sábado, 31 de julho de 2010

Pessoas

Há pessoas que são pássaros: voam, voam e espalham cor e canto por onde passam.
Há pessoas que são árvores: sombra e frutos, raízes profundas, estabilidade e fortaleza.
Há também quem seja mato: aparece em qualquer lugar, ocupa todos os espaços, como erva daninha que não tem fim...
Há aquelas que são flores: perfume suave, presença inebriante, atraem pássaros, abelhas, admiradores, mas possuem vida breve. Se faltar luz, água e carinho, murcham pouco a pouco...
Há pessoas que são tatuagem: ficam eternamente na gente e a simples visão do desenho traz a mente toda a lembrança de volta...
Há quem se pareça com peixes: nado fácil, caminho definido, vida saudável, longevidade...
Há também quem seja borboleta: antes da multiplicidade de cores presentes nas asas e nos vôos precisam antes ser lagarta, ser casulo, para depois poder surgir vibrante.
Outras pessoas são cimento: aproximam, tornam a liga mais forte e duradoura, fazendo as paredes firmes...
Há pessoas que são estrelas: brilham longe, mas sempre presentes. Basta olhar pro céu e saber que estão lá, zelando à distância...
Há pessoas cometa: visitam a terra rapidamente, causam comoção geral e depois seguem seu destino, visitando outros planetas, sem data certa de retorno...
Há pessoas caneta: escrevem histórias que não se apagam... Registro para a vida inteira...
Há pessoas que parecem filme: enredo inacreditável, com possibilidades inusitadas e desfecho imprevisível...
Há pessoas de todos os tipos, de todos o jeitos...
Pessoas-curativo, pessoas-chiclete, pessoas-cabide, pessoas-casaco...
Basta um pouquinho de atenção para observar quem está ao nosso lado e definir.
E você?
Que tipo de pessoa é?

domingo, 25 de julho de 2010

Minhas descobertas

Descobri que não sou teimosa; sou convicta.
Não sou Dama; sou Drama.
Não peço favores; choramingo ajuda.
Não durmo; sou abduzida para outra dimensão.
Não reclamo; reinvindico.
Não tenho fome; tenho urgência de amenizar desconfortos.
Não tenho cansaço; tenho sofrimento.
A falta de sono é angústia.
Não dormir é desespero.
Leitura é rapidez.
Falar é respirar.
Abraço para mim, não é só carinho; é amparo.
Bom entendedor é um alívio.
Para mim, carinho é cuidado. E cuidado é afeto.
Afeto é amor e amor é para sempre.
Não ter que dirigir é um presente.
Não sou infantil; apenas não participo plenamente da vida adulta.
Não me incomodo facilmente; finjo ser imune a qualquer situaçao estranha.
E tem mais: minhas descobertas não terminam por aqui...

sábado, 24 de julho de 2010

Armadura

O que me conquista é o grande pouquinho diário,
que faz sentir o quanto é cara e valiosa a atenção ofertada...
Sei que me escondo atrás de um muro alto, de aparência rude e hostil
e muitas vezes, me aflige esta barreira por mim imposta.
Tornei-me forte pela vida, desviando de flechas, fugindo dos cortes,
fechando feridas, esperando pacientemente a cicatrização...
Alguns tombos deixam sequelas, quedas deixam marcas, histórias deixam lembranças e, algumas delas, fazem surgir lágrimas...
Se hoje obeservo muito e falo pouco, ou demonstro ainda menos o que sinto e desejo
é porque quero apenas manter-me íntegra. Somente isto.
Sei que fechada em mim mesma não permito visitas, impeço a passagem alheia, ponho obstáculos a circulação.
Mas é assim que faço minha teia e filtro quem vai, quem vem, quem segue e quem fica.
Peço desculpas se o riso é irônico, se o comentário é sarcástico, se o olhar é deboche,
se a convicção sobrepuja as mais diversas tentativas de diálogo.
Às vezes me calo quando deveria falar. Mas falo mais quando poderia calar...
Eu sou assim: esquisita, meio aflita para me permitir, para me deixar ser...
Respeito minhas vontades, obedeço meus desejos, mas admito: sou refén dos meus medos...
Esta armadura pesada e escura que carrego comigo é apenas uma forma estranha de me proteger.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Na noite

Escrevo no escuro.
Escolho as palavras.
O sono não chega,
A noite não passa.
O silêncio é quebrado
Pelos sons da tv e do rádio.
Gasto as poucas folhas
em branco que restam.
Aproveito a vontade infinita que nasce.
Quero que nunca seja tarde
Para dizer o que quero contar.
O tempo parece um cometa...
Eu queira ser uma estrela, lá longe,
Sempre viva no brilho,
Inatingível pelos problemas da terra...

domingo, 18 de julho de 2010

Paradoxo

Amo o que detesto.
Inicialmente, abomino aquilo que posteriormente me cativa.
Desenvolvo ojeriza pelo que me agrada.
Tenho antes repulsa, para depois demonstrar interesse.
Odeio o que escolho.
Depois, adoro o que repeli.
Não compreendo como posso afastar o que não me imagino sem.
Tem que haver primeiro um certo desânimo para eu me animar...
O boicote que faço a mim mesma, ainda é um mistério...
O desejo oculto é me afastar de tudo o que eu possa talvez gostar.
Não sei como posso ser este complicado paradoxo...
Explicação ainda não encontrei...
Por que o que eu gosto se encosta no que não quero gostar.

Preciso

Preciso sentir saudade.
Necessito da sensação do vazio.
Daquele aperto interno que provoca medo...
Preciso saber que estou sozinha
Para querer companhia.
Sentir que há espaço sobrando
Para ser totalmente ocupado...
Preciso do desconforto da ausência
Para querer a plenitude da presença.
Querer o peito cheio de nada
Na urgência de tê-lo repleto de tudo...
Querer a expectativa do encontro
Para a certeza de que valeu a espera.
Preciso me sentir isolada
Para tentar ser querida.
Sentir-me preterida
Para buscar ser amada.
Não quero estar completa.
Nunca quis.
Preciso ser complementada.
Ser completo é estar pronto, pleno.
Preciso de algo que me adicione...
Porque ser completo é apenas não ter espaços vazios.
E eu preciso mesmo é de transbordar.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Várias

Às vezes me pergunto
Se a instabilidade é parte constante
da personalidade vibrante
que insistiu em vir comigo.
Mudança de idéias, de face, de humor
Mudança de dias, de ares, mudanças...
Apenas essa é a constância
Que comigo permanece.
Reinvento-me a cada manhã.
Como se outra em mim nascesse.
Custo a reconhecer-me,
algumas vezes, no decorrer do dia.
Várias de mim se apresentam
E descubro que tenho mais uma nova faceta.
Também me mostro de outra forma
até então escondida, oculta.
Surpreendo-me com minhas respostas
Porque me vem tão prontas
que parecem não produzidas por mim.
Imagino que ficam suspensas
e a cada vez que respiro integram-se ao meu corpo.
Sei apenas que ouço as palavras repetidas
e não reconheço como parte de minha fala.
Calam-se algumas de mim e outras tantas permanecem.
E muitas outras vão surgindo a cada minuto que segue...

domingo, 11 de julho de 2010

Sacola de superpoderes

Sabe o que eu queria?
Uma sacola de superpoderes.
Assim, quando quisesse resolver um problema, enfiaria a mão na sacola
e lá de dentro viria a solução.
Se estivesse muito atrasada ou se quisesse alterar o curso de alguma coisa, pegaria uma ampulheta, que virada na horizontal faria o tempo parar...
Para não me estressar com o trânsito, da sacola tiraria um aparelhinho que caberia na mão, me informando para qual lugar poderia me teletransportar... Sem invasão de privacidade!
Tiraria da sacola um óculos poderoso e conseguiria enxergar através das coisas, tipo visão de raio x mesmo...
Ou então, um pó mágico que daria muito sono quando pulverizado em alguém e... adeus, chatice alheia!
Um medalhão colorido de forma psicodélica que causasse hipnose: seria apenas algumas voltas e um apagão de memória estava feito! Veja só que perfeito!
Uma varinha de condão também seria muito bem-vinda.
Transformar objetos, mudar formas e cores de forma simples e barata! Olha que mamata?!
Ainda teria nesta sacola um controle remoto universal.
È sempre bom poder coordenar o que se assiste...
Uma bússola GPS: nunca mais me perderia pelas esquinas da vida!
Uma pílula de aquecer: com um gole de água, nunca sentiria frio!
Um casaco invisível: ninguém me enxergaria naqueles dias em que não quisesse ser vista!
E um capacete de telepatia, é claro! Nada melhor que descobrir o pensamento ao lado...
Mas a sacola de superpoderes ainda habita apenas meu imaginário.
Pelo menos hoje pude dividir meus desejos insanos com alguém.
Se outras pessoas compartilharem da idéia, sejam bem-vindas!
Muito bom poder sonhar um pouquinho!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O tempo

Tenho pouco tempo e uma infinidade de afazeres e desejos.
Se reajo esbravejando com o tempo, o perco de qualquer jeito.
Então, resolvi fingir que ele não existe.
Que os compromissos não tem data e nem hora determinadas.
Apenas precisam ser cumpridos.
O relógio é um adereço, um enfeite que ornamenta o pulso.
E o pulso é a única conta que faço qustão de cronometrar.
Faltam horas no meu dia.
Faltam minutos pro meu sono.
E se escuto o despertar me chamando
È por que o tempo me grita a todo instante.
Ufa! O tempo voou...
Está na hora de parar por aqui...
Meu tempo de escrita já acabou.
Outra atividade me chama ...
O tempo aqui já expirou!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Fábula do Sapato

Ela entrou na loja decidida do que procurava.
Nem se percebia de fora que internamente o ambiente era tão espaçoso.
Quem olhava, inicialmente pensava se tratar de um cantinho qualquer.
Dentro, era um grande depósito.
Muitas prateleiras e bancas. Parecia uma feira livre, com ofertas expostas a preço de banana.
Ela ficou extasiada com tanta opção. Tamanhos, desenhos, formatos e cores variados.
No meio de tanta diversidade até perdeu o foco do que inicialmente iria procurar.
Tentou recobrar os sentidos e foi olhando com atenção o que lhe era exposto, mas sem esquecer do propósito.
Olhou por cores, por tamanhos...
Encantou-se com todos.
Parou na primeira estante. Experimetou o modelo.
Era do jeito e da cor que queria, mas não cabia no pé.
Pediu então á moça que a abservava que procurasse pelo seu tamanho em outra estante.
Depois de algum tempo, a vendedora voltou de mãos vazias.
Infelizmente não havia seu número naquele modelo.
Passou então para outra parte da loja. Gostou logo de uma peça colorida, mas só um pé estava exposto.
Coube perfeitamente. Mas onde estaria o outro pé?
Pediu ajuda novamente á vendedora, que depois de algum tempo voltou de mãos vazias.
Não sabia explicar, mas curiosamente, só havia aquele exemplar.
Ela não poderia levá-lo para casa...
Tentou então uma banca repleta de coisas reviradas.
Procurou, mexeu, insitiu, até que encontrou algo que chamou sua atenção.
Coube no pé, era do seu tamanho, mas a cor não a agradou.
Perguntou á moça que estava ao lado se existia outras cores que pudesse escolher.
A vendedora saiu á procura do pedido feito, e depois de pouco tempo voltou dizendo que só havia aquela cor. Sem possibilidade de escolha.
Frustrada, observou ao redor sem muito interesse.
Será que entre tantas cores, formatos e modelos não haveria algum que contemplasse seu desejo?
Que fosse do seu tamanho, no modelo desejado, que não provocasse desconforto e que a cor fosse do seu agrado?
Sentou no puf da sala de provas, meio cansada da procura, recuperando as forças para seguir o caminho de casa.
Eis que se deparou com um sapato jogado no chão, o par amarrado por uma tira de nylon, escondido do olhar menos atento.
Não era do jeito que procurava, mas o modelo era diferente, impressionava pela ousadia das cores, posuía uma beleza diferente.
Resolveu provar. Ficou surpresa pelo conforto. Cabia perfeitamente no pé.
Mas o preço... era exorbitante!
Será que valia o que pediam pelo produto?
Levantou-se, guardou o par de sapatos na prateleira, ergueu-se em direção á porta de saída e foi caminhando devagar.
Descobriu que o poder de resolução e de decisão facilitam a vida, desde que se consiga adaptá-los ás situações que nos apresentam.
Tentar satisfazer os próprios desejos muitas vezes implica em tornar-se um pouco infeliz, se não podemos modificar nossas escolhas frente ás opções que existem...

Conclusão da história: Não existe sapato perfeito, tampouco pessoa perfeita. O que realmente existe é a capacidade de gostar e aceitar o que se mostra diferente daquilo que criou nossa imaginação. Podemos usar cores, modelos e até tamanhos diferentes do que esperávamos encontrar. Conviver e amar pessoas diferentes do que nosso padrão de perfeição estipula.
Desde que seja uma escolha confortável e feliz.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Artifícios

Se eu pudesse contar o segredo por aí
Faria muita gente feliz.
Mas não posso pôr em altofalantes o caminho da felicidade...
È fórmula bem simples,
pequenina, cabe na palma da mão.
Parece o céu azul
E consegue realmente fazer andar em nuvens...
Custo baixo, efeito radiante.
Mais resultados que efeito colateral.
Tive sorte de encontrá-la.
E de reencontrá-la quantas vezes foi preciso.
Não acredito que seja para sempre.
È apenas um impulso inicial para o vôo pleno.
Todo começo precisa de um estímulo.
Encontrei o meu de forma rápida.
Quisera dividir este segredo...
Muita tanta gente seria agraciada pela alegria de estar vivo...
Por isso, digo e repito: ás vezes é necessário lançar mão de artifícios.

sábado, 3 de julho de 2010

Dia seguinte

A chuva traz a serenidade e a ceitação.
Nem sempre há vitória.
A derrota também é uma forma de ganho.
Difícil é saber compreender o resultado e incorporar os valores.
Mas quem consegue tal feito, está bem próximo de ser vencedor.
Honrar a nação não é ser só torcedor.
È fazer parte da equipe de resgate que luta todos os dias para trazer a este lugar dignidade.
Vestir verde e amarelo é pouco.
O ideal é pensar verde e amarelo e construir um lugar onde não haja tanto medo, miséria e violência.
Amar o país a cada quatro anos e ter orgulho da nacionalidade na época do mundial é farsa.
Teremos chance de provar nosso sentimento em breve.
Chega o momento de mais uma escolha.
Decidir com sabedoria quem nos governa é ser brasileiro de verdade.
È sonhar com a vitória mesmo sem bola.
È ter a certeza do bom resultado no fim do jogo.