sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Pensamentos do dia


Hoje flagrei meu pensamento solto,
dando voltas sobre ele mesmo.
Naquele momento descontraído de pensar por pensar,
sem ter ordem nem pressa,
nem convicção, nem respostas.
Ouvi frases repetidas, por pessoas diferentes, em situações diversas
e isto talvez fosse o motivo do vôo...
Lembrei que em breve alcanço a casa 30
e que a cronologia ainda não anda fazendo sentido.
Não tenho cara, porte e nem pose de tal.
Por isso o sentimento de nulidade para o número...
Recordei também que, quando era criança,
determinava, na imaginação gigante que sempre tive,
datas, idades, épocas e momentos para que cada situação importante acontecesse.
Não tinha sequer a idéia do que seria de mim alguns anos depois;
mas tinha resolvido quando e como cada mudança aconteceria.
Acordava sendo aeromoça; na metade do dia era professora;
rapidamente possuía um banco, tinha vários funcionários;
ao fim da tarde era taxista; dormia manequim de passarela
e acordava cantora no dia seguinte.
Meu primeiro namorado seria depois dos 15 anos ( e realmente foi... bem depois!),
casaria aos 23 e teria filhos aos 25.
Aos 30, já teria família constituída, digna de propaganda de margarina,
emprego estável, boa remuneração, férias anuais com direito a viagens longas...
Enfim: a vida estaria pronta! Com ou sem fama, mas tranquila e feliz!
Hoje, olho para trás e me enxergo do mesmo tamanho.
Mantendo a mesma cara de antes, usando os mesmos vestidos,
falando as mesmas bobagens, rindo de nada, chorando por tudo...
Parece que o tempo não passou!
Não sei ainda o que penso sobre o casamento.
Não tenho prazo estimado para ele.
Filhos fazem parte de um futuro que ainda não vislumbrei.
E a família de propaganda de margarina não existe mais nem na propaganda!
O trabalho me envolve e me faz melhor, mas ainda não traz o mérito desejado...
As férias e as viagens longas ainda são projetos que insistem em ser apenas projetos.
Não existe data marcada para nada.
Nada estará pronto!
Porque supõe-se que o pronto está parado, estagnado, não anda mais.
E parar é morrer, é secar.
Não tenho idéia de tempo.
Nem imagino qual será o cardápio de amanhã...
Mas é bom sentir que ainda sou a mesma menina de antes,
que a imaginação continua voando e que a alma não tem idade.
Nem de 10, nem de 20, nem de 30.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Mais de mim

Mais de mim.
È um convite ao mergulho.
Espaço desconhecido, inexplorado.
Mas é bom também me (re)conhecer.
Sejam bem vindos aqueles que quiserem
de alguma forma fazer parte do grupo.
Mais de mim pode ser overdose.
Quem passa por aqui pode se intoxicar...
Meus medos, desejos e pensamentos
abertos, escritos e expostos.
Não me importo em me decorar.
Palavras também são enfeites.
São efeitos que podem curar.
Mais de mim é um pedido
de aconchego ou de distanciamento.
Perto ou longe há vantagens,
cabe a cada um dizer a parte que lhe cabe.
Mais de mim mesma.
Mais forte, mais calma,
mais cedo ou mais tarde,
todo mundo se mostra, se abre.
Vale a pena ser
mais um pouco de si mesmo.

O que ninguém quer ouvir


Vou contar o que ninguém sabe.
Chegou a hora de dizer as verdades.
Não é rosa a cor que pintaram o mundo.
Não há mais como esconder!
Nem todas as pessoas recebem pelo seu trabalho.
Algumas não podem trabalhar. Outras não querem.
Educação é artigo de uso facultativo.
Ser desonesto virou sinônimo de ser esperto.
O sinal vermelho não significa mais pare, e sim, pode ser que precise parar.
Filhos são pássaros que se atiram pelas janelas. Mas eles ainda não sabem voar.
Crianças são peixes que se atiram em rios e córregos. Ninguém ainda as ensinou a nadar.
Ganha quem falar mais alto, quem gritar mais rápido.
Dinheiro é ressarcimento para quase tudo.
O corpo é a casa dos vícios.
E a alma... Bom, para quê serve mesmo?
Tudo é razão para processos.
Causas e prazos determinam os direitos de cada pessoa.
Sol virou lesão de pele.
Beleza virou razão de existência.
Ser bom é ser chato.
Bulimia e anorexia são nomes da moda.
Todos querem votar o valor do salário do pobre; dos deputados não tem sequer votação.
Planos de saúde detestam saúde.
Hospitais vivem de doenças.
Casamento virou protocolo.
Família é instituição quase falida...
Muda-se de casa, de roupa e de amores.
O pensamento teima em não querer mudar.
Agride-se pela cor da pele, pela escolha religiosa e pelo poder.
Mas é a diferença que nos mantém vivos.
Tem gente que se esconde das verdades.
Outros, encondem as verdades de todos.
Não é preciso ter medo da exposição.
Não é um mal que precise de cura.
A hipocrisia ainda continua sendo o pior remédio.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

A cura


Curada.
Não mais aquele aperto,
aquela lembrança doída.
Sem pensamentos, sem memória:
mente vazia! Que glória!
Já posso dizer que estou livre
e que não me culpo mais pelo que passou.
Nem delego culpa a alguém: simplesmente não foi!
Gostaria de agradecer ao tempo
que trabalhou ao meu favor
e á maturidade que se fez presente
e me mostrou o que era difícil enxergar.
Hoje eu sei que não fui protagonista,
apenas coadjuvante de uma história que não criei.
Lamento o tempo perdido, o sentimento desperdiçado,
ás lagrimas vertidas em troco de nada.
Virei pedra, fui ao fundo, mas voltei.
E quando olhei para trás,
vi que caminhei sozinha, sempre.
Esta conta, este conto, eu não dividi.
Mas me busquei pela estrada
e entendi que a tradição prevalece.
Às vezes racionalmente burra.
Que cada um busque a sua origem, seu clã
e faça então suas escolhas.
A minha escolha foi a cura.
E é muito bom me sentir novamente sã.
Se pudesse, espalharia ao vento, esse sabor.
Diria: que bom que não durou!
A descoberta da inexistência não é assim ruim.
Permanecer invisível é uma dádiva!
E não ter voz, muitas vezes, é a melhor forma de falar.
Que a vida seja justa
e se encarregue de dar a cada um aquilo que mereça.
Se o padecimento for pagamento, que seja também moeda.
Se não houver merecimento, não é necessário medo.
Esta cura foi por mim merecida.
E me orgulho de resgatar esta integridade.

Carta para Santa Catarina

Espero que esteja bem, aproveitando o momento de descobertas,
a oportunidade da cidade, do encontro consigo mesmo
e das expectativas - ilusões que cultivamos e que nos fazem viver.
A vida aqui segue o mesmo ritmo intenso: o trabalho que nos engole,
o calor que nos derrete, a família que nos acolhe e revigora
e o tempo que parece correr mais veloz a cada dia...
A ausência se faz presente, as recordações são sempre muitas,
mas acredito que seja experiência boa para ambas as partes.
Temos que encontrar o lado bom de cada situação.
E se, porventura, ele não existir, a gente transforma.
Gostaria de lembrar que fico na torcida da prosperidade,
que espero que esteja aberto para novas amizades,
até mesmo para que os momentos de solidão sejam escolhidos, e não impostos.
As mensagens e as conversas amenizam a saudade,
mas sei que ela se instala sorrateiramente
e cresce em progressão geométrica com o passar dos dias...
A sorte é que a fugacidade conta nosso favor.
Em breve já não é mais fevereiro, março voa, abriu encolhe e assim segue...
Não se preocupe comigo aqui. Eu estou aí com você, lembra?
E por mais que existam saídas, encontros ou qualquer programação,
elas continuam incompletas. Eu aqui não estou inteira.
Mas ao menos funcionam como entretenimento...
Siga as recomendações já enviadas anteriormente,
lembre-se dEle com carinho e peça por mim, por nós.
Neste momento, torna-se muito importante.
Já pedi á minha Mãe que também olhe por você aí.
E pedido de filho, Mãe não recusa... Sabe bem disso.
Fique tranquilo.
Paz e bem para você.

Quartas

Ainda tentando compreender.
Tudo muito confuso.
Sensações e emoções me surpreendem,
e eu não sei como reagir a cada uma delas.
Revelações surgem a cada instante
e ás vezes flagro-me tentando decifrar cada momento,
entender cada reação ou cada ausência dela.
Mas descubro que o subterrâneo dos sentimentos me encobre
e eu não consigo me desvecilhar de tanto destroço...
Tem sido mais fácil que antes, mais tranquilo e sereno,
por isso, não menos inquietante.
Somos um baú de antiguidades e heranças
misturados ás nossas próprias lembranças e desejos futuros.
Esta miscelânea faz com que os nós estejam cada vez mais firmes
e mais enovelados na gente.
Não dá para saber o que é de ós mesmos,
ou o que é do outro, o que foi cultivado,
o que foi roubado, o que foi desejado ou que vai permanecer.
As quartas me levam á reflexão
do que eu fui, sou, tento ser, e como serei amanhã.