quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Preciso


Preciso reaprender olhar para o lado.
Ver rostos nunca vistos, expressões revisitadas,
preciso de tempo para tudo, de tempo para nada.
Preciso mesmo é apaixonar-me.
Por mim mesma, pelo outro.
Pelo convite, pelo silêncio,
pela solidão nada triste.
Pela multidão, pelo esquecimento.
(A falta de memória é bênção!)
Preciso de usar roupa nova,
vestir-me do novo,
encontrar boa razão para os sorrisos
e sorrir, na maioria das vezes, sem razão.
Preciso encontrar bons motivos pra ser livre
e voar sem destino, sem limites,
simplesmente pelo prazer de ser assim.
Preciso encontrar companhia,
sem ser dependente dela.
Preciso ser feliz comigo,
sem que seja algo ruim ou egoísta.
Preciso de concluir obras e projetos.
Preciso do sono revigorante do finalzinho da manhã.
Preciso de água,
preciso de sol bem quente,
para tirar o mofo, para trocar de cor.
Preciso de banho morno para deixar o corpo pronto,
preciso de costas novas para aliviar o dorso.
Preciso de menos pensamento e mais ação.
Peciso esquecer o dia de ontem e não lembrar que tem amanhã.
Preciso de pausa, de recesso.
Preciso de pressa para acabar.
Preciso escrever muitas vezes, sem rumo,
sem pretensão de chegar em algum lugar.
Preciso de paz, de páginas, de livros, leitura.
Preciso de gargalhadas, música, dança, pintura.
Preciso sair de mim e buscar outra versão.
Preciso de mais horas, mais dias, mais folgas.
Preciso de uma infinidade de dias. Só para mim.
Preciso da falta de ar da surpresa,
daquela sensação de frio na barriga por notícia boa.
Preciso de uma inusitada sentença.
Preciso não ser julgada.
Preciso de acreditar no indrédulo,
esquecer um pouco o raciocínio lógico.
Acreditar nas pessoas desacreditando,
duvidar, dando um pouquinho de crédito.
Preciso de uma viagem para longe,
alguns dias fora do ar, para ter vontade de voltar,
de ficar, de permanecer.


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