Para todos os assuntos que motivem conhecimento, reflexão, curiosidade e diversão. Escrever sem preocupações...
sábado, 22 de novembro de 2014
Esmalte vermelho
Escolhi esmalte vermelho.
Foi a opção mais óbvia diante do sangue brotando no canto da unha.
Num momento de descuido, lá se foi um pedaço do dedo,
pedidos de desculpas sem graça e um sangramento que custou a estancar.
Para não manchar, deixei tudo vermelho: o sangue, a unha e o pensamento.
Vários pedaços de mim são arrancados todos os dias.
Alguns sem intenção, outros premeditadamente.
Há ainda os que nem me dou conta de que foram retirados.
Por indelicadezas, mentiras, falta de bom senso, ousadias ilimitadas, sonhos castrados,
por falta de afeto, de coragem ou de simpatia alheia, todo dia, um pedaço de mim se vai.
Nem sempre cicatriza fácil.
Nem sempre se estanca com o dedo.
Um comentário truncado, uma recusa, um decline.
Um sarcasmo desnecessário, uma ingratidão.
Tudo tira pedaço.
Nem sempre sangra, mas machuca.
Ultimamente, ando pintando de vermelho.
Para camuflar o estrago.
Enfeitado, brilhante e reluzente como esmalte novo.
Disfarçando todas as imperfeições.
domingo, 9 de novembro de 2014
O menino da varanda
Corre de um lado para outro.
Sacode na mão um brinquedo.
Movimento rápido e repetido.
Ouço seu grito, que se perde no eco da rua.
E alguém o chama, não sei se ouve ou se entende.
Entra rapidamente, e minutos após, de novo está na varanda.
Como um pássaro que voa longe.
Como uma borboleta que sacode ao vento.
Em seu mundo particular, ele mora.
Nem o barulho, nem as distrações são capazes
de trazê-lo ao nosso mundo.
E ele continua na varanda, sozinho,
gritando fininho, numa brincadeira solitária.
Sem alegria nem tristeza,
sem mudanças significativas.
Ele cresce a olhos vistos.
Pela varando o vejo crescer.
Sacode na mão um brinquedo.
Movimento rápido e repetido.
Ouço seu grito, que se perde no eco da rua.
E alguém o chama, não sei se ouve ou se entende.
Entra rapidamente, e minutos após, de novo está na varanda.
Como um pássaro que voa longe.
Como uma borboleta que sacode ao vento.
Em seu mundo particular, ele mora.
Nem o barulho, nem as distrações são capazes
de trazê-lo ao nosso mundo.
E ele continua na varanda, sozinho,
gritando fininho, numa brincadeira solitária.
Sem alegria nem tristeza,
sem mudanças significativas.
Ele cresce a olhos vistos.
Pela varando o vejo crescer.
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