quinta-feira, 21 de abril de 2011

Deve haver


Deve haver um tipo de amor que não se aborreça.
Desses que não se incomoda com o horário,
com vestimentas, cardápio ou coisas assim...
Que não se apegue a promessas, que esqueça defeitos,
acorde e adormeça sem lembrar de dívidas, de erros,
que não cobre religiosidade ou a falta dela.
Que não espere presentes,
que não mande recados através de caretas,
que não critique, que não fale de boca cheia,
que não se importe com a chateação própria ou alheia,
tampouco invente motivos para aparecer...
Tipo de amor baseado em cumplicidade e respeito,
que não rouba o coração de alguém , e sim, o cativa.
Amor que abraça; e não sufoca.
Amor que entrega e não pede de volta.
Não culpa, nem exige culpados.
Sem ciúmes, sem mágoa, nem tristeza.
Apenas mansidão, leveza. Profundidade de espírito.
Deve mesmo haver algum tipo de sentimento maduro
que não seja refém das frivolidades humanas,
que surja a partir do desinteresse e cresça, lentamente,
sem precisar utilizar-se do outro para isso...
Acredito que exista. Penso até que descaminhe por perto.
Definitivamente, ainda não o encontrei.
Se o vir andando a ermo, peça que fique.
Convide-o para passar um tempo.
Faça com que se acomode e permaneça.
Deve mesmo haver algo assim.

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