sábado, 29 de maio de 2010

Reciclagem

Onde posso guardar o que extravasa?
Onde pouparei o que extrapola?
Esta pequena grande mola de engrenagem do mundo me emperra.
Quero outro planeta pra viver que não seja a Terra.
Quero outras possibilidades que não estas.
Onde desprezo o que trago comigo?
Onde escondo o que salta aos olhos de todos?
Minto pra mim, fingindo estar tudo traquilo, quando bem sei que aquilo que me incomoda ainda está lá, fincado, como um espinho no dedo de quem colhe a flor.
E a ferida dói bastante, por que o sangue estancado não mais vaza, mas a lembrança da dor ainda existe e a cicatriz do momento permanece por longo tempo...
O que faço com tudo o que mantenho guardado?
Jogo fora? Viro pro lado e ofereço pra quem passar?
Onde posso despejar carga tão preciosa?
Um pedaço de mim tem que ir embora, mas não sei ainda como deixar partir.
Preciso me reciclar...
Transformar resíduo em arte, azar em sorte, transtrono em felicidade, sono em vigília, tristeza em alegria, passado em velhas lembranças, sentido em não mais sentir...

Um comentário:

  1. dificil mas possivel! doloroso porém prazeroso, cansativo porém confortante....
    vale a pena! e qdo não der p/ reciclar, despeja no planeta que ele resolve.......rs

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