Ò pequenina flor
Quisera eu observar-te sem reservas
Almejei por tanto tempo seu perfume
E contentei-me apenas em ver-te ao longe.
Onde esconde este mistério em tuas pétalas?
Enreda-me a alma e cativa-me o espírito
Desejava-te eterna, etérea
Mas sobra-me apenas a lembrança, o refúgio
Recordo-me a tristeza do jardim vazio
E a esperança de retorno de seu viço
Imaginar-te despedaçada ao vento
Traz-me a inquietude, desatino
Delicado presente
Escravizada estive pelo teu encanto
Entreguei-te meu cuidado e no entanto
Resistência não houve á ventania, ao temporal
Flor querida, pequeno lírio
Resta-me a memória por fim
Libertada agora minha alma
Anseia a descoberta de novo jardim
Exigiu-me a vida a desistência
Cultivá-la sem zêlo não procede
Aguardo as sementes, a descendência
A saudade que instiga, que impele
Alforriada, pois, de teu domínio
Entrego-me ás reminiscências
Despertadas pela luz de teu fascínio
Encobertas do infortúnio da descrença.
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