quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Insight

Mergulhei em meus pensamentos no meio da aula.
Atividade física feita com cara de hipnose.
De repente, uma lembrança distante, vinda de não sei onde, 
por motivos mais enigmáticos ainda se montou na minha frente, com detalhes.
E mais fatos, e mais lembranças e mais e mais foram se juntando a cada cena.
E entendi, assustadoramente, como pude ser vitimizada por mim mesma por tanto tempo.
Terminei os exercícios ainda em transe, sem entender como o pensamento se organiza assim, tão desorganizadamente.
Concluí que, apesar do auto boicote fui maltratada também por outras pessoas.
Tive raiva mais de mim que dos meus algozes.
Tive pena de mim, pela fraqueza.
E prometi não mais fraquejar.
Tive pena de quem não se resolveu na vida.
Quem mastiga o músculo e cospe a carne no fim.
Senti vergonha da própria exposição.
Vergonha imensa dos sentimentos absurdos que brotam na gente.
Vergonha de perdoar, de esquecer.
Descobri na alma o real significado de um insight.
Doeu.


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Poema do esparadrapo

Calo que aperta, ele conserta.
Roupa rota? Remendo na certa!
Botão perdido? Leve-o consigo! 
Alça do sutiã arrebentada pode ser emendada.
Aro que extrapola: esparadrapo que enrola.
Pasta envelhecida? Papel escarafunchado?
Passa um esparadrapo em volta que tá consertado!
Machucado? Faz curativo.
Cola tudo, ajeita fácil.
Prende, amarra e solda.
Gruda o que precisa ser juntado.
No dedo, no braço, na testa.
Não interessa onde ficar.
Pode até mesmo calar
se na boca de alguém eu usar.





domingo, 9 de fevereiro de 2014

E o dia termina assim...

E o dia termina assim: 
um corpo cansado,
uma mente com sono, 
uma dorzinha chata na cabeça 
e a sensação de que se fez tudo que se pode.
Explorei do fim de semana o que consegui.
Abracei o dia de sol, 
contemplei o mar,
dediquei-me aos meus, 
dispensei tempo e preguiça 
por curtir o nada de um momento pós almoço em família, 
subi o monte e rezei, 
mais agradecendo que pedindo.
Revi amigos, ri muito 
e cantei alto e dancei. 
Vi pessoas estranhas, 
conversei com gente querida, 
abracei quem me quer bem.
Respondi rápido, 
outras vezes, nem sabia o que dizer.
Trabalhei, reclamei, divaguei, 
pensei muito e ponderei,
fiz piada, pedi ajuda na cara dura, suportei.
Vi o tempo não passar, 
passeei no tempo.
Consumiu-me o alimento, 
vi o sol sair e pousar.
Senti o peso da vida,
o desânimo das horas,
tive vontade de ir embora,
parti.
E o dia termina assim:
prece por uma semana tranquila,
oração com pedidos secretos,
planejamentos para os dias que seguem,
desejos de um fevereiro breve,
soluções para problemas antigos,
amnésia cardíaca,
muito autocontrole,
cumprir o que me prometi,
não esticar conversa
com quem não interessa.