Ela entrou na loja decidida do que procurava.
Nem se percebia de fora que internamente o ambiente era tão espaçoso.
Quem olhava, inicialmente pensava se tratar de um cantinho qualquer.
Dentro, era um grande depósito.
Muitas prateleiras e bancas. Parecia uma feira livre, com ofertas expostas a preço de banana.
Ela ficou extasiada com tanta opção. Tamanhos, desenhos, formatos e cores variados.
No meio de tanta diversidade até perdeu o foco do que inicialmente iria procurar.
Tentou recobrar os sentidos e foi olhando com atenção o que lhe era exposto, mas sem esquecer do propósito.
Olhou por cores, por tamanhos...
Encantou-se com todos.
Parou na primeira estante. Experimetou o modelo.
Era do jeito e da cor que queria, mas não cabia no pé.
Pediu então á moça que a abservava que procurasse pelo seu tamanho em outra estante.
Depois de algum tempo, a vendedora voltou de mãos vazias.
Infelizmente não havia seu número naquele modelo.
Passou então para outra parte da loja. Gostou logo de uma peça colorida, mas só um pé estava exposto.
Coube perfeitamente. Mas onde estaria o outro pé?
Pediu ajuda novamente á vendedora, que depois de algum tempo voltou de mãos vazias.
Não sabia explicar, mas curiosamente, só havia aquele exemplar.
Ela não poderia levá-lo para casa...
Tentou então uma banca repleta de coisas reviradas.
Procurou, mexeu, insitiu, até que encontrou algo que chamou sua atenção.
Coube no pé, era do seu tamanho, mas a cor não a agradou.
Perguntou á moça que estava ao lado se existia outras cores que pudesse escolher.
A vendedora saiu á procura do pedido feito, e depois de pouco tempo voltou dizendo que só havia aquela cor. Sem possibilidade de escolha.
Frustrada, observou ao redor sem muito interesse.
Será que entre tantas cores, formatos e modelos não haveria algum que contemplasse seu desejo?
Que fosse do seu tamanho, no modelo desejado, que não provocasse desconforto e que a cor fosse do seu agrado?
Sentou no puf da sala de provas, meio cansada da procura, recuperando as forças para seguir o caminho de casa.
Eis que se deparou com um sapato jogado no chão, o par amarrado por uma tira de nylon, escondido do olhar menos atento.
Não era do jeito que procurava, mas o modelo era diferente, impressionava pela ousadia das cores, posuía uma beleza diferente.
Resolveu provar. Ficou surpresa pelo conforto. Cabia perfeitamente no pé.
Mas o preço... era exorbitante!
Será que valia o que pediam pelo produto?
Levantou-se, guardou o par de sapatos na prateleira, ergueu-se em direção á porta de saída e foi caminhando devagar.
Descobriu que o poder de resolução e de decisão facilitam a vida, desde que se consiga adaptá-los ás situações que nos apresentam.
Tentar satisfazer os próprios desejos muitas vezes implica em tornar-se um pouco infeliz, se não podemos modificar nossas escolhas frente ás opções que existem...
Conclusão da história: Não existe sapato perfeito, tampouco pessoa perfeita. O que realmente existe é a capacidade de gostar e aceitar o que se mostra diferente daquilo que criou nossa imaginação. Podemos usar cores, modelos e até tamanhos diferentes do que esperávamos encontrar. Conviver e amar pessoas diferentes do que nosso padrão de perfeição estipula.
Desde que seja uma escolha confortável e feliz.
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