sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

A lama

Embora brilhe o sol, segue a lama.
São dias difíceis.
Questiono o que faz alguém trocar a escala do plantão (e ir trabalhar no dia de folga), 
receber um telefonema que muda os planos do dia (e da vida), 
decidir passar férias no mato ( e nunca mais voltar) ou reunir a família numa viagem e no último minuto, inverter a rota ( e sobreviver).
Onde estão nossas escolhas de fato?
Podemos modificar o fim?
São tragédias ou sucessões de falhas?
São acúmulos de erros tolos ou negligências?
Temos nosso destino nas mãos ou apenas esperamos nossa vez na fila da vida (ou seria da morte?), sem saber em qual colocação estamos?
Nem imagino as respostas.
Penso apenas que o que deve ser falado não pode esperar.
E que os abraços precisam ser dados.
Que os afetos precisam ser espalhados e acolhidos, nunca rejeitados.
E que o tempo que nos sobra é o hoje e o agora e nada além disso faz sentido.
A lama também é doença, acidentes, assaltos, brigas, é morte e dor, como numa avalanche.
Ficam soterrados apenas os remorsos, as palavras não ditas, o perdão não concedido, o amor não divulgado, a mensagem não enviada, os amores não vividos e as lembranças estraçalhadas.
Amemos pois. Amenos mais. 
Mesmo nas diferenças e apesar de discordâncias.
Não sabemos quanto tempo nos sobra.
Aproveitemos a luz que nos resta.