domingo, 20 de abril de 2014

Pequenos prazeres

Vez ou outra me permito.
Admito que, ás vezes, com uma frequência acima da média.
Mas é porque acredito que são os pequenos prazeres que fazem a vida da gente melhor!
Por isso, faço sem culpa alguma, e usufruo com calma e sem qualquer pudor daquilo que acalenta a alma e transforma a gente em criança de novo...
Exemplos?
Um banho demorado e bem quente, num dia frio,com direito a escrever nos vidros e espelhos do banheiro.
Passar algumas horinhas fazendo nada: olhando pro teto, pensando na vida ou com os pezinhos pra cima, jogando conversa fora...
Comer com a mão e lamber os dedos no fim...Um a um!
Raspar a panela: do recheio do bolo, da massa crua antes de assar, da lata de leite condensado...
Passar o dia de pijama, com direito a brigar com o pente...
Divertir-me com jogos e aplicativos no celular.
Pedalar sem pressa, com o vento no rosto.
Chupar manga com a cara toda...
Comer chocolate sem limites, com gosto e felicidades infantis!
Comer só o miolo do pão.
Cochilo depois do almoço.
Arrebentar as bolinhas do plástico bolha na frente da TV.
Ler revistas de fofocas no salão enquanto aguarda-se a vez.
Ver a tempestade da janela ou varanda, sem pressa nem medo.
Não ter hora de voltar de qualquer lugar!
Ficar em silêncio quando e por quanto tempo quiser.
Cantar com o som bem alto!
Dançar na frente do espelho!
Dormir lendo um livro ou rezando.
Elogiar com sinceridade.
Abraçar apertado e com vontade!
Libertar quem quer partir.
Ligar pra quem se tem saudade.
Pretendo me permitir mais vezes pequenos prazeres!
Ando merecendo.





domingo, 13 de abril de 2014

Mundo injusto

Esclarecimentos, por favor!
Alguém esclareça tanta doença em gente tão boa e honesta?
Explicações que me façam entender tanto sofrimento em um só ser...
Tentando, na base da fé, compreender.
Mas a dificuldade prevalece.
Nada, a meu ver, esclarece e justifica o motivo de tanta dor...
Assistindo a vida se prolongando por si mesma.
Vendo pessoas presas em seus corpos com a alma encarcerada.
Gente solta no mundo com a alma enredada em tropeços e quedas;
Gente com a vida inteira pela frente, sendo amarrada por nós invisíveis da doença...
Por mais que eu tente entender, não consigo.
E me flagro, brigando comigo mesma: uma parte de mim indignada e
outra buscando alento, conforto, consolo...
Tentando compreender tanto pranto, tanta lágrima.
Tanta gente que cruza o caminho da gente por nada.
Tanta falta de lógica, de motivo, de explicação...
Tanto empenho por tão pouco.
Mundo injusto.
Só tenho isso a dizer.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Ufa!

Hoje, todo o  mundo a minha volta não queria respirar.
E quem perdeu o fôlego fui eu...
Perdi também a hora, o almoço e a esperança.
Quando nada se modifica apesar da necessidade urgente de mudanças
o coração sofre...
O cansaço foi então multiplicado.
O corpo reclamou, a cabeça pendeu, o pensamento dormiu.
Engoli com pressa as desculpas.
Expliquei com calma as dúvidas.
Vi melhoras, pioras, angústias.
Me vi, de repente, no espelho,
como vi de repente o dia inteiro.
E assim, de repente, anoiteceu.
E amanhã, nem sei o que me espera.
Se tudo voltar a respirar, já será um tanto bom.
E eu, se respeitar a mim mesma, cerro agora mesmo os olhos.
E deixo pra amanhã o que nem sei que será.


terça-feira, 8 de abril de 2014

Dia de recusas

Não quero saber se é cedo ou tarde.
Tampouco se vai dar tempo.
Quero mais é que o tempo viaje.
Vá para bem longe, carregue consigo todas as neuroses...
Não quero saber se deu certo ou errado.
Não quero notícias, nem comentários.
Não quero saber de preocupações, de problemas.
Quero mais é que tudo adormeça...
Que tudo no mundo se esqueça de lembrar de mim por aqui.
Não quero saber de saúde nem de doença.
Não quero me aborrecer!
Não quero pensar na injustiça desta vida.
Porque me transformo no que não devo e nem posso ser...
Não quero desculpas, nem segunda chance.
Não quero lembranças, nem memórias.
Não quero histórias tristes, nem alegres.
Não quero contas que não sejam minhas.
Não quero discussões, nem brigas.
Quero saídas para me esconder.
Não quero saber de sucesso ou fracasso.
Opiniões ou conclusões do que faço.
Não quero água, não quero mágoa.
Hoje eu só quero o nada!
Dia de recusas.
Obrigada!


terça-feira, 1 de abril de 2014

Ai, que mentira!




Sempre ouvi dizer que a mentira tem perna curta.
Nunca entendi o porquê.
Se a mentira tem perna é curta, significa que anda pouco.
Mas, até onde sei, a mentira corre veloz. Muito veloz!
Então, teria que ter perna longa!

Creio que a frase correta seja: a mentira tem vida curta.
Mas sei de gente que conviveu com ela por anos, sem desconfiar  da verdade oculta.
Será o mentiroso um artista em enganar?

Dizem que a mentira é cabeluda.
Pobrezinha! Que mal há em se ter cabelos?
Se a mentira é cabeluda, pelo menos se penteia,
pois mostra-se sempre apresentável quando ousa aparecer...

Há mentiras deslavadas, descaradas, descabidas.
Há mentirinha - que signifique tamanho pequeno,
mentirinha que signifique brincadeira, mentira que seja nome de alimento...
Há quem não goste de mentiras, mas há sim, mentiras para todos os gostos...

A mentira faz o nariz crescer.
Pinóquio que o diga!
Mas sinto dizer que é mais uma inverdade.
Conheço muito mentiroso com nariz bem pequenino.
E gente nariguda muito honesta por sinal.

Falam ainda que o dia da mentira é o dia dos tolos.
Tolo mesmo é quem acredita nas mentiras.
Quem as inventa, geralmente, é muito, muito esperto...

Dizem ainda que a mentira é má.
Mas a verdade é muito mais cruel!
A ilusão da mentira é doce.
E a verdade, muitas veze,s é só amargura.

Há mentiras que se tornam verdades.
E verdades que se transformam em mentiras.
Não é a assim a roda da vida?
Qual a mentira que nisso há?

Já dizia Quintana que "a mentira é uma verdade que esqueceu de acontecer".
E Machado de Assis, disse que é "muita vez tão involuntária como a respiração".
Pois a mentira também é, meu amigo, fonte de inspiração.