Não vou reclamar do marasmo. Nem posso.
Diante de tanta desgraça presenciada
não acredito que possa ousar a elevar a voz para esbravejar ou reivindicar algo.
Sim, precisava do ostracismo, da reclusão, da falta de opção.
Só assim, sem opção a gente aceita: a solidão, o tédio, o cansaço e o descanso,
o acaso e o descaso da gente com a vida e da vida com a gente.
Comendo petisco, vendo tv e lendo 3 livros ao mesmo tempo,
fugindo da memória, tentando esquecer as responsabilidades por míseros dias.
Nem em sonho me larga o trabalho.
E olho a programação sem programa com a preguiça de quem vê a chuva pela janela.
Não me importa se o mundo grita lá fora, se as pessoas cantam e dançam festejando.
Eu, aqui dentro, permaneço de folga.
Não quero conflitos.
O alívio veio disfarçado, escondido na possibilidade do desencontro.
Está bom assim.
Dias de calma.
O meu carnaval é em paz: com meus pensamentos,
com minhas escolhas e exclusões,
com meu silêncio, com minha falta de companhia.
Não posso reclamar.
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