segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A Rosa

Fechei-me em pétalas.
Como rosa que não desabrocha.
Fechei-me ao sol,
Recusei o orvalho,
Ignorei a bruma da manhã.
Declinei ao convite do dia.
Fui botão que não abre, 
fui flor que não nasce.
Fechei-me em pétalas, 
poque não quis mais ser jardim.
Encolhi-me na cor das flores, 
escondi-me no pequeno espaço das cores.
Fechei-me em pétalas,
recusei desabrochar.
Porque achei que o perfume era muito
para plateia tão pouca.
Porque o espetáculo era rico
num jardim tão pobre...
Fechei-me em pétalas 
porque feri-me em espinhos.
Vítima dos insetos, do terreno infértil, 
preferi calar.
Fechei-me em pétalas porque fui preterida do buquê.
Flor sozinha do jardim,
assim, qual botão que se fechou, murchou, morreu.
Fechei-me em pétalas porque faltou água, faltou luz.
Porque o dia se fez-se sombra, 
O temporal ruiu o encanto
Acabou-se a chance de tornar a ser flor.
Fechei-me em pétalas na singeleza de quem descansa.
Na expectativa de quem dorme.
De quem sabe que no dia seguinte 
haverá uma centelha de  oportunidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário