Entendo fácil.
Ainda bem.
Garota esperta, quase sempre.
Reconheço, que algumas vezes, emburreço.
Então, por mais que a vida esfregue em minha face tudo bem explicadinho,
tenho dificuldades em entender.
Acontece poucas vezes, mas quando ocorre,
equivale a todas as outras vezes que compreendi rapidamente.
Não é bom...
A ignorância emburrece: não saber ou fingir que não sabe, faz com que um muro de concreto seja erguido diante dos olhos.
A arrogância emburrece: esperar muito do pouco ou pouco do muito é burrice clássica!
Ilusão emburrece: acreditar numa verdade que só existe na cabeça de quem a criou é pura fraude!
Descaso emburrece: não parece, mas ser indiferente, torna tudo mais difícil.
Amor emburrece: o feio parece bonito, o escuro fica claro, a mentira vira verdade e a verdade, nem existe.
Informação em excesso emburrece: falta concentração, entendimento, conexão.
Muita memória emburrece: falta espaço para a novidade e as lembranças ficam pela eternidade...
Vez ou outra caio na armadilha.
E odeio.
Para bom entendedor, nem precisa meia palavra.
A falha ortográfica ou a concordância errada já falam por si.
Pingo é letra? Não, é frase. Diz muito. Parágrafo inteiro até.
Na verdade, para bom entendedor , a comunicação se faz até pela ausência de palavras.
A falta de sinais é esclarecedora.
O silêncio é revelador.
Mas entendo fácil.
Compreendo rapidinho.
Quando necessário, abro a cabeça á força, e coloco lá dentro tudo que ainda não consegui aprender.
Como hoje.
Para todos os assuntos que motivem conhecimento, reflexão, curiosidade e diversão. Escrever sem preocupações...
segunda-feira, 29 de abril de 2013
quarta-feira, 24 de abril de 2013
Cada um
Cada um ocupa na vida o espaço que se permite ocupar.
Há quem precise de pouco- ou queira mesmo o pouco do espaço- grão de areia, cisco no olho, cabeça de alfinete. Um constrói, outro incomoda e o outro ainda marca a costura. Cada qual com sua função e mínimo espaço.
Há quem precise de um pouco mais de espaço: grão de arroz, caroço de feijão, milho de pipoca. Pequenos, mas saciam, cada qual a seu modo.
Há o espaço do parafuso, do prego, da sustentação.
O espaço da bolinha de algodão, que se expande e se encolhe de acordo com a necessidade.
Espaço de um porta-retrato na estante, de um livro no armário.
Há quem precise do espaço de uma casa, inteira, para ocupar.
Há outros que bastam uma rede, uma cadeira de balanço para descansar.
Há quem precise do espaço do outro: um cantinho de sofá, um ladinho de berço, um pedacinho da cama.
Espaço de uma garfada, de uma "colher-de-chá": um retirando e outro oferecendo, assim, de talher.
Há quem tenha necessidade de espaço de mar: uma imensidão.
Outros, espaço de ar: nos pulmões, na janela, uma respiração que seja.
Espaço de um abraço, de uma saudade, de uma companhia.
Espaço de uma cantiga, de uma história boa, de uma viagem prometida.
Há quem precise do espaço de tempo: minutos, horas, dias, meses...
Há quem precise do espaço de anos: para esquecer, vencer, suportar.
Cada um ocupa o espaço que precisa ou que se deixa precisar.
Na vida de um, de dois, de dez. Na vida de ninguém.
No mundo, no fundo da gaveta, numa lembrança boa, numa infância querida, esquecida, espacialmente e especialmente no tempo e no espaço.
Há quem viva no espaço e de lá saia de vez em quando, ou quase nunca, pois a dimensão de cá é tão apertada, que não vale a pena se deslocar...
Há quem precise de pouco- ou queira mesmo o pouco do espaço- grão de areia, cisco no olho, cabeça de alfinete. Um constrói, outro incomoda e o outro ainda marca a costura. Cada qual com sua função e mínimo espaço.
Há quem precise de um pouco mais de espaço: grão de arroz, caroço de feijão, milho de pipoca. Pequenos, mas saciam, cada qual a seu modo.
Há o espaço do parafuso, do prego, da sustentação.
O espaço da bolinha de algodão, que se expande e se encolhe de acordo com a necessidade.
Espaço de um porta-retrato na estante, de um livro no armário.
Há quem precise do espaço de uma casa, inteira, para ocupar.
Há outros que bastam uma rede, uma cadeira de balanço para descansar.
Há quem precise do espaço do outro: um cantinho de sofá, um ladinho de berço, um pedacinho da cama.
Espaço de uma garfada, de uma "colher-de-chá": um retirando e outro oferecendo, assim, de talher.
Há quem tenha necessidade de espaço de mar: uma imensidão.
Outros, espaço de ar: nos pulmões, na janela, uma respiração que seja.
Espaço de um abraço, de uma saudade, de uma companhia.
Espaço de uma cantiga, de uma história boa, de uma viagem prometida.
Há quem precise do espaço de tempo: minutos, horas, dias, meses...
Há quem precise do espaço de anos: para esquecer, vencer, suportar.
Cada um ocupa o espaço que precisa ou que se deixa precisar.
Na vida de um, de dois, de dez. Na vida de ninguém.
No mundo, no fundo da gaveta, numa lembrança boa, numa infância querida, esquecida, espacialmente e especialmente no tempo e no espaço.
Há quem viva no espaço e de lá saia de vez em quando, ou quase nunca, pois a dimensão de cá é tão apertada, que não vale a pena se deslocar...
terça-feira, 16 de abril de 2013
Minha voz
Hoje, dia internacional da Voz, por ironia do destino, fiquei sem a minha.
Experiência triste, digo de passagem.
Sempre valorizei muito minha voz, embora nem sempre a poupasse ou a usasse de forma correta...
Sempre gostei de cantar, e por isso, nunca fui de falar alto, elevar desnecessariamente o tom, pois sabia que o desregramento poderia levar á falta.
O motivo da ausência dela hoje foi a soma de uma infecção viral com processos alérgicos e digestivos: ou seja, ela pagou o preço dos problemas de outras áreas...Fato muito comum neste mundo.
A real chateação do dia foi causada por outros fatores, entretanto.
Cito a seguir:
1- Falar e não ser compreendida é muito triste! Repetir a mesma resposta várias vezes e perceber a cara de " o quê?" das pessoas é desgastante...
2- Ouvir a própria voz esganiçada e irreconhecível também não é legal... Doem os ouvidos, viu?
3- Querer cantar aquela música adorável que passa no rádio do carro e não poder nem abrir a boca, porque a voz não existe é de chorar!
4- Ter que falar "ao pé do ouvido" na real função da frase é chato. Principalmente quando a aproximação é com um desconhecido, com um cheirinho assim não muito agradável...
5- O olhar de piedade alheia é desconcertante! Como se a consternação pudesse me devolver a coitada! Quem dera fosse assim!
Preciso muito desse instrumento único para o trabalho e para o lazer.
Hoje fui um tanto mais tristonha pela falta desta companheira.
Resta compreender agora a mensagem subliminar da abrupta ausência: ainda preciso aprender a me calar- e esse aprendizado surge assim, na obrigação- ou existe algo entalado na garganta impedindo que a voz se liberte?
Motivos da alma que o corpo pressente.
sábado, 13 de abril de 2013
Preciso morar sozinha...
Dormir a hora em que bem entender.
Lavar a louça do almoço na janta.
Lavar a louça da janta no dia seguinte.
Ou não lavar a louça.
Passar o dia de pijamas.
Esquecer que existe pente em casa.
Passar o dia preguiçando na cama.
Trocar o horário padrão das refeições.
Escolher qual refeição vai ser feita e quando.
Esquecer do mundo no banho sem ninguém se incomodar.
Cochilar no sofá até o dia seguinte, se necessário.
Espalhar meus livros pela sala, pelo quarto, pela casa.
Curtir o silêncio.
Ouvir som bem alto.
Não querer falar com o resto do mundo.
Conversar ao telefone ou celular onde bem entender, sem ninguém lhe ouvir.
Usar o banheiro de porta aberta.
Trocar de roupa no meio da sala.
Arrumar a vida sem noção de nada: nem de tempo, nem de espaço, nem de quanto tempo e espaço tudo isso possa custar.
Escolher qual tv assistir.
Determinar o canal, ou canal nenhum e viver de malabarismo de controle remoto.
Escolher a ordem das tarefas.
Esquecer das tarefas.
Curtir a privacidade sagrada.
Não ter hora para sair.
Não ter hora para voltar.
Não ter que dizer se vai, se fica, se volta, se desistiu, se resolveu ou se mudou de ideia.
Viver a privacidade sagrada.
Preciso muito voltar a morar sozinha.
Lavar a louça do almoço na janta.
Lavar a louça da janta no dia seguinte.
Ou não lavar a louça.
Passar o dia de pijamas.
Esquecer que existe pente em casa.
Passar o dia preguiçando na cama.
Trocar o horário padrão das refeições.
Escolher qual refeição vai ser feita e quando.
Esquecer do mundo no banho sem ninguém se incomodar.
Cochilar no sofá até o dia seguinte, se necessário.
Espalhar meus livros pela sala, pelo quarto, pela casa.
Curtir o silêncio.
Ouvir som bem alto.
Não querer falar com o resto do mundo.
Conversar ao telefone ou celular onde bem entender, sem ninguém lhe ouvir.
Usar o banheiro de porta aberta.
Trocar de roupa no meio da sala.
Arrumar a vida sem noção de nada: nem de tempo, nem de espaço, nem de quanto tempo e espaço tudo isso possa custar.
Escolher qual tv assistir.
Determinar o canal, ou canal nenhum e viver de malabarismo de controle remoto.
Escolher a ordem das tarefas.
Esquecer das tarefas.
Curtir a privacidade sagrada.
Não ter hora para sair.
Não ter hora para voltar.
Não ter que dizer se vai, se fica, se volta, se desistiu, se resolveu ou se mudou de ideia.
Viver a privacidade sagrada.
Preciso muito voltar a morar sozinha.
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Decisão de hoje
Resolvi hoje que devo me afastar de tudo aquilo que me incomoda.
Jogar fora lembranças tristes, me desfazer do que já não mais serve.
Papéis sem utilidade, anotações antiga, que nunca mais li, retratos de quem nem sei mais.
Entulhos das gavetas, cartas que nunca enviei, textos que jamais vou publicar.
Preciso arranjar espaço para ocupar com coisas novas;
Quero me desfazer das roupas que não uso, dos sapatos que me apertam os pés, que criam calos.
Do sutiã apertado, da meia fina que incomoda.
Quero me livrar da papelada sem utilidade, dos artigos nunca mais vistos.
Esquecer dos conhecidos agora, irreconhecíveis.
Livrar-me das memórias que não contribuem para minha felicidade, esquecer de pessoas que não gostaria de ter conhecido, apagar situações que preferia não ter vivido.
Quero me livrar do que causa fadiga, aperto, incômodo.
Quero me ver livre das amarras da obrigação, porque sei, que me obrigo sim a aceitar todos os dias coisas e pessoas inaceitáveis.
Seja por punição, autoflagelo, seja lá por qual motivo: sei que aturo o que muitos não tolerariam.
Não quero mais.
Não quero ter que responder o que não tem resposta, nem me obrigar a atender as vontades alheias.
Preciso me desvencilhar do automatismo de não desagradar.
Resolvi que quero a graça perdida, o sorriso tolhido que nem eu mesma sei porque se escondeu...
Quero não mais ver ou ouvir dizer daquilo que não me completa, nem me realiza.
Não quero notícias, nem cumprimentos forçados.
Não quero relações forjadas pelo simples efeito de fazê-las existir.
Não quero mais idealizações perfeitas, nem sonhos irrealizáveis.
Quero apenas pôr distante o que me traz angústia.
Preciso me livrar das sombras, dos fantasmas que anda me espreitam, dessa mania de todo mundo de fingir que tudo está bom, de fingir que não tem problema, que não tem memória.
Resolvi que preciso desamarrar muitos nós que atrelam a um tanto de coisas e pessoas sem significado e sem sentido, do que ainda não consegui me libertar.
Preciso muito me dar uma chance de fuga.
Jogar fora lembranças tristes, me desfazer do que já não mais serve.
Papéis sem utilidade, anotações antiga, que nunca mais li, retratos de quem nem sei mais.
Entulhos das gavetas, cartas que nunca enviei, textos que jamais vou publicar.
Preciso arranjar espaço para ocupar com coisas novas;
Quero me desfazer das roupas que não uso, dos sapatos que me apertam os pés, que criam calos.
Do sutiã apertado, da meia fina que incomoda.
Quero me livrar da papelada sem utilidade, dos artigos nunca mais vistos.
Esquecer dos conhecidos agora, irreconhecíveis.
Livrar-me das memórias que não contribuem para minha felicidade, esquecer de pessoas que não gostaria de ter conhecido, apagar situações que preferia não ter vivido.
Quero me livrar do que causa fadiga, aperto, incômodo.
Quero me ver livre das amarras da obrigação, porque sei, que me obrigo sim a aceitar todos os dias coisas e pessoas inaceitáveis.
Seja por punição, autoflagelo, seja lá por qual motivo: sei que aturo o que muitos não tolerariam.
Não quero mais.
Não quero ter que responder o que não tem resposta, nem me obrigar a atender as vontades alheias.
Preciso me desvencilhar do automatismo de não desagradar.
Resolvi que quero a graça perdida, o sorriso tolhido que nem eu mesma sei porque se escondeu...
Quero não mais ver ou ouvir dizer daquilo que não me completa, nem me realiza.
Não quero notícias, nem cumprimentos forçados.
Não quero relações forjadas pelo simples efeito de fazê-las existir.
Não quero mais idealizações perfeitas, nem sonhos irrealizáveis.
Quero apenas pôr distante o que me traz angústia.
Preciso me livrar das sombras, dos fantasmas que anda me espreitam, dessa mania de todo mundo de fingir que tudo está bom, de fingir que não tem problema, que não tem memória.
Resolvi que preciso desamarrar muitos nós que atrelam a um tanto de coisas e pessoas sem significado e sem sentido, do que ainda não consegui me libertar.
Preciso muito me dar uma chance de fuga.
domingo, 7 de abril de 2013
Pode ser?
Passando os olhos sobre as manchetes de uma página da internet, me chamou a atenção a notícia de que um reconhecido lutador se envolveu em uma confusão em um hospital aqui do Estado.
De forma rápida, contava sobre a forma como o lutador invadiu um consultório interrompendo um atendimento para que sua esposa tivesse prioridade. Compreendeu depois, que agiu de forma impensada, pediu desculpas, mas o estrago já estava feito. A má impressão ficou.
Li a reportagem para saber detalhes, informações das partes envolvidas, para compreender de fato o ocorrido, quando me deparei com uma lista de comentários de pessoas que leram a notícia e se acharam no direito de opinar a respeito.
Acredito que, estando numa democracia, todos tem direito a uma opinião.
Mas verdade seja dita: escrever qualquer coisa, sem saber direito sobre o que se fala é insanidade!
Uma verdadeira enxurrada de comentários sobre como os médicos são ruins!
Como são deploráveis! Praticamente não são humanos!
Diziam que trabalham pouco, demoram para atender, ganham muito bem, são ricos, esquecem do juramento que fizeram e que precisam ser denunciados por seus erros no Conselho de Medicina.
Acho até engraçado, como tem tanta gente sabendo tanto de medicina sem ser médico!
Entendendo tanto de hospital sem sequer passar na porta de um!
Compreender tanto de consulta sem nunca ter aberto um livro de medicina na vida...
Como se pode ensinar algo a alguém sem nunca ter aprendido sobre?
Se houver explicação, me avisem, pois ainda não vi nesta vida algo semelhante...
É muito fácil criticar o trabalho do outro, pôr preço, determinar valor ou dizer que é ruim, sem nunca ter passado por nada parecido.
Acho mais engraçado ainda que só médico erra.
O resto da população está completamente certa: furam filas, dirigem embriagados, vendem o voto, dirigem atendendo o celular, ultrapassam pela faixa contínua, avançam o sinal vermelho, dão cheques sem fundo, destratam atendentes, gritam com os subalternos, são grosseiros nos atendimentos públicos e particulares.
Todos estão certos!
Só o médico está errado.
Também acho que há erro. Juro!
Não aceito o valor que se paga em uma consulta por um plano de saúde, nem o valor que se paga por um plantão quando conto que mais de 10 anos de estudos estão condensados naqueles 20 ou 30 minutos de atendimento. Quem souber fazer um intensivo assim de forma barata é só me ensinar. Adoraria aprender.
Há erro também na forma desrespeitosa que alguém procura atendimento, tentando resolver no grito o que não tem solução.
Não há dinheiro no mundo que pague uma agressão, seja verbal, ou pior, física.
Não há dinheiro de plantão que cubra a deselegância da impaciência, a falta de educação gritante ou a antipatia de pensar que o serviço deve ser feito de forma adequada apenas porque é pago.
Há erro quando se desloca a culpa. Quem responde por hospitais sempre lotados, sem vagas, com escalas desfalcadas, faltando médicos e sobrando doentes?
A culpa é do médico de novo?
Acredito que a resposta é muito simples. Basta pensar pouco, bem pouco.
O sistema de saúde nunca funcionará a contento, porque ele é o argumento de promessas dos políticos.
Quando ele estiver bom, não há mais motivo para alguém ser eleito.
O que mais me incomoda é a forma como se tornou banal falar mal de médico.
Não me conformo em ouvir tanta crítica infundada, tanta desinformação veiculada, tanta mentira espalhada.
Não mesmo!
Se o médico é assim tão ruim, melhor então viver sem ele.
Não procurar atendimento, fazer a profissão se tornar esquecida pelo mundo.
Os hospitais estariam mais vazios, haveria menos descontentamento de todas as partes envolvidas, os donos de funerárias estariam mais ricos e muito felizes.
Fácil assim. Pode ser?
De forma rápida, contava sobre a forma como o lutador invadiu um consultório interrompendo um atendimento para que sua esposa tivesse prioridade. Compreendeu depois, que agiu de forma impensada, pediu desculpas, mas o estrago já estava feito. A má impressão ficou.
Li a reportagem para saber detalhes, informações das partes envolvidas, para compreender de fato o ocorrido, quando me deparei com uma lista de comentários de pessoas que leram a notícia e se acharam no direito de opinar a respeito.
Acredito que, estando numa democracia, todos tem direito a uma opinião.
Mas verdade seja dita: escrever qualquer coisa, sem saber direito sobre o que se fala é insanidade!
Uma verdadeira enxurrada de comentários sobre como os médicos são ruins!
Como são deploráveis! Praticamente não são humanos!
Diziam que trabalham pouco, demoram para atender, ganham muito bem, são ricos, esquecem do juramento que fizeram e que precisam ser denunciados por seus erros no Conselho de Medicina.
Acho até engraçado, como tem tanta gente sabendo tanto de medicina sem ser médico!
Entendendo tanto de hospital sem sequer passar na porta de um!
Compreender tanto de consulta sem nunca ter aberto um livro de medicina na vida...
Como se pode ensinar algo a alguém sem nunca ter aprendido sobre?
Se houver explicação, me avisem, pois ainda não vi nesta vida algo semelhante...
É muito fácil criticar o trabalho do outro, pôr preço, determinar valor ou dizer que é ruim, sem nunca ter passado por nada parecido.
Acho mais engraçado ainda que só médico erra.
O resto da população está completamente certa: furam filas, dirigem embriagados, vendem o voto, dirigem atendendo o celular, ultrapassam pela faixa contínua, avançam o sinal vermelho, dão cheques sem fundo, destratam atendentes, gritam com os subalternos, são grosseiros nos atendimentos públicos e particulares.
Todos estão certos!
Só o médico está errado.
Também acho que há erro. Juro!
Não aceito o valor que se paga em uma consulta por um plano de saúde, nem o valor que se paga por um plantão quando conto que mais de 10 anos de estudos estão condensados naqueles 20 ou 30 minutos de atendimento. Quem souber fazer um intensivo assim de forma barata é só me ensinar. Adoraria aprender.
Há erro também na forma desrespeitosa que alguém procura atendimento, tentando resolver no grito o que não tem solução.
Não há dinheiro no mundo que pague uma agressão, seja verbal, ou pior, física.
Não há dinheiro de plantão que cubra a deselegância da impaciência, a falta de educação gritante ou a antipatia de pensar que o serviço deve ser feito de forma adequada apenas porque é pago.
Há erro quando se desloca a culpa. Quem responde por hospitais sempre lotados, sem vagas, com escalas desfalcadas, faltando médicos e sobrando doentes?
A culpa é do médico de novo?
Acredito que a resposta é muito simples. Basta pensar pouco, bem pouco.
O sistema de saúde nunca funcionará a contento, porque ele é o argumento de promessas dos políticos.
Quando ele estiver bom, não há mais motivo para alguém ser eleito.
O que mais me incomoda é a forma como se tornou banal falar mal de médico.
Não me conformo em ouvir tanta crítica infundada, tanta desinformação veiculada, tanta mentira espalhada.
Não mesmo!
Se o médico é assim tão ruim, melhor então viver sem ele.
Não procurar atendimento, fazer a profissão se tornar esquecida pelo mundo.
Os hospitais estariam mais vazios, haveria menos descontentamento de todas as partes envolvidas, os donos de funerárias estariam mais ricos e muito felizes.
Fácil assim. Pode ser?
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