quinta-feira, 20 de junho de 2013

Meu manifesto

Eu não vou para a rua.
Tenho verdadeiro pânico quando vejo aquele mar de gente e, me imagino lá no meio, como o elo fraco da corrente, sendo o primeiro a ser rompido no caso de alguma confusão.
Definitivamente, Deus me fez frouxa para manifestações e protestos de rua.
Apóio e acredito na legitimidade de quem protesta buscando melhores condições de trabalho, transporte, saúde e educação. Ainda mais se falando de Brasil, país acomodado, apático e vitimizado por tantos governos durante tantos e muitos anos...
Acho que as reivindicações são pertinentes, que a população vive oprimida por encargos tributários imensos e goza muito pouco de recursos provenientes de tanta arrecadação, que há uma desigualdade social gritante, uma distribuição de renda injusta que transforma o país gigante em um menino acuado, de fraldas e chupetas.
O país hoje parou.
O futebol ficou em segundo plano, no meio de um campeonato de amplitude e divulgação mundiais; o noticiário foi a tarde inteira e noite adentro, e chega a ser emocionante ver a multidão enchendo ruas, declarando sua indignação e demonstrando vontade de mudança.
Sabe-se, porém, que nem todo mundo que vai para as ruas tem o objetivo de protesto pacífico.
São pequenos grupos de baderneiros, que se aproveitam do movimento para destruir monumentos, incendiar ônibus, invadir instituições.
O que me preocupa, é que os pequenos grupos são muitos e espalhados por vários cantos do país.
Logo, o pequeno grupo se transforma em um número considerável de pessoas.
E me pergunto: que mudanças posso esperar de um país cuja população- mesmo que parte dela- usa de violência para exigir seus direitos?
Como almejar êxito nas reivindicações se há ainda quem pense que apedrejar o patrimônio público- ou privado, que seja- significa transformar a situação atual em algo melhor?
Sempre tem um infeliz que joga pedra, queima bandeira, quebra vidros e faz todo o movimento perder a razão de existir.
Sim, todo ato de violência é ausente de razão. Agressão é ato vazio de ideias.
Quem vai ás ruas hoje é quem tem um pouquinho mais de instrução e esclarecimento.
Há ainda quem esteja em casa, sem condições de transporte de sair de lá, sem luz elétrica, nem água encanada. Jamais vai sequer pensar que um protesto assim acontece por outras bandas, quanto mais participar de um.
Até o manifesto num país como o nosso é excludente.
Como é excludente a saúde, a educação e a segurança.
Mais importante que ir ás ruas é exigir os direitos de cidadão diariamente.
É recusar o emprego arranjado, o nepotismo, a vaga cedida, o lugar guardado na fila.
É não se importar em se indispor com alguém por denunciar injustiças e ações corruptas.
É não permitir que governantes inescrupulosos adentrem a nossa casa oferecendo farinha, cimento, dentadura e emprego fácil.
É cobrar o que foi prometido, lembrar do estrago que foi provocado e buscar punição sempre.
Fácil apontar os erros e se eximir da culpa.
Se a situação atual do país chegou em um ponto crítico de insatisfação,como percebido nos últimos dias,  todos temos parcela importante de contribuição. 
Indo ás ruas ou não.


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