domingo, 6 de fevereiro de 2011

A cura


Curada.
Não mais aquele aperto,
aquela lembrança doída.
Sem pensamentos, sem memória:
mente vazia! Que glória!
Já posso dizer que estou livre
e que não me culpo mais pelo que passou.
Nem delego culpa a alguém: simplesmente não foi!
Gostaria de agradecer ao tempo
que trabalhou ao meu favor
e á maturidade que se fez presente
e me mostrou o que era difícil enxergar.
Hoje eu sei que não fui protagonista,
apenas coadjuvante de uma história que não criei.
Lamento o tempo perdido, o sentimento desperdiçado,
ás lagrimas vertidas em troco de nada.
Virei pedra, fui ao fundo, mas voltei.
E quando olhei para trás,
vi que caminhei sozinha, sempre.
Esta conta, este conto, eu não dividi.
Mas me busquei pela estrada
e entendi que a tradição prevalece.
Às vezes racionalmente burra.
Que cada um busque a sua origem, seu clã
e faça então suas escolhas.
A minha escolha foi a cura.
E é muito bom me sentir novamente sã.
Se pudesse, espalharia ao vento, esse sabor.
Diria: que bom que não durou!
A descoberta da inexistência não é assim ruim.
Permanecer invisível é uma dádiva!
E não ter voz, muitas vezes, é a melhor forma de falar.
Que a vida seja justa
e se encarregue de dar a cada um aquilo que mereça.
Se o padecimento for pagamento, que seja também moeda.
Se não houver merecimento, não é necessário medo.
Esta cura foi por mim merecida.
E me orgulho de resgatar esta integridade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário