Não sei botar ovo, não sei um monte de idiomas que se fala pelo mundo.
Não sei trocar pneu, não sei nadar, não sei pilotar avião e tem um montão de tantos outros afazeres que eu nem tenho ideia de como se realiza...
Também não entendo uma porção de notícias que vejo na tv: cotação da bolsa, sobe e desce de economia, não entendo tanta gente se ofendendo e se matando por tão pouco ou quase nada.
Reconheço minha ignorância e a ela me recolho conformada.
Entretanto, ainda tenho redenção: posso aprender idiomas novos, posso aprender a nadar, trocar pneu, posso me esforçar pra fazer mil contas e alcançar o raciocínio matemático econômico, mas nunca vou compreender algumas situações que observo.
Recuso-me a entender como pode uma mãe não conversar com um filho.
Não consigo entender a lógica entre irmãos que não se falam.
Não sei dizer qual o mérito de um filho que rejeita um pai ou de um pai que ignora um filho.
Absurdo pensar que, dentro da família, seio da fraternidade e da compreensão, o ódio e o ressentimento vençam.
Como pode haver substituição de memórias de felicidade e uma vida inteira compartilhada por desprezo e indiferença?
Impossível acreditar que erros não possam ser perdoados, que a mágoa perdure e que o desejo de reconciliação se mantenha adormecido.
Creio também que muitas relações humanas sejam tumultuadas, cheia de desencontros e imperfeições.
Mas pergunto: quem é então perfeito?
Quem pode cobrar do outro 100% de acerto?
Quem nunca agiu precipitadamente, fez uma escolha errada, foi ingrato ou se comportou de forma inadequada?
È fácil ser a palmatória do mundo e determinar o certo e o errado.
Difícil mesmo é se por no lugar do outro e enxergar a história sob outro ângulo...
Nesta quaresma tenho pensado em tantos erros cometidos por mim e tentado melhorar.
Acho triste viver na culpa, mas acredito ser pior ainda não reconhecer-se culpado, tentar por no outro a responsabilidade do que não deu certo.
Pior que fazer escolhas erradas é não poder fazer escolhas. Não ter opção é o máximo da miséria.
È a miséria de oportunidades.
E sabendo, que não se acerta sempre, não seria lógico então pensar em dar uma chance pro outro consertar o que foi quebrado?
Perder a chance do perdão e da reconciliação é também a miséria de oportunidades.
È retirar de si mesmo a chance de acolher o outro, da aproximação.
Cortar esses vínculos é uma espécie de castigo: despedir-se de uma parte de si mesmo um pouco todo dia.

Fantástico. Bjs!
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