Era um adolescente normal, no que pode ser normal a adolescência: ia a escola, tinha vários amigos, escutava músicas no ipod, usava os joguinhos do celular e internet. Inteligente e perspicaz o suficiente para compreender que as mudanças que se seguiam eram dolorosas e praticamente incompatíveis com este período da vida.
Traços e porte de menino, esperteza de menino, olhos atentos de menino, beleza viva de menino.
Doença de gente grande.
E a alegria deu lugar á tristeza, a letice foi sucumbindo ao mau humor.
Os sangramentos e hematomas, cada vez mais frequentes assustavam a família.
O menino, atormentado, percebia que piorava.
A família, educada e companheira, sempre ao lado também percebia que a melhora custava a chegar.
Na verdade, tudo ia piorando: a saúde, o humor, a doença.
A valentia dormiu. As forças esmoreceram.
Depois de meses de tratamento e sofrimento ele partiu.
A mãe se conformou.
Acredito que assistir a morte em vida seja pior que entregar um filho á morte de verdade.
E num abraço sincero e forte, desejei apenas a misericórdia divina e o consolo Paterno.
Ela leva de volta pra casa um corpo sem vida, castigado e emagrecido, tão diferente daquele que ela ajudou a criar...
Leva pra casa um sonho quebrado, um futuro mutilado e o coração partido.
Que a vida é breve, já sabemos.
Mas pode também ser dura muitas vezes.
Cabe a nós transformar cada momento, proporcionando um pouco de alegria e conforto onde já existe tanta dor.
Falar o que sente, não guardar sentimentos, viver de forma leve, aproveitar os bons momentos, porque a fugacidade é verdade.
Que a despedida seja festiva e diária, com o melhor que se pode oferecer á alguém.
E vejo, quase todos os dias, que pode não haver tempo de um adeus.
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