E quantas vezes repeti: "quem chegar por último é mulher do padre..." ?
Inúmeras, e nunca soube do que se tratava.
Mas a ideia era mesmo de perder, fracassar e estava relacionada a algo ruim e pejorativo.
Mas qual seria o significado real do termo?
Bom, a crendice popular e o folclore contam que a mulher que seduziu o padre (um ser santo e celibatário), foi amaldiçoada pelo pecado cometido. Por isso em noite de lua cheia, (de quinta pra sexta-feira) ela se transformava numa mula sem cabeça que soltava chamas de fogo pelas narinas e arrastava correntes amarradas nas patas, urrando e assustando todo mundo. (Embora sem cabeça também significasse sem narinas...)
Numa outra interpretação, a mulher do padre, na idade Média, era também conhecida como Barregã do Clérigo. Termo usado para designar mulheres acusadas de comcubinato com os religiosos e por, isso eram condenadas ao degredo.
Ás vezes, a vida conjugal era explícita, noutras, era uma relação ás escondidas. Sofriam retaliação da sociedade e da Igreja. Eram chamadas de prostitutas e tratadas como tal. E tinham apenas uma chance do perdão: uma carta escrita e destinada ao Rei, que poderia então, permitir que voltassem ao convívio com outras pessoas, se fosse o perdão de fato concedido.
Nestas cartas, elas se redimiam de suas culpas e se colocavam em condições de miséria e piedade, para sensibilizar o leitor das missivas. Assim seria mais fácil garantir o perdão.
Outra conotação possível: aquela que não se casa, fica solteirona e vira freira.
Daí o termo mulher de padre, com significado de designação feminina da ocupação de uma função religiosa masculina. Ou até mesmo aquelas mulheres que serviam de governantas de casas paroquiais...
E aí? Que mal tem? Que a gente sai repetindo um tanto de coisas aprendidas por ouvir falar, sem nunca imaginar o real significado.
Numa leitura rápida, é a mulher sendo colocada como fonte de pecado e de corrupção da santidade, merecendo ser degredada, humilhada e julgada. E até na concepção folclórica, a punição da mulher que cometeu um erro era ser assombração. Para sempre. ( Ou até que um padre a amaldiçoasse por 7 vezes antes da missa!). Ou então, uma pobre coitada que ficou encalhada, não se casou e por isso, ocupa posição de perdedora.
Então a gente pensa um pouquinho (só um pouquinho) e conclui:
Difícil se livrar da praga de ser mulher. Desde Eva.
A culpa parece que sempre será nossa. Mesmo não sendo mulher de padre.
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