Chorei sim, mas foi de raiva.
Raiva de mim mesma, antes de qualquer outra pessoa.
Ódio imenso da retidão!
Raiva por fazer o certo, por chegar na hora, não inventar desculpas,
por cumprir meu trabalho, ser educada e tratar a todos de forma educada e lisonjeira.
Raiva por não empurrar minhas funções pra outros, por cumprir horário e por, principalmente, não conseguir fazer aquilo que é errado.
Num mundo de espertalhões, onde levar vantagem é lei, ser correto é mico.
É ser usado e manipulado por quem deseja ter benefícios ás custas de outros, com o mínimo de trabalho ou empenho.
Há quem tenha raiva e esmurre a porta, dê socos na parede, desça mão em quem aparecer na frente, grite, urre e esperneie.
Cada qual na sua forma de extravasar.
Eu chorei.
Como uma criança que roubaram o brinquedo, como uma surra que não foi merecida, como um castigo com destinatário errado.
Não me envergonhei de chorar.
Mas tive vergonha de fazer o certo.
Porque recebo punição por agir corretamente.
Porque pago a conta da mesa ao lado.
Porque fico triste em perceber que o valor pelo certo não existe.
Mundo torto, de gente louca.
Mas assim caminha humanidade, infelizmente.
Não vou ganhar nenhum brinde, prêmio ou mérito por fazer a minha parte.
Nem acho que a obrigação deva ser premiada.
Mas ontem me odiei por fazer o certo e me senti extremamente infeliz.
Consciência tranquila? Sempre tive. Ás custas do peito amarrotado de mágoas.
Não era pra ser assim.
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