quinta-feira, 11 de julho de 2013

Missiva cardíaca



Oi, coração!
Depois de tanto tempo, mando notícias.
Sei que ando displicente, na verdade, um pouco ausente,
não tendo tempo para lhe escutar.
Resolvi me afastar porque descobri que não combinamos.
Estamos em diferentes planos, razão e emoção assim, juntas, não vai funcionar.
Escutei seus apelos, uns barulhos estranhos,
uma batidas nervosas, deixei você se acalmar.
Acho que não pensa direito e que aí, dentro do peito, só consegue esbravejar.
Como a parte lógica me cabe, resolvi tomar o controle.
Acredito que assumindo as funções, tudo adiante melhore.
Não reclame da falta de sensibilidade.
Pensa na parte que lhe cabe: manter a vida seguindo.
Agora sou eu quem faz as regras, 
quem define quem sai e quem entra, 
quem precisa de maior ou menor atenção.
Tentamos dividir as tarefas, mas egoísta, você protesta
e ocupa um espaço maior que deveria ter.
Define tudo sem critério, leva tudo muito a sério,
se machuca com frequência e tenho que ter paciência,
colar todos os cacos, amarrar os seus pedaços,
para, de novo, tudo funcionar.
Cansado de consolar suas mágoas e recolher sua lágrimas.
Sou eu agora quem vai mandar.
Acho melhor mantermos contato restrito,
cartas e mensagens de quando em vez.
Nada de conversas diárias, não quero virar freguês.
Quero continuar dando as ordens
e que você cordialmente obedeça.
Cresça diante dos fatos, aprenda com as consequências de seus atos
e mantenha seu serviço vital.
Não quero mesmo seu mal.
Quero apenas um pouco mais de sossego.
No fundo, eu, cérebro, sinto medo,
dos estragos que você pode causar.
Continuamos, então,  amigos, não como antes.
Tentarei levar adiante projetos de um futuro em paz.
Mando um abraço, não muito apertado.
Não quero que fique emocionado com despedidas,
como sempre faz.
Desejo saúde e sucesso, aviso que fico por perto,
pois sei que pode ainda precisar.

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