Ainda sou surpreendida com as revelações de péssimas condições de atendimento nas unidades de saúde, pronto socorros e clínicas, como se fosse a mais nova verdade a ser divulgada.
Desde que me vejo inserida no contexto da saúde, seja ela pública ou particular, esse tipo de notícia nunca foi novidade.
O que tem de novo agora é a população procurando a imprensa com muito mais frequência que antes, munida de imagens- fotos ou filmagens- das condições degradantes a que os pacientes são submetidos, e que antes feriam apenas nossa visão. Agora é de domínio público. Isso é novidade!
Novidade é descobrir que a população sabe que tem direito a um atendimento decente e que pode - e deve- reinvindicar a condição que merece.
Novidade é a tecnologia sendo utilizada como forma de cobrança das autoridades e como denúncia das más condições de atendimento.
Ainda aguardo a novidade de o médico deixar de ser culpado pelo caos da saúde no país.
Que a população também descubra que a falta deste mesmo médico é por pagamento insuficiente ou por condições de trabalho tão ruins quanto áquelas que eles mesmos ( os pacientes) são submetidos.
Que falta leito, médico, ambulância e remédio todos sabem.
E mais: falta também sabão para higiene das mãos, papel higiênico nos banheiros, luvas de procedimento, roupa de cama, quarto de repouso médico, dentre outras coisas.
Não, não falo só da saúde pública. Não faço críticas ao Sistema ùnico de Saúde apenas. A saúde privada anda pela mesma vereda: a privada.
Mais?Falta ainda educação para as crianças, transporte para que cheguem aos hospitais, e acima de tudo, falta respeito.
Aprendi como deve ser a medicina e vivo assistindo como ela não deve ser.
Não quero me acostumar com o tic-tac do relógio e achar normal uma criança internada entre duas cadeiras de plástico unidas feito maca.
Quero a novidade de poder trabalhar sabendo que valorizam minha profissão e que promovo o bem; que a dignidade faz parte do receituário a ser prescrito e que a consciência tranquila continuará me fazendo companhia.
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