendo a imagem da medicina ser pisoteada dia após dia.
Gostaria de que o pensamento fosse simples assim: empatia.
Haveria mais felicidade para todos se fosse assim.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Outubro Colorido

Começou outubro e decidi vestir rosa, todos os dias.
Mesmo que um detalhe apenas dessa cor, para lembrar da proposta de sensibilizar as pessoas na luta contra o câncer de mama.
Quem já viu de perto a doença ou conviveu com alguém que passou por ela sabe da importância de uma dica, de uma informação que , muitas vezes ajuda na prevenção e no diagnóstico precoce.
Além de fortalecer aqueles que ainda estão lutando pela  vida numa batalha árdua e feroz.
Pois bem. Relembrei mentalmente tudo o que havia de rosa no guarda roupa, pra que ficasse mais fácil na hora de usar: lenços, saias, vestidos, blusas, camisas, sapatos, cintos, brincos, bolsas e sim, descobri em mim uma pantera cor de rosa, uma verdadeira Hello Kitty, uma Barbie.
Mas o tempo virou, a chuva surgiu, o vento ventou.
E na pressa de sair pra trabalhar, na correria de votar, na intenção de fugir do frio e da chuva, o rosa se esvaiu...
Quando me dei conta, já estava de azul, segurando a saia na ventania; de vermelho, que não precisava do ferro de passar; de branco, porque o sapato que poupava os pés não ia "ornar" com outra cor mesmo; cinza com lenço colorido, amarelo, verde... enfim. 
Nenhum rosa rolou em homenagem á campanha de outubro.
E concluí que a vida é assim mesmo, intensa e colorida, cheia de mudanças: de tempo, de clima, de planos, de humor, de trajetórias, de vontades.
E por mais que queiramos tudo cor-de-rosa, não tem jeito... As intercorrências aparecem a trocam as cores: da vida, da alma e dos sentidos.
Restou-me apenas querer ser luz - a reunião de todas as cores- e num abraço colorido, mesmo que virtual, para desejar um outubro doce e rosa, cheio de vida para quem precisa dela e cheia de cores para quem precisa sair da escuridão.