quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O trem


Ouve-se de longe o apito.
O barulho é estrondoso; não há como não saber que está próximo.
E é proposital: todos devem saber de sua chegada.
Há quem o espere ansioso; pela partida ou pela chegada.
Há quem apenas o aviste e observe o fluxo de gente que vai e que vem.
Imaginando a história que cada bagagem carrega...
Imaginar e sonhar a vida de alguém também é forma de viver...
Quem tem o intuito do embarque vive momentaneamente seu percurso.
O barulho não acompanha a viagem.
Ou pelo menos não se deixa perceber.
E pela janela a paisagem muda de cor, de ritmo, de velocidade.
E se o destino ainda está por vir, segue-se na expectativa.
Se ficou para trás vive-se a saudade; ou o alívio.
A esperança do encontro, a vontade do abraço.
A saudade de quem fica, a certeza do retorno.
A vida da gente também é assim: uma viagem de trem.
Encontros, reencontros, despedidas, chegadas e partidas,
idas e vindas, saudade, alívio, fuga, consolo...
Histórias que nos seguem como bagagem nas mãos,
impregnada nos ombros, como fuligem na pele.

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