quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Reflexão da noite

Eu não sei  construir um barco, não sei fazer acrobacias no trapézio.
Não sei botar ovo, não sei um monte de idiomas que se fala pelo mundo.
Não sei trocar pneu, não sei nadar, não sei pilotar avião e tem um montão de tantos outros afazeres que eu nem tenho ideia de como se realiza...
Também não entendo uma porção de notícias que vejo na tv: cotação da bolsa, sobe e desce de economia, não entendo tanta gente se ofendendo e se matando por tão pouco ou quase nada.
Reconheço minha ignorância e a ela me recolho conformada.
Entretanto, ainda tenho redenção:  posso aprender idiomas novos, posso aprender a nadar, trocar pneu, posso me esforçar pra fazer mil contas e alcançar o raciocínio matemático econômico, mas nunca vou compreender algumas situações que observo.
Recuso-me a entender como pode uma mãe não conversar com um filho.
Não consigo entender a lógica entre irmãos que não se falam.
Não sei dizer qual o mérito de um filho que rejeita um pai ou de um pai que ignora um filho.
Absurdo pensar que, dentro da família, seio da fraternidade e da compreensão, o ódio e o ressentimento vençam.
Como pode haver substituição de memórias de felicidade e uma vida inteira compartilhada por desprezo e indiferença?
Impossível acreditar que erros não possam ser perdoados, que a mágoa perdure e que o desejo de reconciliação se mantenha adormecido.
Creio também que muitas relações humanas sejam tumultuadas, cheia de desencontros e imperfeições.
Mas pergunto: quem é então perfeito?
Quem pode cobrar do outro 100% de acerto?
Quem nunca agiu precipitadamente, fez uma escolha errada, foi ingrato ou se comportou de forma inadequada?
È fácil ser a palmatória do mundo e determinar o certo e o errado.
Difícil mesmo é se por no lugar do outro e enxergar a história sob outro ângulo...
Nesta quaresma tenho pensado em tantos erros cometidos por mim e tentado melhorar.
Acho triste viver na culpa, mas acredito ser  pior ainda não reconhecer-se culpado, tentar por no outro a responsabilidade do que não deu certo.
Pior que fazer escolhas erradas é não poder fazer escolhas. Não ter opção é o máximo da miséria.
È a miséria de oportunidades.
E sabendo, que não se acerta sempre, não seria lógico então pensar em dar uma chance pro outro consertar o que foi quebrado?
Perder a chance do perdão e da reconciliação é também a miséria de oportunidades.
È retirar de si mesmo a chance de acolher o outro, da aproximação.
Cortar esses vínculos é uma espécie de castigo: despedir-se de uma parte de si mesmo um pouco todo dia.

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