segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Vamos brincar?



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Não faço apologia a ideologia de gênero.
Mas também não acho que existam brinquedos específicos pra meninos ou meninas.
O que há mesmo são brinquedos. 
E as crianças podem brincar com eles da forma como bem entenderem.
Brinquei de bonecas porque as recebi de presente. Mas tenho certeza de que brincaria com qualquer outro brinquedo que me fosse dado... Inclusive com o que não era brinquedo (pregadores, lápis de cor, latas de conserva e mantimentos... enfim, o que a imaginação deixasse).
Brinquei também com bolinha de gude, de futebol e vôlei  com meu irmão, com os bonecos do "Comandos em Ação" que meu irmão tinha, com o Batman e o Jiraya dele também. 
Fingia que dirigia um carro no sofá usando de volante um suporte de panelas e de marcha um pino de boliche.
Fingia que cozinhava com comida de verdade, com frutas que achava no quintal, fazia bolo de barro e enfeitava com plantinhas. 
Brincava com as minhocas das goiabas numa corrida de distância no tanque e com as minhocas do jardim também.
Brincava de queimada, pique-esconde e pique-alto, pique-bandeira, Boca-de-forno, vivo ou morto, o Chefe mandou, karaokê, desfile de moda, balanço no quintal, "adedanha" (a gente falava assim mesmo), Barbie, leggo, Playmobil, quebra-cabeças,  pulava cordas e elástico.
Em  nenhum momento me foi dito que não poderia dirigir meu carro imaginário no sofá ou brincar com os bonequinhos que meu irmão tinha. 
Nunca ganhei esses presentes ditos masculinos, porque há 30 anos, as pessoas pensavam que as meninas deveriam receber apenas alguns tipos de brinquedos e os meninos a outra parte do que sobrava de opções.
Acredito que brincar foi o que realmente definiu minha infância e me fez crescer mentalmente saudável. O tipo de brinquedo foi apenas um detalhe.
Criança não vê diferença entre o azul e o rosa. Quem ensina a diferença é o adulto.
Criança não vê maldade no nu. Quem erotiza a imagem é o adulto.
Criança não vê diferença em cor de pele, nível social, tipo de cabelo ou religião.
Criança apenas brinca.
Quem ensina todas essas diferença e ensina a discriminar são os adultos.
Creio que a função de educar é muito difícil, principalmente num mundo onde as pessoa PRECISAM ditar o que é certo e errado na vida dos outros.
Cada um tem o direito de escolher para si ou para seus filhos o que achar prudente, necessário e saudável. Só acho que querer para a vida do outro o que deseja pra si é no mínimo doentio.
Cada um tem o direito de opinar, como eu faço agora nesse texto. Mas ninguém é obrigado a concordar comigo ou a gostar do que eu escrevo. Mas também não dá para querer que eu pense diferente, né?
Trabalho com criança TODOS os dias. Só vejo pureza.
TODOS os desvios de conduta, caráter e inclusive, algumas doenças, são originalmente provenientes de adultos. Pais e mãe, cuidadores que, por motivos diversos, induzem o comportamento de discriminação, de pecado e julgamento.
Criança é esponja e absorve. O certo e o errado.
Crianças que brincam  de verdade são emocionalmente mais seguras, aprendem a compartilhar e conviver, exercitam a criatividade e se transformam em adultos independentes.
Controle o tablet, os jogos eletrônicos, celulares, TV, e principalmente, o conteúdo veiculado através deles. Não controle os brinquedos nem as brincadeiras.
Meninas serão mulheres que vão dirigir carros, por vezes, vão trocar pneus, serão engenheiras, médicas, jornalistas, empresárias... Por que limitar as brincadeiras? Meninos serão pais, cuidarão dos filhos (espero) nas trocas de fralda, alimentação e banho, serão chefes de culinária, desenhistas... por que limitar as brincadeiras?
Ninguém opta pela escolha sexual apenas pela cor da roupa que usa ou dos brinquedos que brinca.
Isso vai muito além e é tema de outro texto, bem maior que este.
Acho que falta deixar a criança viver a infância como se deve.
Os adultos não estão deixando.

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