domingo, 19 de fevereiro de 2012

Vinde e Vede!

Ontem participei pela primeira vez do encontro católico da Renovação Carismática que acontece durante o carnaval. Fui o que eles chamam de "servos", num trabalho, digamos, voluntário-obrigatório, que me vi tendo que fazer. A experiência é interessante, mas acredito que sempre é bom observar bastante antes de tirar conclusões. E foi isso que fiz.
A Renovação carismática é um movimento da Igreja Católica que surgiu no EUA, na década de 80, que exalta Maria e tem momentos de adoração e louvores, a Deus, Jesus- seu Filho- e , principalmente, ao Espírito Santo.
Acho louvável o culto á Maria e á Trindade Santa, bem como toda tentativa de aproximação do Cristão de Deus, mas na verdade a renovação nada mais é que uma tática de manter os fiéis católicos, que estavam migrando para as religiões protestantes pentecostais.
Também não acho errado que a Igreja se preocupe em manter seus fiéis. Cada um tem sua tática, não é?
A forma dos louvores, adorações e orações são muito semelhantes. As pessoas parecem arrebatadas, incluídas numa dimensão á parte, absortas mesmo, nas palavras e canções.
Choram, oram e cantam, como se nada mais houvesse naquele momento.
Muito parecido também com os cultos pentecostais.
Existe mesmo um tratamento diferente entre os católicos "renovados" e os não "renovados".
Não sei bem explicar, mas parece uma espécie de cisão.
Bom, arcaica e tradicional que sou, continuo renovando minha fé na religião que professo, sem me atirar em outros movimentos que fogem do contexto de realidade.
Acredito na fé, mas creio também que obras são necessárias, e nada melhor do que agir, pondo em prática o que se aprende no dia a dia, no trato com as pessoas.
Não preciso dormir e acordar num templo pra ser santa, nem viver em função de uma Igreja pra ser salva.
Não preciso falar "em línguas", tampouco participar de grupos de oração para receber a salvação.
Preciso sim é respeitar o próximo, agir de forma justa e ofercer louvor a Deus de coração aberto e arrependido. È isto que Ele pede.
Porém observando ao longe, percebi ainda, que no momento que a Missa começa- parte tradicional da celebração Católica, que sofreu poucas influências da Renovação-  a educação e o respeito desaparecem.
São crianças e jovens andando e correndo para todos os lados, pessoas conversando, como se realmente estivessem num ambiente á parte, totalmente desarticulado com o local onde se celebra. Parecia uma feira livre...
Sem contar que  há pessoas que aproveitam o encontro para fins que não estão ligados ao propósito da congregação... Jovens em busca de paqueras, pessoas fazendo uso de bebidas alcoólicas, uso de roupas inadequadas e falta de bons modos.
Sei que em qualquer lugar poderiam surgir pessoas assim, e por ser um encontro religioso não quer dizer que seja exceção. Poderia, mas não é.
Entretanto, me assustei ao perceber condutas tão diferentes em alguns momentos.
A pregação, a adoração  e os momentos chamados de unção atraem  as pessoas, mas a missa, celebração importante que é responsável pela Eucaristia sendo tratada de forma insignificante.
Continuo professando minha fé católica, ponho-me á disposição na comunidade em que frequento para ser útil na medida do possível, mas sei que a fé cega, que acredita em milagres, que testa o poder de Deus a qualquer hora é vã.
Acho importante o culto á Maria e a propagação dele deve ser mantido.
Só não acredito que haja formas diferentes de fé. Acredita-se ou não.
Não é um movimento, uma religião diferente, um padre novo, um jeito diverso de celebrar, cantar, orar que fará com que a fé seja nova ou que se encontre um Deus novo.
Ele é o mesmo, sempre. Seja qual for a escolha. E merece o respeito, sendo celebrado de forma Renovada ou não.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Todo ano

Todo início de ano é igual: fazemos planos, listamos mudanças, nos propomos melhorias na aparênica, no trabalho, em casa, enfim, começamos com o intuito de revolucionar a vida.
Janeiro vem meio moroso, como quem começa já cansado do fim do ano passado.
E aí, percebemos que instaurar as mudanças nesta época é um pouco difícil.
Tem férias, horário de verão, calor, programação estendida...
Tudo contra a inauguração da lista de ano novo!
Então, espera-se fevereiro, que chega já em ritmo de festa. 
O carnaval abole uma semana inteira do calendário de um mês com menos de 30 dias!
Mais alteração de horário, programações de verão e festejos.
Melhor esperar por março.
Então, dá-se conta de que 3 meses já transcorreram e nada da tal mudança se concretizar.
Até porque, a manutenção da lerdeza torna difícil a escapadela da condição, mesmo com muito esforço...
E assim vamos seguindo, abril, maio, junho. 
Muita gente não se dá conta que os meses voam, mas a lista continua lá, intocada.
Para que os outros 6 meses passem, basta piscar os olhos! E pronto: fim de outro ano novamente.
Quem não ficar esperto desta vez pode ficar com os planos embrulhados e as mudanças engavetadas.
Correndo contra o relógio e vendo os dias passar como cometas: assim estamos nós neste  2012...

Quem pode entender?

Eu tenho medo deste marasmo imenso que de repente se instala na vida da gente.
Sempre acho que precede a catástrofe.
Pode ser invenção da minha mente novelesca, 
ou pensamento gerado pela minha vontade  avassaladora de ficar só comigo ultimamente...
(é, ando detestando gente...)
Fase antissocial demorada, que se recusa a passar.
Talvez por isso, encimesmada em mim, fique imaginando que essa sensação vazia,
de nada que acontece, de falta de vento e notícias antecipe a desgraça.
Tomara que seja apenas idéia besta, dessas que insiste em vir á tona na cabeça.
Até porque, meu medo existe e me deixa ansiosa, á espreita do que ainda pode surgir...
Acho mesmo que não estou acostumada a não viver grandes problemas.
Por isso, quando a mansidão aparece, fico imaginando coisas, pensando que tem algo de errado no ar...
Se a carga nos ombros é pesada, fica a sensação de carregar cangalha mesmo quando as costas estão vazias.
È assim: assombração de problemas dia e noite.
E sigo eu, atormentada quando tudo está bem e quando não.
Quem pode entender?

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Hipocrisia



O dicionário diz que a palavra hipocrisia significa manifestação de fingidas virtudes, sentimentos bons, devoção. Na verdade, que dizer mesmo fingimento, falsidade.
Acredito que não há nada no mundo que me cause mais desconforto, mesmo convivendo com essa palavrinha diariamente e passando por situações em que frequentemente ela se manifesta das formas mais inusitadas possíveis.
Realmente, ainda não me acostumei. A hipocrisia ainda não é minha amiga.
È minha vizinha, porque cada vez que encontro com um cidadão que mora no mesmo prédio que eu, num apartamento semelhante ao meu, divide comigo o elevador, bem como as áreas de circulação comum e, se nega a responder um simples "bom dia" ou finge que não viu ou ouviu a interpelação, no mínimo está sendo hipócrita. Não comigo; Comigo, ele está sendo mal educado. A apresentação de hipocrisia que eu assisto é dele para com ele mesmo. Tá fingindo pra quem?
A hipocrisia é colega. Sabe como? Outro exemplo comum: aquele amigo que fica meses sem ligar, nem dá sinal de vida, mas que ao reecontrá-lo, na frente de outras pesoas, finge saudade, abre os braços num âgulo obtuso de satisfação e prazer. Sim; ele está sendo hipócrita. Fingiu sentimentos bons! Se a saudade fosse realmente assim enorme, ele teria ligado ou lhe procurado antes, não é mesmo?
Mais um? A hipocrisia masculina: diminui  a figura feminina ao menosprezar relacionamentos sérios, casamento, fidelidade e filhos e depois, já com as escovas de dentes dividindo o mesmo espaço, diz que não saberia viver sem a "Fulana", que não se imagina sozinho na vida e que está muito feliz com a chegada dos filhos. E nem acho que seja mentira essa felicidade. Mas a primeira parte da história é totalmente fake. Por que não aceitar, desde o começo, que queria sim estar casado e que sonhava sempre em ser pai? Pura hipocrisia!
 A hipocrisia trabalha com a gente: naquele colega de serviço que finge satisfação ao ter que levar trabalho pra casa ou ter o fim de semana de folga interrompido por causa do chefe e mesmo assim pintar cara de felicidade.
A hipocrisia existe no elogio falso, nas palavras disfarçadas, nos risinhos amarelos.
A hipocrisia é vilã. Ela colore as máscaras que fazem as realidades se transformarem em mentiras absolutas.
A hipocrisia é cupim: destrói por dentro a mais nobre madeira e a transforma em pó, tronco oco e sem função.
A hipocrisia é um veneno, colocado todo dia, em doses pequenas no café de alguém. Intoxica, impregna, corrompe, vicia sem perceber.
Eu sei que não temos muita intimidade e  não faço questão alguma de aproximação. Não, não!
Mas tenho muito medo da contaminação. Ah, se tenho!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Ai que calor!

Gosto do verão. Ou gostava. Ainda não sei.
Este calor anda me tostando os miolos!
Sei que gosto mais mesmo é da primavera.Nem tão quente, nem tão frio.
O outono é bem vindo, mas o inverno me aborrece um pouco...
Entretanto, tenho me questionado se este calor de hoje é mesmo normal...
E da profundidade do meu entendimento de verão e calor (provenientes do norte do Estado, onde à sombra 35ºC é o habitual  de quase o ano inteiro), percebo que a sensação de calor é absurdamente maior do que aquela que minha lembrança de infância consegue resgatar...
Pode ser que os banhos de mangueira nos fundos do quintal, 
as brincadeiras com água tenham camuflado a verdadeira faceta do verão- que lá é indiscutivelmente muito quente.
Só sei que me recordo de não sofrer tanto com o calor como agora...
Os passeios de bicicleta,  as brincadeiras ao ar livre, mesmo sob o sol, pareciam mais leves, menos suadas... 
Talvez isso explique a simpatia que tinha com esta estação do ano.
Eram dias de brincadeiras frescas, de banhos demorados, de frutas e sucos, 
de picolés e sorvetes, de férias e descanso.
Agora, que as férias entraram em recesso, que as frutas não ficam mais no quintal, 
que o supermercado fica a anos-luz de calor da minha casa, que o sorvete e o picolé já não estão mais no congelador á disposição como antes, o verão tenha se mostrado como ele é: cruel e pegajoso!
Tinha muito mais encanto naquela época...
Ai que calor!