terça-feira, 28 de outubro de 2014

Por favor, um favor?

Por favor, um favor?
Me empresta? Me entrega?
Me leva? Me busca?
Me salva? Me ajuda?
Uma dica? Um favorzinho?
Tô sozinho, me faz companhia?
Vem comigo? Me adianta um?
Dá uma olhadinha? Faz uma receitinha?
Posso levar aí? Tá tarde pra vir?
Me ensina? Faz pra mim?
Dá um desconto? Resume pra gente?
Passa no meu lugar? Escreve aí?
Deposita? Inscreve? Me indica? Me apresenta?
Me arruma? Me assuma?
Os interesses escondidos atrás dos pedidos.
Nada é por nada.
Nunca é por nada.
Não é favor. É barganha.
É a pobreza da troca, o escambo.
Tem sempre um desejo
que se transforma em fumaça.
Passa, assim que é atendido.
Morre depois do interesse perdido.
Pois eu, já não me engano.
Tudo é interesse, faz parte de um plano.
Não acredito mais em ingenuidades.
Depois, vem o esquecimento.
Apenas lamento meu lampejo de bondade.
Porque neste mundo já não creio,
não me convenço, não me despenteio
por simples favores por nada.



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