O aprendiz pergunta ao Mestre:
- Senhor, o que seria então a morte?
A passagem de uma dimensão á outra?
Um fim? Um recomeço?
Um adormecer eterno?
O Mestre então responde:
- Filho, pode ser um suspiro profundo, num momento único, de entrega total..
A morte pode ser um sonho abortado, um abraço negado, uma oportunidade perdida...
Pode representar planos mutilados ou perguntas que nunca serão respondidas...
E pergunta novamente o aprendiz:
- Por que tememos tanto a morte?
Responde o sábio:
- Porque temos medo do desconhecido.
Embora passemos por pequenas mortes durante toda nossa existência, não a reconhecemos tal como ela é.
A cada desilusão se morre um pouco.
Cada decepção abriga em si um morrer pequeno.
As tristezas cultivam um desejo de morte.
O não viver em sua plenitude já é, de certo modo, morrer.
Logo, vivemos enlutados e não nos enxergamos enredados na morte.
Sempre e sempre a cada dia.
Somente pensamos nela num corpo sem vida.
O Aprendiz insiste:
- Mestre, como posso percebê-la e me preparar adequadamente para reconhecê-la?
O Mestre fica em silêncio. Busca um espelho e o coloca na frente do seu aluno.
- Cada vez que se olhar neste espelho irá ver que um pouco de vida ficou impregnado na imagem do dia anterior.
O dia seguinte trará sempre um pouco da morte do tempo que se foi.
A vida carrega em si seu próprio fim.
E então, me enluto pela alegria alheia sim, porque, para mim, representa uma grande tristeza. Pode ser este meu pequeno momento de morte. Pode ser o amortecimento de uma fase, para sempre.
Sem medo de ser julgada, na totalidade de minha humanidade mesquinha, no meu egoísmo gigantesco, que se inconforma com a injustiça dessa vida.
Mesmo sabendo que não é politicamente correto meu desejo, tampouco católico seja meu comportamento ou cristão meu pensamento, preferiria sim à morte que aquele "felizes para sempre".
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