sábado, 24 de julho de 2010

Armadura

O que me conquista é o grande pouquinho diário,
que faz sentir o quanto é cara e valiosa a atenção ofertada...
Sei que me escondo atrás de um muro alto, de aparência rude e hostil
e muitas vezes, me aflige esta barreira por mim imposta.
Tornei-me forte pela vida, desviando de flechas, fugindo dos cortes,
fechando feridas, esperando pacientemente a cicatrização...
Alguns tombos deixam sequelas, quedas deixam marcas, histórias deixam lembranças e, algumas delas, fazem surgir lágrimas...
Se hoje obeservo muito e falo pouco, ou demonstro ainda menos o que sinto e desejo
é porque quero apenas manter-me íntegra. Somente isto.
Sei que fechada em mim mesma não permito visitas, impeço a passagem alheia, ponho obstáculos a circulação.
Mas é assim que faço minha teia e filtro quem vai, quem vem, quem segue e quem fica.
Peço desculpas se o riso é irônico, se o comentário é sarcástico, se o olhar é deboche,
se a convicção sobrepuja as mais diversas tentativas de diálogo.
Às vezes me calo quando deveria falar. Mas falo mais quando poderia calar...
Eu sou assim: esquisita, meio aflita para me permitir, para me deixar ser...
Respeito minhas vontades, obedeço meus desejos, mas admito: sou refén dos meus medos...
Esta armadura pesada e escura que carrego comigo é apenas uma forma estranha de me proteger.

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