quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Amei




Amei.
Tranquila e gentilmente.
Sem pressa, com pouco receio.
Mas foi um amor comedido, dosado, milimetrado.
Compactado por contingências,
restrito pelas diferenças,
pequeno pelo pouco espaço que ocupava.
Mas amei.
Não foi de perdição, nem de traição.
Foi simples e pronto.
Mas de contagotas, reservado, enclausurado,
preso não sei a quê.
Foi de carinho, de gentilezas.
Não sei se encheu a alma.
Talvez ainda sobrasse espaço...
Amei com respaldo, com cuidado,
para não me machucar e nem machucar alguém.
Acredito que tenha sido assim.
Mas foi moldado, encapado e enfaixado, incolor e inodoro.
Assim amei.
Sim, há formas e formas de amores.
Que se manifestam quando menos se espera,
que aparecem quando mais nada pode surgir,
que permanecem assim: sem ousadias, sem grandes surpresas,
existindo por existir, pequeno, porém inteiro.
Não me arrrependo do sentimento.
Todas as emoções são necessárias.
Aguardo agora nova forma, novo jeito, novo brilho.
Sem embotamento, sem freios, sem repreensão.
Aguardo uma tempestade, um eclipse, um furacão.
Desejo agora novas emoções necessárias.
Mais inteiras, mais repletas.
De mim, de outros.
Sentimento mais vivo, que me tome por inteiro.
Que me faça esquecer a lógica, a razão, o tempo e o espaço.

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